Ministro das Relações Exteriores da Malásia Reúne-se com Chefe do Conselho Cripto do Paquistão em Kuala Lumpur

Finanças Digitais Halal: Aliança Malásia-Paquistão

Malásia e Paquistão Firmam Aliança em Finanças Digitais com Foco em Estruturas de Ativos Digitais Compatíveis com a Shariah

Uma parceria histórica está sendo formada entre Malásia e Paquistão que promete revolucionar o cenário das finanças islâmicas digitais. Em encontro realizado em abril de 2025, o Ministro das Relações Exteriores da Malásia, Mohamad bin Hajji Hasan, reuniu-se com Bilal bin Saqib, CEO do Conselho de Criptomoedas do Paquistão (PCC), para explorar oportunidades colaborativas em tecnologia blockchain, ativos digitais e finanças compatíveis com a Shariah. Esta iniciativa representa um avanço significativo no desenvolvimento de estruturas regulatórias para ativos digitais que estejam alinhadas com os princípios da lei islâmica, em um momento em que as finanças islâmicas globais se aproximam da marca de US$ 12,5 bilhões e continuam a crescer a uma taxa de 11,7% ao ano.

Uma Aliança Estratégica para a Economia Digital Islâmica

O encontro entre os representantes da Malásia e do Paquistão concentrou-se em estabelecer as bases para uma Parceria de Finanças Digitais entre os dois países, com o objetivo de desenvolver conjuntamente estruturas de ativos digitais que sejam tanto compatíveis com a Shariah quanto alinhadas às normas do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI). Esta iniciativa está posicionada para servir como modelo potencial para outros países membros da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI).

Durante o encontro, Bilal bin Saqib destacou a complementaridade entre as forças de ambos os países: “A liderança da Malásia em finanças islâmicas e o impulso do Paquistão na regulamentação de criptomoedas formam uma aliança natural. Juntos, temos uma oportunidade histórica para estabelecer padrões globais para inovação ética em finanças digitais — desde stablecoins Halal e sukuks tokenizados até sandboxes regulatórias compatíveis e iniciativas de capacitação para jovens.”

Esta parceria surge em um contexto estratégico: o Paquistão recentemente introduziu seu primeiro marco regulatório para ativos virtuais e prestadores de serviços, alinhando-se às diretrizes de conformidade e integridade financeira do GAFI. Além disso, o país estabeleceu o Conselho de Criptomoedas do Paquistão com o objetivo de criar uma estrutura legal para o comércio de criptomoedas, visando atrair investimentos internacionais.

Princípios da Shariah no Contexto Digital

As finanças islâmicas são regidas por princípios fundamentais da Shariah, que incluem a proibição de riba (juros), gharar (incerteza excessiva) e investimentos em atividades consideradas haram (proibidas pelo Islã). A aplicação destes princípios no contexto dos ativos digitais apresenta desafios únicos, mas também oportunidades significativas para inovação.

Os ativos digitais compatíveis com a Shariah são projetados para evitar conflitos com estes princípios fundamentais. Isto significa que eles não podem estar associados a empréstimos baseados em juros, jogos de azar ou outros setores proibidos pela lei islâmica. Em vez disso, estes ativos frequentemente enfatizam o compartilhamento de riscos, a transparência, a utilidade no mundo real e, em alguns casos, o lastro em ativos tangíveis.

A descentralização característica da tecnologia blockchain alinha-se naturalmente com a ênfase islâmica no compartilhamento de riscos, eliminando a necessidade de autoridades centrais que tradicionalmente geram receitas baseadas em juros. Além disso, a imutabilidade e transparência inerentes aos registros blockchain satisfazem os requisitos de clareza e confiabilidade valorizados nas finanças islâmicas.

Potencial de Mercado e Inclusão Financeira

O potencial de mercado para ativos digitais compatíveis com a Shariah é substancial, considerando que a população muçulmana global ultrapassa 1,8 bilhão de pessoas. Muitos destes indivíduos residem em mercados emergentes onde o acesso a serviços financeiros tradicionais pode ser limitado. A tokenização de ativos do mundo real tem o potencial de democratizar as finanças islâmicas, permitindo investimentos fracionados em classes de ativos anteriormente inacessíveis para pequenos investidores.

É notável que países com grandes populações muçulmanas já demonstram índices significativos de adoção de criptomoedas. Na Nigéria, a taxa de adoção chegou a 31%, enquanto no Paquistão alcançou 20%, principalmente entre populações com acesso bancário limitado. Esta tendência sugere um terreno fértil para o desenvolvimento de soluções financeiras digitais que sejam tanto inovadoras quanto compatíveis com os princípios islâmicos.

A aliança entre Malásia e Paquistão também tem potencial para impulsionar a inclusão financeira em ambos os países e na região mais ampla. Ao desenvolver estruturas regulatórias claras para ativos digitais compatíveis com a Shariah, estes países podem facilitar o acesso a serviços financeiros para segmentos da população atualmente sub-atendidos pelos sistemas bancários tradicionais.

Coordenação Regulatória e Desenvolvimento de Talentos

Um aspecto fundamental da parceria entre Malásia e Paquistão é o compromisso com a coordenação regulatória entre as autoridades financeiras dos dois países. Esta cooperação é essencial para desenvolver estruturas coerentes que possam posteriormente ser adotadas por outros países da OCI, criando um ecossistema digital islâmico mais integrado.

Além disso, ambas as partes expressaram forte alinhamento quanto à necessidade de iniciativas transfronteiriças de desenvolvimento de talentos e educação em Web3. Este foco no capital humano é crucial para construir um ecossistema sustentável de finanças digitais islâmicas, garantindo que haja profissionais qualificados tanto para desenvolver novas soluções quanto para implementar e supervisionar adequadamente as normas regulatórias.

O Conselho de Criptomoedas do Paquistão está liderando esforços para projetar uma estrutura regulatória de criptomoedas “passaportável” adaptada a mercados emergentes, que fomente a inovação enquanto garante total conformidade com normas internacionais. Esta abordagem equilibrada é particularmente relevante para o desenvolvimento de ativos digitais compatíveis com a Shariah, que devem navegar tanto pelos requisitos religiosos quanto pelos padrões regulatórios globais.

O Futuro das Finanças Digitais Islâmicas

Esta aliança entre Malásia e Paquistão representa o início de um novo capítulo nas finanças digitais islâmicas. À medida que a tecnologia blockchain continua a evoluir e a demanda por produtos financeiros compatíveis com a Shariah aumenta, a colaboração entre estes dois países pode servir como catalisador para inovações significativas no setor.

Os potenciais produtos que podem emergir desta parceria incluem stablecoins Halal, que oferecem estabilidade sem depender de mecanismos baseados em juros; sukuks (títulos islâmicos) tokenizados, que podem aumentar significativamente a acessibilidade e liquidez destes instrumentos; e plataformas de financiamento colaborativo compatíveis com a Shariah, que facilitam o investimento em empreendimentos alinhados com valores islâmicos.

O recente anúncio da parceria coincide com a nomeação de Changpeng Zhao (CZ), fundador da Binance e figura influente em Web3, como consultor estratégico do Conselho de Criptomoedas do Paquistão, com o Ministro das Finanças Muhammad Aurangzeb chamando isto de “momento histórico para o Paquistão”. Esta nomeação destaca a crescente confiança internacional no papel do Paquistão na formação de políticas de ativos digitais e potencialmente fortalece a posição do país na aliança com a Malásia.

Conclusão: Uma Transformação no Horizonte

A aliança entre Malásia e Paquistão para o desenvolvimento de estruturas de ativos digitais compatíveis com a Shariah marca uma etapa importante na evolução das finanças islâmicas na era digital. Ao unir a experiência da Malásia em finanças islâmicas com o impulso do Paquistão em regulamentação de criptomoedas, esta parceria tem o potencial de estabelecer novos padrões globais para inovação ética em finanças digitais.

Este engajamento histórico sinaliza o início de uma parceria econômica e tecnológica mais profunda entre Paquistão e Malásia, impulsionada por uma visão compartilhada de construir o futuro das finanças por meio de inovação baseada em valores e colaboração estratégica. À medida que os dois países avançam nesta iniciativa, o mundo islâmico e a comunidade financeira global observam com interesse as inovações que surgirão desta colaboração promissora.

Referências

  1. Pakistan, Malaysia join forces to develop Shariah-aligned digital assets framework (https://www.arabnews.com/node/2597958/pakistan)
  2. Pakistan, Malaysia explore digital finance alliance – Markets (https://www.brecorder.com/news/40358912/pakistan-malaysia-explore-digital-finance-alliance)
  3. Malaysia, Pakistan explore digital finance alliance in push for Sharia-compliant innovation (https://www.thenews.com.pk/print/1304125-malaysia-pakistan-explore-digital-finance-alliance-in-push-for-sharia-compliant-innovation)
  4. Criptomoeda compatível com a Shariah luta para atender demanda – Binance (https://www.binance.com/pt-BR/square/post/22732894855793)
  5. O que é uma criptomoeda compatível com a Sharia e por que ela está crescendo tão rápido? (https://coinedition.com/pt-br/o-que-e-uma-criptomoeda-compativel-com-a-sharia-e-por-que-ela-esta-crescendo-tao-rapido/)
  6. Análise Definitiva da Pocket Option sobre se Bitcoin é Halal (https://m.pocketoption.com/blog/pt/post/is-bitcoin-halal)


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