Após 25 anos de negociações, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia marca uma nova era para o comércio internacional. Este tratado promete integrar mercados, fortalecer relações econômicas e abrir novas oportunidades para setores estratégicos como o agronegócio, especialmente o mercado halal. Contudo, a implementação exigirá adaptações significativas para atender a novas regulamentações ambientais europeias.
Um dos Maiores Blocos Comerciais do Mundo
O acordo cria uma área de livre comércio abrangendo aproximadamente 780 milhões de pessoas. Ele eliminará tarifas sobre 92% das exportações do Mercosul para a UE e 95% no sentido inverso. Produtos industriais brasileiros ganharão competitividade no mercado europeu, enquanto bens agrícolas, incluindo carnes, frutas e café, se beneficiarão de acesso preferencial a um mercado de alto poder aquisitivo.
Para o Brasil, o impacto econômico é promissor. Estima-se um crescimento adicional de 0,46% no PIB até 2040 e um aumento de US$ 11,6 bilhões nas exportações agrícolas. A redução de tarifas representa uma economia significativa para os exportadores, promovendo competitividade global e atraindo investimentos estrangeiros.
Mercado Halal: Uma Oportunidade Estratégica
O mercado de alimentos halal europeu, estimado em US$ 20 bilhões até 2029, é uma oportunidade ímpar para o Brasil, o maior exportador mundial de carne halal. A crescente população muçulmana da Europa, liderada por países como França e Alemanha, alimenta a demanda por produtos certificados.
Além disso, as restrições ao abate halal em diversos países europeus, como Bélgica e Suécia, geraram uma lacuna no mercado que o Brasil está bem posicionado para preencher. Sistemas robustos de certificação e uma estrutura consolidada para atender aos padrões religiosos islâmicos tornam o país um fornecedor confiável e competitivo para o mercado europeu.
Desafios das Novas Regulamentações Ambientais
A partir de dezembro de 2024, o Regulamento Europeu de Desmatamento (EUDR) entrará em vigor, exigindo que produtos importados para a UE sejam livres de desmatamento desde 2020. As exportações brasileiras, especialmente do agronegócio, enfrentarão maior escrutínio quanto à rastreabilidade e sustentabilidade. Produtos como carne bovina, soja, café e cacau serão especialmente impactados.
Empresas brasileiras precisarão implementar sistemas avançados de georreferenciamento e due diligence para garantir a conformidade. A não adaptação poderá resultar em barreiras comerciais severas, incluindo multas de até 4% do faturamento anual e suspensão de exportações.
Adaptação como Diferencial Competitivo
O setor produtivo brasileiro tem 18 meses para se adequar a essas exigências ambientais. Empresas que se anteciparem a essas mudanças, investindo em tecnologia e transparência, estarão melhor posicionadas para competir no mercado europeu e global. Isso inclui a modernização de práticas de rastreamento e a adesão a certificações reconhecidas internacionalmente.
No mercado halal, o Brasil tem uma vantagem competitiva única, podendo atender à demanda de consumidores muçulmanos por carne processada de acordo com métodos tradicionais. Esta é uma oportunidade para fortalecer a reputação do país como líder sustentável e ético em mercados emergentes.
Conclusão
O acordo Mercosul-União Europeia é um marco para o comércio global, trazendo oportunidades significativas para o Brasil, especialmente nos mercados de alimentos e proteínas animais. Contudo, o sucesso dependerá da capacidade de adaptação às rigorosas regulamentações ambientais europeias e da estratégia para explorar novos nichos, como o halal.
O momento exige planejamento, investimento e inovação para transformar desafios em alavancas de crescimento, consolidando o Brasil como um parceiro estratégico para a União Europeia e uma referência no mercado global.
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