Malásia Inova ao Aceitar Pagamentos de Zakat com Criptomoedas

Malásia Inova ao Aceitar Pagamentos de Zakat com Criptomoedas

Malásia Inova ao Aceitar Pagamentos de Zakat com Criptomoedas

A Malásia se tornou o primeiro país no mundo a permitir o pagamento de Zakat utilizando criptomoedas, marcando um marco na adaptação das práticas financeiras islâmicas às inovações tecnológicas. Essa iniciativa, liderada pelo Centro de Coleta de Zakat do Conselho Religioso Islâmico dos Territórios Federais (PPZ-MAIWP), reflete o compromisso do país em integrar a economia digital com os princípios religiosos.

O Que é Zakat e Sua Importância no Islã

Zakat é uma forma obrigatória de caridade no Islã, sendo um dos cinco pilares da religião. Ele representa a purificação da riqueza e a redistribuição de recursos para reduzir desigualdades sociais. Todo muçulmano que possui riqueza acima de um limite mínimo (nisab) deve contribuir com 2,5% de seus ativos líquidos acumulados ao longo do ano. Esse valor é destinado a oito categorias específicas de beneficiários:

  • Os pobres (Fakir).
  • Os coletores de Zakat (Amil).
  • Os necessitados (Miskin).
  • Convertidos ao Islã que enfrentam dificuldades econômicas (Muallaf).
  • Libertar escravos (Riqab).
  • Pessoas endividadas (Gharmin).
  • Aqueles que lutam pela causa de Allah (Fisabillillah), como construção de mesquitas ou hospitais..
  • Viajantes necessitados longe de casa, como refugiados.. (Ibnus Sabil).

Além de sua função espiritual, o Zakat tem um impacto prático significativo, promovendo justiça social e ajudando a construir uma sociedade mais equilibrada. Historicamente, ele desempenhou um papel crucial na erradicação da pobreza em comunidades islâmicas.

Como Funciona o Pagamento de Zakat com Criptomoedas

Com o aumento do uso de ativos digitais, o PPZ-MAIWP adaptou a prática do Zakat para incluir criptomoedas. A decisão foi baseada em uma análise do Comitê Consultivo Shariah dos Territórios Federais, que reconheceu as criptomoedas como bens negociáveis sujeitos ao pagamento de Zakat.

Características da Iniciativa:

  • Conformidade com a Shariah: O sistema verifica se os ativos digitais são compatíveis com os princípios islâmicos.
  • Taxa Fixa: Assim como outros bens, aplica-se a alíquota padrão de 2,5% sobre o valor dos ativos digitais.
  • Conversão para Stablecoins: Para evitar a volatilidade das criptomoedas, os usuários são incentivados a converter seus ativos em stablecoins, como USDT (Tether), antes do pagamento.
  • Pagamento Direto: Os contribuintes podem pagar diretamente de suas carteiras digitais sem necessidade de conversão para moeda fiduciária.

Essa inovação torna o processo mais transparente e acessível para os muçulmanos que possuem ativos digitais.

Impacto e Crescimento do Zakat Digital na Malásia

A introdução do pagamento de Zakat com criptomoedas já mostrou resultados promissores. Em 2023, a arrecadação proveniente de ativos digitais aumentou 73%, totalizando cerca de RM26 mil (aproximadamente R$33 mil). Em 2024, esse valor subiu para RM45 mil (cerca de R$57 mil), refletindo o potencial crescente dessa modalidade.

Com mais da metade dos investidores em criptomoedas na Malásia tendo entre 18 e 34 anos, essa iniciativa também tem como objetivo engajar as gerações mais jovens na prática religiosa.

Por Que Essa Iniciativa É Relevante?

  1. Modernização das Práticas Religiosas: A aceitação das criptomoedas demonstra como o Islã pode se adaptar às mudanças tecnológicas sem comprometer seus princípios.
  2. Inclusão Financeira: Permite que muçulmanos que possuem ativos digitais cumpram suas obrigações religiosas.
  3. Transparência e Eficiência: O uso da tecnologia blockchain garante maior rastreabilidade e confiança no processo.
  4. Potencial Global: A Malásia está liderando um exemplo que pode ser seguido por outros países muçulmanos.

Conclusão

A integração das criptomoedas ao sistema de Zakat na Malásia é uma demonstração clara de como a religião e a tecnologia podem coexistir harmoniosamente. Essa iniciativa não apenas moderniza as práticas financeiras islâmicas, mas também reforça o papel do Zakat como um instrumento poderoso para promover justiça social e bem-estar econômico em uma era digital.

O exemplo da Malásia destaca como inovações tecnológicas podem ser usadas para fortalecer tradições religiosas e atender às necessidades contemporâneas da comunidade muçulmana global.

Acordo Mercosul-União Europeia - Foto: Eitan Abramovich/AFP

Brasil e o Mercado Halal: Impactos do Acordo Mercosul-UE

Após 25 anos de negociações, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia marca uma nova era para o comércio internacional. Este tratado promete integrar mercados, fortalecer relações econômicas e abrir novas oportunidades para setores estratégicos como o agronegócio, especialmente o mercado halal. Contudo, a implementação exigirá adaptações significativas para atender a novas regulamentações ambientais europeias.

Um dos Maiores Blocos Comerciais do Mundo

O acordo cria uma área de livre comércio abrangendo aproximadamente 780 milhões de pessoas. Ele eliminará tarifas sobre 92% das exportações do Mercosul para a UE e 95% no sentido inverso. Produtos industriais brasileiros ganharão competitividade no mercado europeu, enquanto bens agrícolas, incluindo carnes, frutas e café, se beneficiarão de acesso preferencial a um mercado de alto poder aquisitivo.

Para o Brasil, o impacto econômico é promissor. Estima-se um crescimento adicional de 0,46% no PIB até 2040 e um aumento de US$ 11,6 bilhões nas exportações agrícolas. A redução de tarifas representa uma economia significativa para os exportadores, promovendo competitividade global e atraindo investimentos estrangeiros.

Mercado Halal: Uma Oportunidade Estratégica

O mercado de alimentos halal europeu, estimado em US$ 20 bilhões até 2029, é uma oportunidade ímpar para o Brasil, o maior exportador mundial de carne halal. A crescente população muçulmana da Europa, liderada por países como França e Alemanha, alimenta a demanda por produtos certificados.

Além disso, as restrições ao abate halal em diversos países europeus, como Bélgica e Suécia, geraram uma lacuna no mercado que o Brasil está bem posicionado para preencher. Sistemas robustos de certificação e uma estrutura consolidada para atender aos padrões religiosos islâmicos tornam o país um fornecedor confiável e competitivo para o mercado europeu.

Desafios das Novas Regulamentações Ambientais

A partir de dezembro de 2024, o Regulamento Europeu de Desmatamento (EUDR) entrará em vigor, exigindo que produtos importados para a UE sejam livres de desmatamento desde 2020. As exportações brasileiras, especialmente do agronegócio, enfrentarão maior escrutínio quanto à rastreabilidade e sustentabilidade. Produtos como carne bovina, soja, café e cacau serão especialmente impactados.

Empresas brasileiras precisarão implementar sistemas avançados de georreferenciamento e due diligence para garantir a conformidade. A não adaptação poderá resultar em barreiras comerciais severas, incluindo multas de até 4% do faturamento anual e suspensão de exportações.

Adaptação como Diferencial Competitivo

O setor produtivo brasileiro tem 18 meses para se adequar a essas exigências ambientais. Empresas que se anteciparem a essas mudanças, investindo em tecnologia e transparência, estarão melhor posicionadas para competir no mercado europeu e global. Isso inclui a modernização de práticas de rastreamento e a adesão a certificações reconhecidas internacionalmente.

No mercado halal, o Brasil tem uma vantagem competitiva única, podendo atender à demanda de consumidores muçulmanos por carne processada de acordo com métodos tradicionais. Esta é uma oportunidade para fortalecer a reputação do país como líder sustentável e ético em mercados emergentes.

Conclusão

O acordo Mercosul-União Europeia é um marco para o comércio global, trazendo oportunidades significativas para o Brasil, especialmente nos mercados de alimentos e proteínas animais. Contudo, o sucesso dependerá da capacidade de adaptação às rigorosas regulamentações ambientais europeias e da estratégia para explorar novos nichos, como o halal.

O momento exige planejamento, investimento e inovação para transformar desafios em alavancas de crescimento, consolidando o Brasil como um parceiro estratégico para a União Europeia e uma referência no mercado global.


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Arábia Saudita Assume Vice-Presidência do Codex Alimentarius

Arábia Saudita Assume Vice-Presidência do Codex Alimentarius

Em um marco significativo para a indústria alimentar global, a Arábia Saudita conquistou a vice-presidência da Comissão do Codex Alimentarius, reforçando seu papel na definição de normas internacionais de segurança alimentar. A eleição ocorreu durante a 47ª sessão anual da Comissão, realizada em Genebra, Suíça, na quarta-feira, 28 de novembro de 2024.

Khalid Al-Zahrani, representante saudita e atual presidente do Codex para a região do Oriente Próximo, foi eleito para o cargo de vice-presidente. Sua nomeação destaca o crescente reconhecimento internacional da Arábia Saudita no cenário da segurança alimentar global.

“Esta eleição reflete o compromisso contínuo da Arábia Saudita com a promoção de práticas alimentares seguras e sustentáveis em todo o mundo”, declarou Al-Zahrani após o anúncio. “Estamos ansiosos para colaborar com parceiros internacionais para fortalecer as normas alimentares globais.”

A ascensão de Al-Zahrani à vice-presidência do Codex Alimentarius está alinhada com os objetivos da Visão 2030 da Arábia Saudita, que busca aumentar a liderança do país em diversos setores, incluindo a segurança alimentar. Essa conquista também ressalta o papel da Autoridade Saudita de Alimentos e Medicamentos (SFDA) na promoção de normas rigorosas de segurança alimentar.

O Dr. Mohammed Al-Jawahiri, diretor da SFDA, comentou sobre o significado desta nomeação: “A eleição de Al-Zahrani não apenas demonstra a qualidade excepcional de nossos profissionais, mas também reforça nossa posição como líderes globais em segurança alimentar. Recentemente, a OMS reconheceu a Arábia Saudita como um dos primeiros cinco países do mundo a eliminar o uso de gorduras trans produzidas industrialmente em alimentos.”

O Codex Alimentarius, estabelecido pela FAO e OMS, é responsável por desenvolver normas alimentares internacionalmente reconhecidas. A participação da Arábia Saudita na liderança deste organismo promete trazer novas perspectivas e fortalecer a colaboração internacional no setor alimentício.

Para o setor Halal, esta nomeação representa uma oportunidade significativa. Espera-se que a influência da Arábia Saudita possa contribuir para uma maior harmonização das normas Halal em nível global, potencialmente facilitando o comércio internacional de produtos Halal e elevando os padrões de qualidade e segurança desses produtos.

A eleição de Al-Zahrani como vice-presidente do Codex Alimentarius marca um novo capítulo na história da segurança alimentar global, com potenciais impactos positivos para a indústria Halal e para consumidores em todo o mundo.

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Cadeia de Suprimento Halal

Requisitos da Cadeia de Suprimento Halal: Integração das Normas SMIIC, GSO e ISO

A cadeia de suprimento halal envolve uma série de processos e operações que asseguram que os produtos permaneçam conformes com os princípios islâmicos, desde a produção até o consumidor final. Para garantir a conformidade halal, a cadeia de suprimentos deve seguir rigorosos padrões que abrangem o armazenamento, transporte, varejo e o gerenciamento de riscos. Este artigo explora os requisitos da cadeia de suprimento halal com base nas normas SMIIC 17 (Partes 1, 2 e 3), GSO 2055-1 e SMIIC 1, e os compara e combina com as exigências da ISO 22000 e a família ISO 22002 (Partes 1 a 6).

As normas SMIIC são consideradas um complemento importante às normas ISO, pois fornecem os requisitos específicos para a conformidade halal dentro de um sistema de gestão de segurança de alimentos. A implementação de um sistema integrado que combine as diretrizes da ISO 22000 e da SMIIC 17 permite que as empresas não apenas cumpram as exigências de segurança de alimentos, mas também incluam os Pontos Críticos de Controle Halal (PCCHs) dentro do plano HACCP já existente. A adição de PCCHs ao sistema HACCP garante que, além dos perigos à saúde, os riscos à conformidade halal sejam controlados e monitorados de maneira eficaz.

1. Cadeia de Suprimento Halal: Normas SMIIC 17, GSO 2055-1 e SMIIC 1

As normas SMIIC 17 (Partes 1, 2 e 3) abordam os principais requisitos para a logística halal, com foco no armazenamento, transporte e varejo (retail) de produtos halal. Essas normas estão alinhadas com os princípios da Sharia e complementadas pela GSO 2055-1, que define os requisitos gerais para alimentos halal, e pela SMIIC 1, que serve como uma estrutura normativa ampla para os sistemas halal.

1.1 SMIIC 17 Parte 1: Armazenamento Halal

O armazenamento de produtos halal deve seguir rígidos padrões de segregação e controle de temperatura para evitar contaminação cruzada com produtos não halal. Os principais requisitos incluem:

  • Segregação física: Produtos halal devem ser armazenados separadamente de produtos não halal.
  • Controle de condições ambientais: Armazenagem adequada de acordo com as exigências de temperatura, umidade e ventilação para manter a qualidade dos produtos.
  • Higiene e limpeza: Implementação de práticas rigorosas de limpeza, conforme estabelecido pela SMIIC 17 e pela GSO 2055-1, para evitar qualquer contaminação.

1.2 SMIIC 17 Parte 2: Transporte Halal

O transporte de produtos halal exige que todos os veículos e equipamentos utilizados sejam limpos e desinfetados para garantir que os produtos não sejam contaminados por substâncias não halal. Os requisitos incluem:

  • Veículos dedicados: O transporte de produtos halal deve ser realizado em veículos que não tenham sido usados para transportar produtos não halal, a menos que uma limpeza rigorosa seja conduzida.
  • Manuseio e segurança: Garantir que os produtos estejam devidamente protegidos durante o transporte, com embalagens seguras que evitem a contaminação.
  • Controle de documentação: A rastreabilidade e a documentação são essenciais para garantir a conformidade halal em todas as etapas do transporte.

1.3 SMIIC 17 Parte 3: Retail e Serviços Halal

No varejo, os produtos halal devem ser exibidos, manipulados e armazenados separadamente de produtos não halal. Isso inclui:

  • Segregação nas prateleiras: Produtos halal devem ser armazenados e exibidos em áreas separadas dentro do ponto de venda.
  • Treinamento de pessoal: Funcionários que lidam com produtos halal devem receber treinamento específico para garantir que as práticas de manuseio e venda estejam em conformidade com os princípios halal.

2. Comparação com a Família ISO 22000 e ISO 22002

A ISO 22000 e a série ISO 22002 (Partes 1 a 6) fornecem uma estrutura para sistemas de gestão de segurança de alimentos que são aplicáveis a toda a cadeia de suprimentos. A seguir, uma comparação entre os requisitos halal e os da ISO para entender como podem ser integrados.

2.1 ISO 22000: Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos

A ISO 22000 estabelece um sistema de gestão integrado que abrange todas as fases da cadeia de suprimentos, com foco em segurança de alimentos. A norma exige a implementação de boas práticas de fabricação (GMP), análise de perigos e pontos críticos de controle (HACCP), além de um sistema de rastreabilidade robusto.

  • Integração com SMIIC e GSO: A ISO 22000 complementa os requisitos halal no sentido de que ambas as normas exigem sistemas de gestão que garantam a segurança e a conformidade dos produtos. A ISO 22000 foca em eliminar riscos à saúde pública, enquanto os requisitos halal vão além, garantindo que os produtos estejam em conformidade com os preceitos islâmicos.

2.2 ISO 22002 Parte 1: Manufatura de Alimentos

A ISO 22002-1 descreve os programas de pré-requisitos (PRPs) para fabricantes de alimentos, focando em controles de higiene e segurança no processamento de alimentos. As exigências da ISO 22002-1 estão alinhadas com a SMIIC 17 no que diz respeito à segregação e higiene, o que permite a aplicação das duas normas em conjunto.

  • Exemplo de integração: As práticas de limpeza e higienização descritas na ISO 22002-1 podem ser complementadas com as exigências específicas de segregação halal da SMIIC 17, garantindo que os processos de manufatura atendam aos requisitos de segurança de alimentos e halal.

2.3 ISO 22002 Parte 2: Catering

A ISO 22002-2 foca nos requisitos para o setor de catering, incluindo a manipulação segura de alimentos, o controle de pragas e a higienização de áreas de preparação. Esses requisitos podem ser integrados com os de varejo halal (retail) da SMIIC 17 Parte 3, que trata da venda de alimentos halal em restaurantes e serviços de catering.

  • Ponto de convergência: Ambas as normas exigem a segregação de alimentos, além de garantir que os alimentos halal sejam preparados em áreas limpas e apropriadas sem contaminação cruzada.

2.4 ISO 22002 Parte 3: Agricultura

Esta parte aborda os requisitos de segurança de alimentos no campo, desde o cultivo até a colheita. Embora a SMIIC 17 não cubra diretamente a agricultura, a ISO 22002-3 pode ser usada em conjunto com os requisitos de ingredientes halal descritos na SMIIC 1 e GSO 2055-1, que garantem a conformidade desde a produção inicial dos alimentos.

2.5 ISO 22002 Parte 4: Produção de Embalagens de Alimentos

A ISO 22002-4 trata das embalagens utilizadas para alimentos, com foco em garantir que as embalagens sejam seguras e não contaminem os produtos alimentares. Isso está alinhado com os requisitos de segregação halal para garantir que as embalagens não comprometam a integridade dos produtos halal durante o transporte e armazenamento.

2.6 ISO 22002 Parte 5: Transporte e Armazenamento

Esta norma é a que mais diretamente se sobrepõe à SMIIC 17 Partes 1 e 2, uma vez que estabelece práticas seguras de transporte e armazenamento de alimentos. Ambos os conjuntos de normas exigem que os alimentos sejam transportados e armazenados em condições seguras e higiênicas, com uma ênfase especial na segregação de alimentos halal e não halal.

  • Ponto de integração: A ISO 22002-5 e a SMIIC 17 exigem a rastreabilidade completa e a limpeza de veículos e equipamentos, o que facilita a conformidade tanto com os requisitos de segurança de alimentos quanto com as exigências halal.

2.7 ISO 22002 Parte 6: Produção de Rações Animais

Embora esta norma trate especificamente da produção de rações para animais, os princípios de rastreabilidade, controle de higiene e segurança podem ser aplicados em conjunto com as normas halal que envolvem a produção de alimentos de origem animal, especialmente os requisitos de abate e processamento halal.

3. Integração das Normas Halal e ISO na Cadeia de Suprimento

A integração das normas halal (SMIIC 17, GSO 2055-1 e SMIIC 1) com as normas de segurança de alimentos da ISO 22000 e ISO 22002 permite que as organizações desenvolvam um sistema de gestão de cadeia de suprimentos abrangente, que garanta tanto a conformidade halal quanto a segurança de alimentos. Isso é especialmente importante para empresas que operam globalmente, atendendo tanto a mercados islâmicos quanto não islâmicos.

A combinação dessas normas cria um sistema robusto de controle, que abrange todas as etapas da cadeia de suprimentos, desde a agricultura até o varejo, garantindo que os produtos sejam seguros, rastreáveis e conformes com os preceitos islâmicos.

A inclusão de Pontos Críticos de Controle Halal (PCCHs) no plano HACCP permite que as empresas integrem os requisitos halal dentro de um sistema já consolidado de gestão de riscos. Esses PCCHs funcionam como etapas adicionais no processo de análise de perigos, focando especificamente em evitar a contaminação por substâncias não halal. Além dos controles tradicionais de segurança de alimentos, como a prevenção de riscos microbiológicos e químicos, os PCCHs garantem que os perigos relacionados à conformidade halal também sejam controlados.

Conclusão

A conformidade halal na cadeia de suprimentos vai além da simples produção de alimentos; ela envolve todas as etapas, desde o armazenamento e transporte até o varejo. Integrar os requisitos halal das normas SMIIC 17, GSO 2055-1 e SMIIC 1 com os sistemas de segurança de alimentos descritos na ISO 22000 e na família ISO 22002 permite às empresas garantir que seus produtos atendam aos mais altos padrões de qualidade e conformidade. Esta abordagem integrada assegura que os produtos halal sejam manuseados, transportados e armazenados de maneira segura e ética, promovendo a confiança dos consumidores e a sustentabilidade da cadeia de suprimentos halal.

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Novos prazos para a Lei Halal mandatória da Indonésia

O governo da Indonésia decidiu adiar o prazo para a certificação halal obrigatória para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Inicialmente previsto para 17 de outubro de 2024, o novo prazo foi alterado para 2026. 

Após uma reunião limitada com o Presidente Joko Widodo no Palácio Presidencial em 15 de maio, o Ministro Coordenador de Assuntos Econômicos, Airlangga Hartarto, declarou que o adiamento se deve ao fato de que o número de obrigações de certificação halal ainda não atingiu a meta e dificilmente seria concluído até outubro do próximo ano. 

“O cumprimento das obrigações de certificação halal ainda não alcançou a meta estabelecida, pois muitos produtos de MPMEs ainda não foram certificados”, disse o ministro. 

Ele informou que as empresas de médio e grande porte ainda devem completar suas obrigações de certificação halal até, no máximo, 17 de outubro de 2024. Enquanto isso, as MPMEs terão um tempo adicional até 17 de outubro de 2026. 

De 2019 até 15 de maio de 2024, a Agência Organizadora de Garantia de Produtos Halal – The Halal Product Assurance Organizing Body (BPJPH) – emitiu certificados halal para 4.418.343 produtos, o que representa apenas 44,18% da meta de 10 milhões de produtos. Atualmente, a Indonésia possui um total de 28 milhões de unidades de MPMEs. 

“Portanto, o Sr. Presidente decidiu que a implementação de certificados halal obrigatórios para alimentos e bebidas de MPMEs será adiada – não até 2024, mas até 2026. Este adiamento também se aplica a medicamentos tradicionais, ervas, cosméticos, acessórios, utensílios domésticos e diversos dispositivos médicos. 

Certificados Halal na Indonésia: Um Breve Histórico 

Em 1988, a notícia de que alimentos contendo carne de porco estavam circulando livremente no mercado levou a uma queda no poder de compra dos consumidores e afetou a estabilidade econômica. Isso levou o governo a considerar a urgência da certificação halal para atender à maioria dos indonésios que são muçulmanos. 

A primeira certificação halal foi realizada pelo Conselho Ulema da Indonésia (MUI) em 1989, enquanto o rotulamento halal de produtos alimentícios na Indonésia foi iniciado pelo Ministério da Saúde no final de 1976. Em seguida, em 10 de novembro de 1976, todos os alimentos e bebidas contendo carne de porco ou seus derivados tiveram que indicar que o produto continha carne de porco. 

Até o momento, a obrigação de fornecer certificação halal para alimentos, bebidas, produtos de abate e serviços de abate é regulamentada pelo Regulamento Governamental No. 39 de 2021 sobre a Implementação do Setor de Garantia de Produtos Halal. 

Para complementar as informações, a decisão de adiar a certificação halal para MPMEs até 2026 foi recebida com apoio por parte dessas empresas, que enfrentam desafios para cumprir os requisitos de certificação [1] [8]. O governo também expandiu a autoridade para emitir certificações halal para órgãos regionais, incluindo o Majelis Ulama Indonesia (MUI) regional, o Conselho Consultivo de Ulama de Aceh e o Comitê de Fatwa de Produtos Halal [8]. Essa descentralização visa tornar o processo de certificação mais acessível e eficiente para as MPMEs em todo o país. 

A certificação halal para MPMEs é crucial não apenas para o cumprimento de padrões religiosos e éticos, mas também para aumentar a competitividade dos produtos indonésios nos mercados doméstico e internacional. O adiamento é esperado para fornecer às MPMEs o tempo e os recursos necessários para alcançar a certificação, contribuindo assim para sua sustentabilidade e crescimento a longo prazo [8]. 

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