Presidentes dos Emirados Árabes Unidos e da República Centro-Africana apertam as mãos após assinatura de acordo econômico CEPA, com bandeiras nacionais ao fundo.

EAU e República Centro-Africana Assinam Acordo Econômico CEPA

Acordo Econômico Entre EAU e República Centro-Africana Abre Novas Oportunidades para o Comércio de Produtos Halal

Em um importante desenvolvimento para as relações econômicas bilaterais, os Emirados Árabes Unidos (EAU) e a República Centro-Africana assinaram um Acordo de Parceria Econômica Abrangente (CEPA) que deverá impulsionar o comércio entre as duas nações para além de 3,67 bilhões de dirhams (aproximadamente 1 bilhão de dólares) nos próximos cinco a sete anos. Anunciado em março de 2025 pelo Dr. Thani bin Ahmed Al Zeyoudi, Ministro de Estado para Comércio Exterior dos EAU, o acordo sublinha o compromisso da liderança dos EAU com a diversificação comercial, o reforço da cooperação em investimentos e a promoção do desenvolvimento sustentável tanto regional quanto globalmente.

Uma Nova Era no Comércio Bilateral

O comércio não petrolífero entre os EAU e a República Centro-Africana tem apresentado um crescimento constante, com valores atingindo mais de 925 milhões de dirhams em 2024, representando um aumento significativo de 75% em comparação ao ano anterior. Este crescimento reflete não apenas o aumento das trocas comerciais entre as duas nações, mas também a mudança estratégica mais ampla dos EAU em direção à diversificação de sua economia para além das receitas petrolíferas. O novo CEPA foi concebido para aproveitar este impulso, eliminando barreiras comerciais e criando uma estrutura robusta para futura colaboração econômica.

Dr. Thani bin Ahmed Al Zeyoudi explicou que o CEPA incorpora as prioridades econômicas estratégicas dos EAU — diversificação econômica e desenvolvimento sustentável. “Este acordo criará mais oportunidades de crescimento e prosperidade para as comunidades empresariais em ambos os países”, disse ele em sua declaração à Agência de Notícias dos Emirados (WAM). “É uma clara demonstração do nosso compromisso em reforçar a cooperação comercial e de investimento globalmente, enquanto apoiamos a estratégia econômica dos EAU.”

Características Principais do Acordo

O CEPA estabelece uma estrutura ambiciosa para a liberalização do comércio e investimento entre os EAU e a República Centro-Africana. Uma de suas características marcantes é a significativa remoção de tarifas acordada por ambas as partes. Os EAU concederão uma remoção de 98% das tarifas para mercadorias originárias da República Centro-Africana, enquanto a República Centro-Africana estenderá uma remoção ainda maior de 99,5% das tarifas para exportações dos EAU. Este substancial afrouxamento das barreiras tarifárias deverá abrir o mercado dos EAU para produtos centro-africanos e vice-versa, proporcionando um grande impulso ao comércio bilateral.

Liberalização e Acesso ao Mercado

As extensas remoções de tarifas garantem que uma ampla gama de produtos se beneficiará do acesso livre de impostos, abrindo caminho para o aumento das exportações em diversos setores-chave. Para os EAU, isso significa que sua diversificada gama de bens manufaturados de alta qualidade, produtos tecnológicos e serviços avançados pode entrar no mercado centro-africano com custo mínimo. Por outro lado, as exportações da República Centro-Africana, que incluem matérias-primas e produtos agrícolas, encontrarão um mercado mais receptivo nos EAU.

Oportunidades de Investimento em Múltiplos Setores

Além da liberalização comercial, o CEPA delineia significativas oportunidades de investimento para ambas as nações em vários setores. O acordo visa reforçar a cooperação em telecomunicações, hospitalidade e turismo, logística, tecnologia financeira e indústrias tradicionais, incluindo alumínio, cerâmica, petroquímicos, ferro, prata, ouro, produtos alimentícios e têxteis.

Implicações para o Mercado Halal

Para o setor de produtos Halal, este acordo representa uma oportunidade significativa. Os EAU, com sua infraestrutura robusta para certificação Halal e sua posição como um centro global para comércio Halal, podem facilitar a entrada de produtos centro-africanos certificados em mercados mais amplos. A República Centro-Africana, por sua vez, pode explorar o conhecimento técnico dos EAU em estabelecer normas Halal e desenvolver sua própria indústria de produtos conformes com as exigências Halal.

O acordo pode estimular particularmente o comércio de produtos alimentícios Halal, com a República Centro-Africana tendo potencial para exportar matérias-primas agrícolas para processamento em instalações certificadas nos EAU. Esta colaboração pode criar uma cadeia de valor Halal mais integrada, beneficiando produtores e consumidores em ambas as nações.

Impacto Regional e Global

O CEPA entre os EAU e a República Centro-Africana não é apenas um acordo bilateral; também tem implicações regionais e globais mais amplas. Em um mundo onde a resiliência da cadeia de suprimentos e a diversificação econômica estão se tornando cada vez mais importantes, tais acordos são vitais para integrar mercados emergentes na economia global.

Catalisando o Comércio Regional

Um dos resultados esperados do CEPA é a catalisação do comércio regional dentro da África. À medida que a República Centro-Africana fortalece seus vínculos comerciais com os EAU, outras nações africanas podem ser encorajadas a buscar acordos semelhantes. Isso poderia levar a um mercado africano mais integrado, com comércio transfronteiriço aprimorado, logística melhorada e maior estabilidade econômica geral. Os benefícios a longo prazo poderiam incluir aumento do investimento intrarregional e um bloco comercial mais robusto, melhor posicionado para negociar no cenário global.

O Caminho à Frente: Visão Estratégica e Benefícios a Longo Prazo

O CEPA entre os EAU e a República Centro-Africana é um acordo voltado para o futuro que não apenas busca impulsionar os números comerciais no curto prazo, mas também estabelece as bases para um crescimento econômico sustentável e de longo prazo. Ao focar na diversificação econômica, transformação digital e parcerias estratégicas, o acordo está pronto para criar um ecossistema econômico mais integrado e resiliente.

Para os EAU, esta parceria é uma parte importante de sua estratégia mais ampla para expandir sua rede global de comércio e reduzir a dependência das receitas petrolíferas. Representa um compromisso contínuo em fomentar relacionamentos mutuamente benéficos com mercados emergentes, assegurando assim novas oportunidades de crescimento em um cenário global cada vez mais competitivo.

Para a República Centro-Africana, o acordo pode ser transformador. Além do impulso imediato ao comércio não petrolífero, oferece um caminho para modernizar sua economia, atrair investimento direto estrangeiro e construir a capacidade institucional necessária para participar plenamente da economia global. Os potenciais efeitos secundários — como infraestrutura melhorada, criação de empregos e capacidades tecnológicas aprimoradas — poderiam elevar significativamente o perfil econômico do país e fornecer um modelo para outras nações da região.

Conclusão

A assinatura do Acordo de Parceria Econômica Abrangente entre os EAU e a República Centro-Africana marca um momento crucial na evolução do comércio bilateral e do investimento entre as duas nações. Com metas ambiciosas estabelecidas para impulsionar o comércio além de 3,67 bilhões de dirhams e extensas disposições para remoção de tarifas e liberalização de mercado, o acordo representa um passo ousado em direção à integração e diversificação econômica. Ele abre vastas oportunidades para empresas — desde grandes corporações multinacionais até ágeis pequenas e médias empresas — em uma ampla gama de setores, incluindo o mercado de produtos Halal, que pode se beneficiar significativamente desta nova parceria estratégica.

À medida que os EAU continuam seu impulso estratégico para diversificar sua economia e estender seu alcance comercial global, e à medida que a República Centro-Africana busca modernizar sua estrutura econômica e aproveitar seus recursos naturais e humanos, esta parceria promete ser um catalisador para um crescimento e desenvolvimento significativos. Com ambos os países comprometidos com um futuro de cooperação reforçada, inovação e prosperidade mútua, o CEPA está definido para redefinir as relações comerciais na região e estabelecer um novo padrão para a colaboração econômica Sul-Sul.

Imagem de capa do relatório AgroInsight Fevereiro 2025, destacando oportunidades globais para o agronegócio brasileiro, com paisagem agrícola ao fundo.

AgroInsight 2025: Oportunidades Globais para o Agronegócio Brasileiro

AgroInsight Fevereiro 2025: Panorama Global de Oportunidades para o Agronegócio Brzasileiro

Os relatórios AgroInsight Fevereiro 2025, elaborados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, apresentam uma análise detalhada das oportunidades globais para produtos de origem animal e vegetal do Brasil. Este material estratégico revela tendências, desafios e mercados promissores, oferecendo direcionamento valioso para produtores, exportadores e formuladores de políticas públicas do agronegócio brasileiro.

Oportunidades Regionais Estratégicas

Oriente Médio e África: Mercados Prioritários

O Oriente Médio continua sendo uma região de extraordinária relevância para o Brasil, principalmente no segmento de proteínas Halal. Nos Emirados Árabes Unidos, o Brasil mantém imponente participação de 82,6% no mercado de frango Halal, demonstrando a confiabilidade e aceitação dos produtos brasileiros certificados. Este mercado apresenta oportunidades não apenas para frango, mas também para produtos processados de maior valor agregado, além de utilizar o país como hub logístico para redistribuição regional.

A Arábia Saudita revela-se estratégica em múltiplas frentes. No mercado de carne ovina e caprina, avaliado em US$186 milhões, o país manifestou interesse em diversificar suas importações, abrindo espaço para o Brasil que possui expressivo rebanho e credibilidade na certificação Halal. Paralelamente, no setor vegetal, o Brasil domina impressionantes 92% do mercado de açúcar saudita, totalizando US$878 milhões em 2023. A suspensão das exportações indianas ampliou ainda mais as possibilidades para o produto brasileiro na região.

No Egito, a abertura do mercado para carne de búfalo brasileira em dezembro de 2024 complementa a forte presença brasileira no setor de carne bovina desossada, onde o país ocupa a segunda posição com 31% do mercado. Simultaneamente, o mercado egípcio de algodão em pluma, aberto para o produto brasileiro em janeiro de 2023, já posiciona o Brasil como segundo maior fornecedor, atrás apenas da Grécia, com exportações de aproximadamente 32 mil toneladas resultando em vendas de US$56 milhões em 2024.

A África do Sul apresenta oportunidades em segmentos diversificados. Para produtos de origem animal, destaca-se o potencial para mel brasileiro em nichos específicos, como mel de floradas especiais com propriedades nutricionais e terapêuticas. Já no setor vegetal, o mercado de arroz mostra-se promissor, considerando que o país depende quase totalmente de importações para atender sua demanda interna de 900.000 toneladas anuais.

Na Argélia, o mercado de milho revela-se particularmente interessante, com importações anuais de aproximadamente 4 milhões de toneladas. O recente lançamento de licitações pelo Escritório Nacional de Alimentação Pecuária argelino para a compra de 240.000 toneladas de milho exclusivamente do Brasil ou da Argentina evidencia preferência por fornecedores sul-americanos neste mercado.

Ásia-Pacífico: Expansão e Consolidação

A China mantém sua posição como mercado prioritário para o agronegócio brasileiro. No setor de proteínas, o Brasil consolidou-se como principal fornecedor de carne bovina, respondendo por 47% do volume importado pelo gigante asiático. Contudo, este mercado apresenta desafios crescentes, como a investigação chinesa sobre possíveis impactos das importações na indústria local. No segmento vegetal, a recente abertura para uvas frescas brasileiras provenientes da Bahia e Pernambuco representa um marco significativo, considerando que a China importou 166,7 mil toneladas de uvas em 2023, gerando receitas de US$484,49 milhões.

A Coreia do Sul emerge como mercado promissor em diversas frentes. O acordo recente para exportação de penas de aves brasileiras atende a um mercado de US$27,9 milhões anuais. Paralelamente, as mangas frescas brasileiras encontram cenário favorável devido à implementação de quotas tarifárias pelo governo sul-coreano para o primeiro semestre de 2025, com tarifas de 0% para 25.000 toneladas. O Brasil, que já aumentou suas exportações em 61% em 2024 comparado a 2023, tem a oportunidade de consolidar sua posição como segundo maior fornecedor neste mercado, que é o segundo que melhor remunera as mangas frescas no mundo.

A Austrália apresenta oportunidades distintas nos setores animal e vegetal. A abertura de mercado para peixes cultivados brasileiros em 2024 cria espaço para a tilápia brasileira em um país que importa 65% do consumo doméstico de pescados. Simultaneamente, a castanha-do-brasil encontra potencial como superalimento valorizado por seu perfil nutricional, em um mercado que já teve o Brasil como principal fornecedor em 2022, com 50,6% de participação.

Bangladesh demonstra interesse em estabelecer comércio bilateral de pescados, utilizando o Brasil como porta de entrada para seus produtos na América Latina, indicando possibilidades para intercâmbio comercial mutuamente benéfico.

Américas: Proximidade e Complementaridade

Os Estados Unidos permanecem como segundo maior mercado para carne bovina brasileira, com exportação de aproximadamente 40 mil toneladas em 2023. Contudo, a nova política comercial americana e a “guerra tarifária” com o Canadá podem reconfigurar fluxos comerciais na região, potencialmente beneficiando o Brasil em produtos como suco de laranja e café, caso ocorram retaliações canadenses estabelecendo tarifas sobre produtos americanos.

O Chile apresenta oportunidades complementares nos setores animal e vegetal. Para produtos de origem animal, destaca-se o potencial para ampliar exportações de “pet chews” (mastigáveis para animais de companhia), aproveitando o crescimento do setor em um país com 12,5 milhões de cães e gatos. No segmento vegetal, o açaí brasileiro encontra mercado receptivo e em expansão, beneficiado pelo Acordo de Livre Comércio entre Brasil e Chile, em vigor desde 2022.

A Costa Rica mostra-se receptiva tanto para proteínas quanto para produtos vegetais brasileiros. No setor animal, existe potencial para carne sustentável e de valor agregado, em um mercado que valoriza qualidade (85%), preço (35%) e considerações ambientais (25%). No segmento vegetal, o suco de uva brasileiro apresenta potencial devido à sua qualidade superior e competitividade, mesmo em um mercado com produção local modesta.

Na Colômbia, a recente decisão judicial que derrubou o monopólio departamental das aguardentes abre novas oportunidades para a cachaça brasileira, produto que tem ampliado sua presença internacional como bebida premium.

Em Angola, o mercado de trigo mostra-se promissor para o Brasil. O país importou 624 mil toneladas de trigo em 2023, correspondendo a US$376 milhões. Com o crescimento da produção brasileira de trigo e estimativas de autossuficiência no médio prazo, Angola pode se tornar um destino estratégico para exportações brasileiras.

Europa: Inovação e Tendências Emergentes

Na Alemanha, observa-se crescimento expressivo no consumo de proteínas vegetais e preparações vegetarianas, um mercado que pode alcançar 23 bilhões de Euros até 2045. Entre 2019 e 2023, a produção de alimentos alternativos de origem vegetal dobrou, atingindo valor de produção de 583 milhões de euros em 2023. Este cenário representa oportunidades para exportação de leguminosas, farelos e outras bases proteicas vegetais brasileiras.

Tendências Globais e Considerações Estratégicas

Certificação Halal como Diferencial Competitivo

A certificação Halal emerge como elemento decisivo para acesso a mercados muçulmanos. A confiabilidade do sistema brasileiro de certificação tem garantido posições de liderança em mercados como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito. O fortalecimento contínuo deste sistema representa uma vantagem competitiva estratégica para o Brasil nos mercados islâmicos, que apresentam crescimento demográfico e econômico expressivos.

Sustentabilidade e Rastreabilidade como Exigências Crescentes

Os relatórios evidenciam a valorização crescente de práticas sustentáveis e capacidade de rastreamento dos produtos, especialmente em mercados desenvolvidos. A produção sustentável não é apenas requisito regulatório, mas diferencial competitivo que agrega valor aos produtos brasileiros. Mercados como Costa Rica, Austrália e União Europeia demonstram sensibilidade particular a aspectos ambientais na decisão de compra.

Diversificação de Produtos e Mercados como Estratégia de Resiliência

A conjuntura internacional marcada por tensões comerciais, busca por autossuficiência alimentar e instabilidades geopolíticas reforça a importância da diversificação tanto de produtos quanto de mercados. Os relatórios apontam oportunidades em mercados não tradicionais como Bangladesh, África do Sul e países da América Central, além de identificar nichos específicos em mercados consolidados, como produtos processados nos Emirados Árabes Unidos e proteínas vegetais na Alemanha.

Produtos de Valor Agregado e Especialidades

Emerge como tendência consistente a demanda por produtos de maior valor agregado e especialidades. No setor animal, observa-se potencial para cortes específicos, produtos processados e itens premium com certificações diferenciadas. No segmento vegetal, identifica-se oportunidades para frutas processadas, sucos integrais, castanhas e produtos com apelos funcionais específicos, como o açaí e a castanha-do-brasil comercializados como superalimentos.

Considerações Finais

Os relatórios AgroInsight Fevereiro 2025 oferecem panorama abrangente e detalhado das oportunidades globais para o agronegócio brasileiro. A análise revela que, apesar dos diversos desafios no comércio internacional, o Brasil mantém posição de destaque em vários setores agrícolas, com oportunidades substanciais para ampliar sua presença e agregar valor às exportações.

A integração estratégica entre os setores animal e vegetal, aliada a uma visão de longo prazo orientada para sustentabilidade, qualidade e valor agregado, apresenta-se como caminho promissor para o contínuo fortalecimento da posição brasileira como fornecedor global de alimentos. Os insights apresentados constituem insumo valioso para direcionamento de investimentos, desenvolvimento de produtos e estratégias comerciais por parte do setor privado e formulação de políticas públicas pelo governo brasileiro.

Referências

Relatórios AgroInsight – Ministério da Agricultura e Pecuária