Programa SEHATI: A Estratégia da Indonésia para Impulsionar a Indústria Halal através de Certificação Gratuita em Grande Escala

Programa SEHATI: A Estratégia da Indonésia para Impulsionar a Indústria Halal através de Certificação Gratuita em Grande Escala

A Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo, acaba de anunciar um ambicioso programa que visa transformar seu posicionamento no mercado global de produtos Halal. A Agência Organizadora de Garantia de Produtos Halal (BPJPH) abriu uma cota de 1 milhão de certificações Halal gratuitas para 2025, direcionadas especificamente para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) em todo o país. Esta iniciativa, denominada SEHATI, representa uma estratégia abrangente que busca não apenas aumentar o número de produtos certificados, mas também fortalecer a competitividade da Indonésia como um dos principais centros de produção Halal no cenário internacional.

O Contexto Estratégico do Programa SEHATI

A Indonésia possui um potencial extraordinário para liderar o setor Halal global devido à sua vasta população muçulmana e diversificada base produtiva. O programa SEHATI faz parte de uma estratégia governamental mais ampla que visa transformar o país no principal produtor de produtos Halal até 2024-2025. Ahmad Haikal Hasan, presidente da BPJPH, enfatizou que esta iniciativa visa aprimorar significativamente a competitividade dos produtos indonésios, tanto no mercado doméstico quanto internacional.

A certificação Halal transcende sua dimensão religiosa, tornando-se um importante diferencial competitivo em um mercado global cada vez mais valorizado e reconhecido. Estimativas indicam que o mercado Halal global deve atingir a impressionante marca de USD 2,3 trilhões até 2024, englobando não apenas alimentos e bebidas, mas também outros setores como cosméticos, farmacêuticos, turismo, mídia e serviços financeiros. Apesar desse enorme potencial, a contribuição indonésia permanece relativamente pequena em comparação com países como Malásia e Emirados Árabes Unidos.

“A abertura da cota SEHATI para 2025 representa parte da estratégia governamental para incentivar a certificação Halal para produtos das MPMEs, visando aumentar sua competitividade tanto nos mercados domésticos quanto globais”, declarou o presidente da BPJPH. Esta visão estratégica reconhece que a certificação Halal não é apenas um requisito religioso ou legal, mas um vetor de desenvolvimento econômico para o país.

Mecanismos de Implementação e Infraestrutura de Suporte

O programa SEHATI, que teve sua fase de registro iniciada em 11 de abril de 2025, fundamenta-se em um sistema bem estruturado que combina simplificação de processos, suporte técnico e inovação tecnológica. A BPJPH incentiva as empresas elegíveis a se registrarem independentemente para a certificação Halal gratuita, oferecendo uma oportunidade valiosa para garantir que seus produtos atendam às normas Halal enquanto aumentam a confiança do consumidor.

Um aspecto fundamental do programa é sua extensa rede de suporte humano. A iniciativa é diretamente apoiada por uma estrutura nacional de 115.450 Assistentes de Processo de Produtos Halal, que ajudam as empresas a navegar e completar os procedimentos de certificação com maior eficiência. Ao eliminar todas as taxas associadas à certificação Halal, o programa permite que as MPMEs conservem recursos financeiros e se concentrem no crescimento dos negócios.

Para empresas com produtos de baixo risco e processos simples, o modelo de certificação Halal gratuita funciona através de um esquema de autodeclaração, com um mecanismo de submissão de aplicação por meio do site https://ptsp.halal.go.id/. Este processo é acompanhado por assistentes (P3H – Pendamping Proses Produk Halal) que auxiliam com base na documentação de materiais e processos de produção elaborados pelas empresas. Os assistentes realizam processos de verificação e validação que são então enviados à BPJPH.

Além de facilitar o processo de certificação, o SEHATI também contribui para a melhoria da gestão empresarial, permitindo que as MPMEs operem com maior eficácia e aumentem o valor de mercado de seus produtos. Para agilizar ainda mais os procedimentos, a BPJPH atualizou seu Sistema de Informação Halal, melhorando as capacidades de processamento de dados e acelerando a emissão de certificações.

Impacto Econômico e Social para as MPMEs Indonésias

O programa SEHATI representa uma democratização do acesso à certificação Halal, especialmente crítica para o setor de MPMEs, que constitui a espinha dorsal da economia indonésia. Com aproximadamente 64 milhões de MPMEs no país, o potencial para transformação econômica é imenso. Contudo, sem medidas estratégicas adequadas, o processo de certificação Halal poderia levar um tempo excessivamente longo para ser implementado em larga escala.

“Isso também significa que só poderíamos alcançar a certificação completa de produtos Halal após seis séculos. Portanto, não podemos usar o método normal, e devemos conceber um avanço. Um de nossos avanços é o programa de certificação Halal gratuita”, observou Aqil Irham, um dos líderes da iniciativa. Esta perspectiva sublinha a necessidade de abordagens inovadoras para acelerar a adoção da certificação Halal em um país com um tecido empresarial tão extenso e diversificado.

A contribuição do SEHATI para as MPMEs indonésias manifesta-se em múltiplas dimensões. Em primeiro lugar, o programa acelera significativamente o procedimento de certificação Halal, reduzindo barreiras burocráticas. Em segundo lugar, ao eliminar os custos associados ao processo, permite que empresas de menor porte, muitas vezes operando com margens estreitas, possam obter a certificação sem comprometer sua estabilidade financeira. Em terceiro lugar, através da digitalização do processo, facilita o acesso e a gestão da certificação para empresas mesmo em regiões remotas do arquipélago indonésio.

Estudos realizados em regiões específicas, como a Regência de Blitar, demonstram os benefícios tangíveis do programa. Esta região possui 33.932 micro e pequenas empresas, mas apenas 389 tinham certificação Halal antes da implementação do SEHATI. A pesquisa comprovou que o programa, através de socialização e assistência aos atores de negócios de processamento de produtos pecuários, mostrou-se eficaz. A análise de avaliação do modelo lógico em todos os indicadores revela que os atores empresariais estão bem informados, compreendem bem e concordam fortemente com os insumos, atividades, resultados e desfechos do programa SEHATI.

Desafios e Perspectivas Futuras para o Mercado Halal

Apesar dos avanços significativos proporcionados pelo programa SEHATI, a Indonésia ainda enfrenta desafios importantes na consolidação de sua posição no mercado Halal global. Um estudo recente investigou a correlação entre a emissão de certificação Halal e o valor das exportações, revelando uma correlação negativa fraca, com o valor das exportações de produtos Halal diminuindo em 2023 devido a desafios econômicos globais. Estes resultados destacam a importância de abordar fatores externos e adotar uma abordagem abrangente, envolvendo tanto o governo quanto as empresas, para aprimorar o desempenho das exportações Halal da Indonésia e garantir um crescimento de longo prazo.

O financiamento sustentável do programa também representa um desafio. Segundo informações oficiais, 62% do financiamento necessário para a emissão de um milhão de certificados gratuitos virá do orçamento total da BPJPH para 2024. O financiamento também será apoiado pelo orçamento de certificação Halal de vários ministérios, agências e partes interessadas, incluindo suporte da nomenclatura orçamentária para facilitar a certificação Halal dos governos regionais em toda a Indonésia através da emissão do Regulamento do Ministro de Assuntos Internos Número 15 de 2023.

No cenário internacional, a BPJPH está buscando completar a avaliação de 38 instituições Halal estrangeiras o mais rapidamente possível, sinalizando suas ambições de harmonização e reconhecimento internacional de seu sistema de certificação. Este esforço é crucial para consolidar a posição do país como referência global em normas e práticas Halal.

A Indonésia possui vantagens competitivas significativas que a posicionam naturalmente como líder no mercado Halal global: sua imensa população muçulmana, ultrapassando 230 milhões de pessoas; uma herança islâmica profundamente enraizada que proporciona uma base autêntica para o desenvolvimento de produtos Halal; recursos naturais abundantes, particularmente nos setores de agricultura, pesca e silvicultura; e um apoio governamental forte e estratégico.

A Contribuição do SEHATI para um Novo Paradigma na Indústria Halal

Com essas importantes melhorias sob o SEHATI 2025, a Indonésia está se aproximando do estabelecimento de um sistema abrangente de normas Halal, que apoia o desenvolvimento das MPMEs enquanto garante transparência e qualidade dos produtos para os consumidores. O programa não apenas facilita a conformidade regulatória, mas também posiciona estrategicamente as empresas indonésias para capturar oportunidades em um mercado Halal global em rápida expansão.

A abordagem indonésia oferece lições valiosas para outros países com populações muçulmanas significativas que buscam desenvolver suas indústrias Halal. Ao eliminar barreiras financeiras e simplificar processos, demonstra como políticas públicas bem projetadas podem catalisar o desenvolvimento de todo um setor econômico enquanto proporcionam benefícios tangíveis para empresas de pequeno porte.

O programa SEHATI representa uma mudança de paradigma na busca de ampla conformidade Halal na Indonésia. Esta iniciativa é particularmente transformadora para a grande maioria das MPMEs indonésias, que frequentemente carecem de recursos financeiros substanciais necessários para navegar e absorver os custos diretos e indiretos tradicionalmente associados à obtenção e manutenção de certificação Halal credível.

A democratização da conformidade assegura que mesmo as menores empresas com recursos mais limitados sejam capacitadas a participar ativamente e beneficiar-se diretamente da economia Halal global em rápida expansão. Ao remover efetivamente a barreira financeira proibitiva, o governo indonésio está fomentando um cenário econômico mais inclusivo e equitativo, permitindo que um espectro mais amplo de sua comunidade empresarial aproveite as oportunidades lucrativas apresentadas pela demanda global por produtos e serviços Halal.

Conclusão

O programa SEHATI representa uma iniciativa ambiciosa e estratégica que posiciona a Indonésia para assumir um papel de liderança no mercado Halal global. Ao oferecer certificação Halal gratuita para um milhão de MPMEs até 2025, o país não apenas fortalece a competitividade de suas empresas, mas também cria um ecossistema de produção Halal robusto que pode impulsionar significativamente suas exportações e crescimento econômico.

A abordagem indonésia demonstra como políticas governamentais proativas podem transformar potenciais demográficos e culturais em vantagens econômicas concretas. Ao investir em infraestrutura de suporte, simplificação de processos e eliminação de barreiras financeiras, o programa SEHATI oferece um modelo que poderia inspirar iniciativas semelhantes em outros países muçulmanos e mesmo em nações não-muçulmanas interessadas em acessar o crescente mercado Halal global.

Enquanto a Indonésia continua a implementar e refinar esse programa, será crucial monitorar seu impacto real nas exportações, crescimento econômico e desenvolvimento das MPMEs. O sucesso do SEHATI poderá estabelecer um novo paradigma para o desenvolvimento da indústria Halal globalmente, com implicações significativas para o comércio internacional e a economia islâmica como um todo.

Referências

  1. BPJPH and Parliament Promote Free Halal Certification for Business Actors (BPJPH)
  2. Indonesia promotes Halal industry through large-scale free certification programme (Vietnam Plus)
  3. SEHATI’s Contribution (Free Halal Certification) For Medium and Small Enterprises (MSE) in Indonesia (International Journal of Islamic Economics)
  4. The Effectiveness of Free Halal Certification Services Through the Scheme Self Declare for SMEs in Lampung Province (International Journal of Economics and Commerce)
  5. Free certification a strategy to support halal products: BPJPH (Antara News)
  6. SEHATI PROGRAM: A FLEXIBLE MODEL FOR EFFECTIVE HALAL CERTIFICATION (Jurnal Harmoni)

A Nova Regulamentação do Leite UAT (UHT): Um Marco Regulatório para o Mercosul em 2025

A Nova Regulamentação do Leite UAT (UHT): Um Marco Regulatório para o Mercosul em 2025

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) publicou na data de hoje, 17 de abril de 2025, a Portaria 783/2025, que incorpora ao ordenamento jurídico brasileiro o Regulamento Técnico Mercosul de Identidade e Qualidade do Leite UAT (UHT). Esta norma, já em vigor, revoga dispositivos anteriores como a Portaria 370/1997 e o Anexo XII da Portaria 146/1996, representando uma importante atualização nas especificações técnicas do leite longa vida comercializado no Brasil e nos demais países do bloco econômico.

Definições e Inovações do Novo Regulamento

O documento define o Leite UAT (Ultra Alta Temperatura) como aquele submetido a um processo térmico de fluxo contínuo com temperatura entre 135°C durante 10 segundos até 150°C durante 2 segundos, ou combinações equivalentes. Este tratamento, seguido por homogeneização e envase asséptico, garante a ausência de bactérias capazes de proliferar durante o prazo de validade do produto em condições normais de armazenamento e distribuição.

A nova regulamentação mantém a classificação tradicional do leite UAT em três categorias de acordo com o teor de gordura: integral (mínimo de 3,0% de gordura), semidesnatado ou parcialmente desnatado (entre 0,5% e 3,0% de gordura) e desnatado (máximo de 0,5% de gordura). Cada categoria deve atender a requisitos específicos de acidez e extrato seco desengordurado, sendo que este último apresenta valores mínimos que variam de 8,2% para o leite integral a 8,4% para o leite desnatado.

Parâmetros de Qualidade e Estabilidade

Um dos aspectos fundamentais do novo regulamento técnico refere-se aos testes de estabilidade. Após incubação em recipiente fechado entre 35-37°C durante sete dias, o produto não deve apresentar modificações que alterem a embalagem, a acidez não deve aumentar mais de 0,02 g de ácido lático/100 ml em relação à amostra original, e as características sensoriais devem permanecer praticamente inalteradas.

Quanto aos aditivos permitidos, o documento autoriza o uso de estabilizantes como fosfatos de sódio (mono, di e tri) em quantidade máxima de 0,1 g/100 ml expressos em P2O5, além do citrato de sódio em quantidade quantum satis. Esses estabilizantes desempenham função importante no processamento do leite, pois ajudam a manter a estabilidade das proteínas durante o tratamento térmico, preservando as características sensoriais e nutricionais do produto.

Contexto Atual do Mercado Lácteo

A publicação desta norma ocorre em um momento significativo para o setor leiteiro brasileiro. Dados recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam que o preço do leite pago ao produtor voltou a subir no início de 2025, interrompendo três meses consecutivos de queda. A média nacional do litro captado em janeiro foi de R$ 2,6492, um aumento de 2,5% em relação a dezembro e de 18,7% na comparação com janeiro de 2024.

Este aumento também impactou o mercado de laticínios, com o leite UHT registrando elevação de 1,93% em fevereiro, alcançando R$ 4,35 por litro. Os especialistas atribuem essa alta ao crescimento da demanda e ao aumento no custo da matéria-prima, em um cenário onde as importações seguem em alta enquanto as exportações recuaram.

Segurança Alimentar e Aspectos Nutricionais

O processamento UHT é fundamental para garantir a segurança de alimentos, eliminando microrganismos patogênicos e deteriorantes sem a necessidade de aditivos conservantes. Contrariando desinformações que ocasionalmente circulam, o leite UHT não recebe substâncias tóxicas como soda cáustica, água oxigenada ou formol para sua conservação. A estabilidade do produto na prateleira deve-se exclusivamente ao tratamento térmico adequado e às condições assépticas de envase em embalagens hermeticamente fechadas.

Do ponto de vista nutricional, o leite permanece como fonte importante de cálcio, proteínas de alto valor biológico, vitaminas e minerais, com benefícios associados à saúde óssea, controle da pressão arterial, prevenção de doenças crônicas e manutenção da massa magra, entre outros aspectos relevantes para a saúde humana.

Harmonização Regulatória no Mercosul

A incorporação do Regulamento Técnico Mercosul representa um passo importante para a harmonização das normas entre os países do bloco. Conforme explicitado na Resolução MERCOSUL/GMC/RES. Nº 13/23, essa padronização visa facilitar o comércio regional, estabelecendo critérios uniformes de identidade e qualidade que devem ser respeitados tanto no mercado interno quanto nas importações de países de fora do bloco.

Para cooperativas e indústrias do setor leiteiro, a harmonização das normas técnicas cria condições mais equilibradas de concorrência no mercado regional. Vale destacar que programas de incentivo como o Mais Leite Saudável, recentemente modernizado pelo governo federal com um novo sistema para habilitação de laticínios e cooperativas, complementam este cenário regulatório, estimulando investimentos na qualidade e produtividade do setor.

Implicações para o Consumidor

Para o consumidor final, a nova regulamentação reforça a segurança e qualidade do produto. O leite UAT continuará sendo rotulado conforme sua classificação (integral, semidesnatado ou desnatado), podendo utilizar as expressões “Longa Vida” e “Homogeneizado”. No caso do leite semidesnatado ou parcialmente desnatado, o rótulo deverá indicar a porcentagem de gordura correspondente.

Os métodos de análise referenciados no regulamento técnico garantem a verificação objetiva dos parâmetros estabelecidos, permitindo o controle efetivo da qualidade do produto pelo serviço de inspeção. Além disso, as regras de amostragem seguem procedimentos internacionalmente reconhecidos, assegurando a representatividade das análises realizadas.

Conclusão

A Portaria 783/2025 representa um importante avanço na modernização do marco regulatório do leite UAT no Brasil e no Mercosul. A atualização das normas técnicas, alinhada com diretrizes internacionais e respaldada por conhecimentos científicos atualizados, contribui para o fortalecimento da cadeia produtiva do leite, oferecendo maior segurança jurídica para produtores e indústrias, além de assegurar ao consumidor um produto com qualidade e segurança ampliadas.

Em um cenário de crescentes desafios econômicos e comerciais, a harmonização das normas técnicas entre os países do Mercosul pode favorecer o desenvolvimento do setor leiteiro brasileiro, potencializando sua competitividade e estimulando a adoção de práticas que conjuguem eficiência produtiva com elevados padrões de qualidade e segurança alimentar.

Referências

  1. Portaria MAPA Nº 783, de 4 de abril de 2025 – Diário Oficial da União (DOU)
  2. Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Produtos de Origem Animal – Ministério da Agricultura e Pecuária
  3. Regulamento Técnico – Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV)
  4. Programa Mais Leite Saudável – Sistema OCB/ES

3º Congresso Europeu Halal 2025: Impulsionando Normas e Inovação na Indústria Global

3º Congresso Europeu Halal 2025: Impulsionando Normas e Inovação na Indústria Global

O 3º Congresso Europeu Halal, programado para junho de 2025 em Sarajevo, está se posicionando como um evento transformador para a indústria Halal global, reunindo especialistas, pesquisadores e diversos participantes do setor. Organizado pela Agência para Certificação de Qualidade Halal da Bósnia e Herzegovina, em colaboração com instituições acadêmicas e parceiros da indústria, o congresso abordará questões cruciais relacionadas à certificação, nutrição, medicina, finanças e tecnologia sustentável, proporcionando uma plataforma única para a interseção entre ciência e indústria, com potencial para influenciar diretamente os mercados globais Halal, avaliados em mais de US$ 2 trilhões.

Uma Plataforma para Inovação e Intercâmbio Científico

O congresso oferece uma oportunidade excepcional para pesquisadores, cientistas e profissionais da indústria apresentarem estudos inovadores e avanços técnicos no setor Halal. A colaboração entre organizadores de peso demonstra a importância global do evento para o avanço da garantia de qualidade e padronização Halal. Entre os co-organizadores estão o HALAL CONTROL GmbH (Alemanha), a Universidade de Tuzla, a Faculdade de Estudos Islâmicos da Universidade de Sarajevo, além do apoio do Instituto de Normas e Metrologia para Países Islâmicos (SMIIC/OIC).

Esta união estratégica de instituições diversas ressalta o caráter internacional do evento e seu objetivo de criar um fórum dinâmico para o intercâmbio de conhecimentos. “Este congresso não é apenas uma reunião acadêmica; é um fórum dinâmico onde a ciência encontra a indústria, e onde os resultados das pesquisas podem influenciar diretamente os mercados Halal globais”, afirmou o Dr. Damir Alihodžić, Presidente do Comitê Organizacional e Diretor da Agência para Certificação de Qualidade Halal.

A importância desse intercâmbio científico não pode ser subestimada, especialmente considerando a relevância crescente dos produtos Halal em mercados não tradicionais. O congresso funcionará como um catalisador para inovações que podem transformar práticas industriais e expandir o alcance dos produtos Halal em escala global.

Tópicos Diversos para Moldar o Futuro das Normas Halal

O programa do congresso abrangerá uma variedade impressionante de temas relevantes para os aspectos científicos e comerciais da indústria Halal. Os tópicos de discussão cobrem praticamente todos os setores onde as normas Halal têm aplicação, refletindo a natureza cada vez mais diversificada do mercado.

A certificação e acreditação Halal representam um pilar fundamental das discussões, abordando os desafios em evolução e melhorias nos sistemas de garantia de qualidade. Este tópico é particularmente relevante em um contexto onde a harmonização de normas internacionais permanece um desafio significativo. A nutrição Halal em economias desenvolvidas também será analisada, com foco especial no impacto da produção industrial de alimentos sobre os padrões dietéticos Halal.

No campo científico, a análise de substâncias haram (proibidas) receberá atenção especial, explorando métodos analíticos de última geração para identificar componentes não-Halal em alimentos e produtos farmacêuticos. Esta área de pesquisa é crucial para garantir a integridade dos produtos Halal em cadeias de suprimentos cada vez mais complexas.

O evento também abordará a aplicação de princípios Halal em setores além da alimentação, incluindo cosméticos e produtos farmacêuticos, além do turismo e gastronomia Halal, avaliando o crescente mercado para experiências de viagem e culinárias amigas do Halal. A medicina e produtos farmacêuticos Halal representam outro campo de expansão, investigando a conformidade Halal em tratamentos médicos e fabricação de medicamentos.

As finanças e bancos islâmicos estarão igualmente em pauta, avaliando a interseção dos princípios Halal com os sistemas financeiros modernos. A sustentabilidade no contexto Halal ganha destaque, promovendo práticas ecologicamente corretas dentro da economia Halal, enquanto as normas de higiene e saneamento em conformidade Halal completam o quadro, discutindo estruturas regulatórias que alinham protocolos de higiene com diretrizes Halal.

Esta gama diversificada de tópicos reflete a natureza evolutiva da indústria Halal, que se estende para além da alimentação e impacta vários aspectos dos bens de consumo, finanças e tecnologia no mundo contemporâneo.

Um Chamado Global à Participação

Os organizadores do congresso emitiram um convite aberto para submissão de resumos, convidando profissionais, acadêmicos e líderes da indústria a apresentarem artigos de pesquisa e apresentações técnicas. O evento oferece oportunidades significativas de publicação, com resumos selecionados sendo publicados no Livro de Resumos, enquanto os artigos completos passarão por revisão por pares e serão apresentados no Journal for Halal Quality and Certification, uma revista científica de reconhecimento internacional.

O cronograma de submissão estabelece marcos claros para os participantes interessados. O prazo para envio de resumos foi definido para 30 de março de 2025, com a notificação de aceitação programada para 15 de abril de 2025. Já o prazo para submissão do artigo completo será 30 de abril de 2025, com a notificação de aceitação prevista para 15 de maio de 2025. O congresso em si acontecerá nos dias 16 e 17 de junho de 2025.

Esta estrutura temporal bem planejada permite que pesquisadores e profissionais preparem contribuições de alta qualidade e possam se organizar adequadamente para o evento. As submissões podem ser enviadas para [email protected], e informações adicionais estão disponíveis no site oficial www.congress.halal.ba.

A Significância do Congresso Europeu Halal

A indústria Halal, avaliada em mais de US$ 2 trilhões globalmente, está passando por transformações rápidas impulsionadas por avanços tecnológicos, demanda dos consumidores e mudanças regulatórias. Eventos como o Congresso Europeu Halal fornecem uma plataforma essencial para discutir esses desenvolvimentos, garantindo que produtos e serviços Halal atendam aos mais altos padrões de qualidade, ética e sustentabilidade.

O congresso serve como um ponto de encontro estratégico para empresas e formuladores de políticas colaborarem na definição do futuro da indústria. Essa cooperação é vital em um ambiente onde as expectativas dos consumidores estão evoluindo rapidamente e onde novos mercados para produtos Halal continuam a emergir.

A realização deste congresso na Bósnia e Herzegovina também destaca o papel crescente da Europa como um centro de excelência em certificação e inovação Halal. A região tem testemunhado um aumento significativo na demanda por produtos Halal, impulsionando a necessidade de padronização e pesquisa de qualidade.

Um Passo Adiante para a Economia Halal Global

À medida que os mercados Halal continuam a se expandir, fomentar o diálogo e a pesquisa torna-se ainda mais crítico. O 3º Congresso Europeu Halal representa um passo vital para garantir que os princípios Halal permaneçam relevantes, cientificamente fundamentados e globalmente reconhecidos.

O evento não é apenas uma conferência, mas um movimento em direção a uma indústria Halal mais integrada e sustentável. Para pesquisadores, empreendedores e formuladores de políticas, este congresso representa uma oportunidade imperdível de influenciar o futuro da certificação Halal e estabelecer conexões valiosas com líderes do setor.

A localização do evento no Hotel Hills Sarajevo também oferece aos participantes a oportunidade de experimentar a rica história e cultura da Bósnia e Herzegovina, um país com uma longa tradição de práticas Halal. Esta dimensão cultural adiciona valor ao congresso, permitindo que os participantes experimentem em primeira mão um ambiente onde as tradições Halal são parte integrante da vida cotidiana.

Conclusão

O 3º Congresso Europeu Halal 2025 se apresenta como um marco significativo para a indústria Halal global. Ao reunir especialistas de diversos campos, o evento promete catalizar inovações, estabelecer normas mais robustas e criar oportunidades de negócios significativas. A natureza interdisciplinar do congresso, abrangendo desde aspectos científicos até considerações comerciais, reflete a complexidade e o alcance cada vez maior dos produtos e serviços Halal no mundo contemporâneo.

Para profissionais, acadêmicos e entusiastas do setor Halal, este congresso representa uma oportunidade inestimável para moldar o futuro da indústria e contribuir para seu desenvolvimento contínuo. À medida que a demanda por produtos Halal continua a crescer globalmente, eventos como este se tornam cada vez mais essenciais para garantir que as práticas da indústria permaneçam alinhadas com os princípios fundamentais do Halal, enquanto abraçam inovações tecnológicas e científicas.

Referências

  1. Agência para Certificação de Qualidade Halal da Bósnia e Herzegovina. Congresso Europeu Halal 2025. https://congress.halal.ba
  2. The Halal Times. Congresso Europeu Halal 2025 Para Avançar Normas Halal e Impulsionar a Inovação. https://www.halaltimes.com/european-halal-congress-2025-to-advance-halal-standards-and-drive-innovation/
  3. Cyber Islam. 3º Congresso Europeu Halal. https://www.cyber-islam.eu/2025/03/01/3-european-halal-congress/
  4. LinkedIn. Post do Congresso Europeu Halal. https://www.linkedin.com/posts/congress-of-halal-quality-bosnia-and-herzegovina_europeanhalalcongress-halalkongres-halalcongress-activity-7298636606872211456-VTgo
Marrocos Amplia Mercado para Carnes Vermelhas Brasileiras: Oportunidades e Impactos Econômicos

Marrocos Amplia Mercado para Carnes Vermelhas Brasileiras: Oportunidades e Impactos Econômicos

O governo brasileiro anunciou recentemente uma importante conquista para o setor agropecuário nacional. As autoridades sanitárias marroquinas aprovaram um novo Certificado Sanitário Internacional (CSI) que atualiza os requisitos para exportações de carne bovina brasileira e, pela primeira vez, autoriza a importação de miúdos bovinos brasileiros para o país norte-africano. Esta decisão representa um significativo avanço nas relações comerciais entre os dois países e abre novas oportunidades para os produtores brasileiros no mercado internacional.

O Acordo e suas Implicações Econômicas

O novo certificado sanitário aprovado pelo Marrocos não apenas atualiza os requisitos para a exportação de carne bovina brasileira, mas também amplia o escopo dos produtos permitidos, incluindo agora os miúdos bovinos. Esta aprovação reflete a confiança das autoridades marroquinas no sistema de inspeção sanitária brasileiro e cria oportunidades adicionais para os produtores nacionais desenvolverem parcerias comerciais mais abrangentes na região.

Com esta conquista, o agroalimentar brasileiro atinge sua 46ª abertura de mercado em 2025, totalizando impressionantes 346 novas oportunidades comerciais desde o início de 2023. Estes resultados são fruto de uma coordenação eficiente entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores, demonstrando o compromisso do governo brasileiro em expandir as exportações agropecuárias.

Potencial do Mercado Marroquino

O Marrocos representa um mercado extremamente promissor para os produtos agropecuários brasileiros. Com uma população superior a 37 milhões de habitantes, o país norte-africano importou mais de US$ 43 milhões em produtos cárneos em 2023, tendo o Brasil como seu segundo principal fornecedor. Este dado evidencia a já existente relação comercial entre os dois países, que agora se fortalece ainda mais com a ampliação dos produtos permitidos.

Em 2024, as exportações agrícolas brasileiras para o Marrocos já totalizaram aproximadamente US$ 1,36 bilhão, destacando-se produtos como açúcar e etanol, cereais, farinhas e preparações, animais vivos e café. A inclusão dos miúdos bovinos na lista de produtos permitidos representa um potencial aumento nesse valor, agregando ainda mais valor à cadeia produtiva brasileira.

Contexto de Alta de Preços no Marrocos

A abertura do mercado marroquino para mais produtos cárneos brasileiros ocorre em um momento oportuno. O país norte-africano tem enfrentado uma alta histórica nos preços das carnes vermelhas, com valores chegando a 120 dirhams por quilo (aproximadamente R$ 65) em algumas cidades como Casablanca. Esta elevação de preços tem sido impulsionada por diversos fatores, incluindo o estresse hídrico, aumento dos custos dos insumos agrícolas e flutuações nos mercados internacionais.

Para amenizar essa situação e garantir o abastecimento do mercado interno com carnes a preços mais acessíveis, o Marrocos tem buscado diversificar suas fontes de importação. Além do Brasil, o país também firmou acordos com a Argentina e sete empresas espanholas para importação de carnes vermelhas. Estas medidas visam promover uma redução gradual dos preços no mercado local.

Certificação Halal e Controle Sanitário

Um aspecto fundamental para a exportação de carnes para o Marrocos é a certificação Halal, que garante que os produtos atendem aos requisitos religiosos islâmicos. O Brasil, que possui uma significativa indústria de alimentos certificados Halal, está bem posicionado para atender a essa exigência. As carnes brasileiras exportadas para o Marrocos devem contar com certificação Halal emitida por organismo islâmico reconhecido.

Além da certificação religiosa, o Marrocos impõe rigorosos controles sanitários para as carnes importadas. O Escritório Nacional de Segurança Sanitária dos Produtos Alimentares do Marrocos (ONSSA) estabelece que as carnes importadas sejam submetidas a inspeções nas fronteiras e acompanhadas de certificado sanitário emitido pelas autoridades competentes do país de origem, além do certificado de abate Halal.

Perspectivas e Estratégia de Crescimento

A aprovação do novo certificado sanitário representa mais do que uma simples abertura de mercado; é parte de uma estratégia mais ampla de expansão da presença brasileira em mercados internacionais. O Brasil tem trabalhado intensamente para abrir novos mercados para seus produtos agropecuários, tendo alcançado 46 novas aberturas apenas em 2025.

Para o Marrocos, a importação de carnes brasileiras se insere em uma estratégia nacional de modernização e fortalecimento da fileira de carnes vermelhas. O país tem planos ambiciosos, que incluem o aumento da produção anual para 850.000 toneladas até 2030, a modernização de 120 abatedouros aprovados e a melhoria da produtividade, aumentando o peso médio das carcaças para 270 kg para bovinos.

Brasil como Potência Exportadora

O acordo com o Marrocos reforça a posição do Brasil como uma potência global no setor agropecuário. O país tem expandido consistentemente sua presença em mercados internacionais, com destaque para produtos como carne bovina, frango, soja, açúcar e café. Em 2023, o Marrocos importou um total de 2.807 toneladas de carne bovina do Brasil, tornando-se o quarto maior importador africano de produtos brasileiros.

Ao final de 2024, o Brasil já havia exportado para o Marrocos 1.530 toneladas de carne bovina, inserindo-se em um contexto global em que o Brasil exportou um total de 2,645 milhões de toneladas para o mundo todo. A perspectiva é que essas exportações continuem crescendo, especialmente após a aprovação do novo certificado sanitário.

Esta ampliação do mercado para as carnes vermelhas brasileiras no Marrocos não apenas beneficia os produtores brasileiros, mas também contribui para a segurança alimentar marroquina, oferecendo alternativas mais acessíveis para os consumidores locais em um período de alta de preços. A diversificação das fontes de importação de carnes é uma estratégia importante para o Marrocos garantir o abastecimento de seu mercado interno.

A aprovação do novo certificado sanitário marca um importante capítulo nas relações comerciais entre Brasil e Marrocos, abrindo caminho para um intercâmbio comercial ainda mais intenso no futuro. As negociações continuam para reduzir as tarifas alfandegárias impostas pelo Marrocos sobre os produtos brasileiros, o que poderá impulsionar ainda mais as exportações brasileiras para esse mercado estratégico no norte da África.

Referências

  1. Le Matin – Le Maroc ouvre davantage son marché aux viandes rouges brésiliennes – https://lematin.ma/economie/le-maroc-ouvre-davantage-son-marche-aux-viandes-rouges-bresiliennes/273492
  2. UOL Economia – Marrocos abre mercado para carne bovina e miúdos do Brasil – https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2025/04/08/marrocos-abre-mercado-para-carne-bovina-e-miudos-do-brasil.htm
  3. Agro2 – Brasil passa a exportar carne bovina para o Marrocos e feijão para o Peru – https://agro2.com.br/economia/brasil-passa-a-exportar-carne-bovina-para-o-marrocos-e-feijao-para-o-peru/
  4. TelQuel – Le Maroc augmente ses importations de viande bovine en provenance du Brésil – https://mobile.telquel.ma/instant-t/2024/12/31/le-maroc-augmente-ses-importations-de-viande-bovine-en-provenance-du-bresil_1911263/
  5. Le Matin – Après le Brésil, des viandes ‘halal’ d’Argentine et d’Espagne au Maroc – https://lematin.ma/economie/des-viandes-halal-dargentine-et-despagne-dans-le-marche-marocain/256915
  6. H24Info – Viandes rouges surgelées: l’ONSSA s’engage à un contrôle rigoureux – https://www.h24info.ma/maroc/viandes-rouges-surgelees-lonssa-sengage-a-un-controle-rigoureux/

Nova Proibição de Importação de Carne e Queijo da UE Gera Questionamentos para o Mercado Halal do Reino Unido

Proibição de Importação da UE Impacta Mercado Halal no Reino Unido

Nova Proibição de Importação de Carne e Queijo da UE Gera Questionamentos para o Mercado Halal do Reino Unido

A recente proibição temporária imposta pelo governo britânico sobre importação de carnes e laticínios da União Europeia, motivada pela preocupação com a propagação da febre aftosa, levanta questões significativas para o mercado Halal no Reino Unido. Esta medida emergencial afeta diretamente a disponibilidade e os preços de produtos Halal, criando desafios e oportunidades para consumidores muçulmanos e produtores domésticos. As comunidades britânicas muçulmanas, bangladeshianas, paquistanesas e sul-asiáticas poderão enfrentar mudanças nas cadeias de abastecimento de alimentos que respeitam seus requisitos religiosos.

Contexto da Nova Proibição de Importação

O governo do Reino Unido implementou, a partir de 12 de abril de 2025, uma proibição temporária sobre a importação pessoal de produtos de carne e laticínios provenientes de todos os países da União Europeia. Esta medida foi adotada como resposta ao aumento de casos de febre aftosa detectados em diversos países europeus, incluindo Alemanha, Hungria, Eslováquia e Áustria. A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido como gado, ovelhas, porcos e outros animais como javalis selvagens, veados, lhamas e alpacas, representando um risco significativo para a indústria pecuária britânica.

A proibição abrange uma ampla gama de produtos, incluindo carne suína, bovina, de cordeiro, carneiro, cabra, veado e derivados como salsichas, além de produtos lácteos como leite, manteiga, queijo e iogurte. Essas restrições aplicam-se especificamente a viajantes que chegam à Grã-Bretanha vindos de países da UE, não importando se os produtos estão embalados ou foram adquiridos em lojas duty-free. Importante ressaltar que esta proibição atualmente afeta apenas importações pessoais e não comerciais, embora estas últimas já estejam sujeitas a regulamentos sanitários mais rigorosos.

O Ministro da Agricultura britânico, Daniel Zeichner, enfatizou o compromisso do governo em proteger os agricultores britânicos da febre aftosa, declarando que as restrições visam prevenir a propagação da doença e proteger a segurança alimentar da Grã-Bretanha. Esta ação preventiva busca evitar uma repetição do devastador surto de 2001, que resultou no abate de mais de seis milhões de animais e causou prejuízos bilionários para o setor agrícola do país.

Implicações Específicas para o Mercado Halal

As novas restrições de importação suscitam preocupações particulares dentro do setor alimentício Halal britânico. Historicamente, uma parcela significativa dos produtos Halal consumidos no Reino Unido tem origem em países da UE com cadeias de abastecimento e processos de certificação Halal bem estabelecidos. A proibição atual, mesmo focada em importações pessoais, pode sinalizar um período prolongado de restrições caso a situação da febre aftosa se agrave na Europa.

Para a comunidade muçulmana britânica, que já enfrentava adaptações nas importações após o Brexit, esta nova camada de restrições adiciona maior complexidade ao mercado. Muitos consumidores muçulmanos no Reino Unido têm preferências por produtos específicos de certas regiões europeias que oferecem certificações Halal confiáveis e atendem aos requisitos religiosos de abate. A interrupção dessas importações pessoais pode afetar particularmente aqueles que viajam frequentemente e costumam trazer tais produtos para consumo próprio.

Existe também a preocupação de que, se a proibição se estender ou influenciar o comércio mais amplo, poderá haver impacto nos preços dos produtos Halal no mercado britânico. O aumento da demanda por fontes domésticas, combinado com uma possível redução na disponibilidade geral, pode levar a aumentos de preços, afetando especialmente consumidores de baixa renda nas comunidades muçulmanas, que dependem do acesso a alimentos que cumpram com suas obrigações religiosas.

Oportunidades para Produtores Domésticos de Alimentos Halal

A proibição atual, embora desafiadora para importadores e consumidores, apresenta oportunidades significativas para produtores domésticos de carne Halal no Reino Unido. O provável aumento na demanda por produtos Halal produzidos localmente pode estimular o crescimento e desenvolvimento desse setor específico da indústria alimentícia britânica. Agricultores e abatedouros que aderem às práticas de abate Halal enfrentarão pressão para aumentar sua produção, mas também poderão capitalizar sobre a maior demanda do mercado.

Para os produtores Halal britânicos, esta situação oferece uma chance de expandir suas operações e possivelmente conquistar maior participação de mercado anteriormente ocupada por importações. Empresas locais que investirem em certificação adequada e ampliação de capacidade produtiva poderão se beneficiar a médio e longo prazo, fortalecendo a presença doméstica no setor Halal. No entanto, aumentar rapidamente a capacidade de produção Halal apresenta desafios significativos, incluindo a necessidade de garantir que todos os novos processos estejam em conformidade com os requisitos religiosos islâmicos.

Fornecedores e varejistas de produtos Halal baseados no Reino Unido provavelmente buscarão fontes alternativas, seja de produtores domésticos ou de países fora da UE com capacidades estabelecidas de exportação Halal. Isso pode levar ao desenvolvimento de novas parcerias comerciais e, possivelmente, a uma reestruturação das cadeias de abastecimento Halal para o mercado britânico, reduzindo a dependência de fontes europeias no futuro.

Complexidades Regulatórias e Certificação Halal

A atual proibição de importação ressalta a interseção entre medidas de segurança de alimentos baseadas em ciência e requisitos religiosos para certificação Halal. Enquanto a proibição governamental concentra-se na prevenção da transmissão de doenças animais, os requisitos Halal focam em aspectos específicos do abate e processamento que seguem princípios islâmicos, criando uma camada adicional de complexidade para produtores e importadores.

Um aspecto particularmente relevante nessa discussão refere-se ao atordoamento pré-abate dos animais. Uma decisão da Corte de Justiça Europeia de 2019 determinou que a carne derivada de animais abatidos de acordo com ritos religiosos sem atordoamento prévio não pode ser certificada como orgânica na UE. A Corte concluiu que tais práticas não atendem aos mais elevados padrões de bem-estar animal, considerados necessários para obter a certificação orgânica européia.

Esta decisão ilustra as complexidades enfrentadas por produtores e consumidores de carne Halal, que precisam navegar entre diferentes normas e requisitos, frequentemente divergentes. É importante observar que existe diversidade de opiniões dentro das próprias comunidades muçulmanas sobre o atordoamento pré-abate, com algumas autoridades religiosas permitindo certas formas de atordoamento reversível, desde que os animais estejam vivos no momento do corte ritual.

Impacto nas Comunidades Muçulmanas Britânicas

Para as comunidades muçulmanas do Reino Unido, incluindo britânicos de origem bangladeshiana, paquistanesa e sul-asiática, a proibição representa um desafio adicional ao acesso a alimentos culturalmente apropriados e religiosamente aceitáveis. Estas comunidades já enfrentavam adaptações nas cadeias de abastecimento alimentar após o Brexit, e esta nova medida adiciona mais uma camada de complexidade ao seu cotidiano.

As comunidades muçulmanas britânicas dependem fortemente da disponibilidade contínua de produtos Halal certificados para manter suas práticas alimentares religiosas. Qualquer disrupção nessas cadeias de abastecimento pode ter impactos sociais e culturais significativos, além das questões econômicas. Restaurantes, açougues e outros estabelecimentos especializados em alimentos Halal podem enfrentar dificuldades para manter a consistência na oferta de produtos, potencialmente afetando tanto empresários quanto consumidores desses segmentos.

A adaptação a essas novas circunstâncias poderá exigir maior flexibilidade das comunidades muçulmanas na busca por fontes alternativas de produtos Halal, possivelmente explorando novas marcas e fornecedores. Embora inicialmente desafiadora, esta situação também pode fortalecer conexões entre produtores locais Halal e consumidores muçulmanos, potencialmente criando cadeias de abastecimento mais curtas e sustentáveis a longo prazo.

Perspectivas Futuras para o Mercado Halal Britânico

A duração da atual proibição permanece indefinida, com o governo do Reino Unido indicando que as restrições continuarão em vigor até que o risco de propagação da febre aftosa seja adequadamente mitigado. Esta incerteza temporal cria desafios adicionais para planejamento tanto para empresas quanto para consumidores no setor Halal.

No longo prazo, esta situação poderá acelerar tendências que já estavam em desenvolvimento após o Brexit, como o aumento da produção doméstica de carne Halal e o desenvolvimento de novas rotas comerciais para importação de produtos Halal de países fora da UE. O mercado Halal britânico, avaliado em bilhões de libras anualmente, tem demonstrado resiliência considerável diante de mudanças regulatórias anteriores, sugerindo capacidade de adaptação a este novo cenário.

Para os produtores Halal domésticos, o momento atual representa uma oportunidade estratégica para investimento em capacidade produtiva e inovação em produtos que atendam às necessidades específicas de diferentes segmentos da comunidade muçulmana britânica. Empresas que aproveitarem este período para fortalecer suas credenciais de certificação Halal e expandir suas operações poderão emergir em posição mais competitiva quando o mercado eventualmente se estabilizar.

Conclusão

A proibição temporária de importações pessoais de carne e queijo da UE para o Reino Unido, embora motivada por preocupações legítimas de saúde animal, cria repercussões complexas para o mercado Halal britânico. O setor enfrentará desafios de abastecimento no curto prazo, mas também terá oportunidades para desenvolvimento de capacidade produtiva doméstica e diversificação de fontes internacionais no médio e longo prazos.

Para o mercado Halal especificamente, esta situação serve como catalisador para reflexão sobre resiliência da cadeia de abastecimento e dependência de importações. Produtores domésticos têm agora uma janela de oportunidade para expandir sua participação no mercado, enquanto consumidores muçulmanos podem precisar adaptar-se a mudanças na disponibilidade e preços de certos produtos, pelo menos temporariamente.

As autoridades reguladoras britânicas devem considerar as necessidades específicas das comunidades que dependem de alimentos Halal ao desenvolver e implementar medidas de controle sanitário. Um diálogo construtivo entre reguladores, produtores e representantes da comunidade muçulmana será essencial para garantir que as medidas de segurança de alimentos sejam eficazes enquanto respeitam os requisitos religiosos dessenciais para a certificação Halal.

A longo prazo, a resiliência do mercado Halal britânico dependerá da capacidade dos diversos atores envolvidos de adaptarem-se e inovarem em resposta a um ambiente regulatório e comercial em constante mudança, sempre mantendo o foco nos princípios fundamentais da certificação Halal e na segurança de alimentos para todos os consumidores.

Referências

  1. New EU Import Ban on Meat and Cheese Raises Questions for UK Halal Market (https://dazzlingdawn.com/2025/4/16/new-eu-import-ban-on-meat-and-cheese-raises-questions-for-uk-halal-market)
  2. UK ban on EU cheese and meat: What it means for you – BBC (https://www.bbc.com/news/articles/c0qn7jzj3qgo)
  3. UK bans EU cheese and meat to stop disease spreading – BBC (https://www.bbc.com/news/articles/cx2vpp8zzd7o)
  4. Government extends ban on personal meat imports to protect farmers from foot and mouth (https://www.gov.uk/government/news/government-extends-ban-on-personal-meat-imports-to-protect-farmers-from-foot-and-mouth)
  5. Halal meat cannot be certified as organic under the EU law (https://www.euromeatnews.com/Article-Halal-meat-cannot-be-certified-as-organic-under-the-EU-law/2637)
  6. European travellers banned from bringing meat and dairy into the UK (https://www.euronews.com/travel/2025/04/16/travel-warning-bringing-european-meat-and-dairy-products-into-the-uk-could-land-you-a-6000)
Tudo sobre refeições Halal em voos internacionais: o que saber e como solicitar

As 5 Principais Companhias Aéreas que Oferecem Refeições de Alta Qualidade com Certificação Halal

Ao embarcar em uma viagem aérea, os passageiros muçulmanos frequentemente enfrentam a preocupação de encontrar refeições adequadas que atendam aos requisitos Halal. Felizmente, algumas das principais companhias aéreas do mundo agora oferecem opções culinárias de alta qualidade com certificação Halal, elevando a experiência de viagem para milhões de passageiros. Este cenário representa não apenas um avanço em termos de inclusão, mas também reflete o crescimento significativo do mercado Halal global, que continua a se expandir além dos produtos alimentícios para abranger diversos setores, incluindo turismo e serviços de hospitalidade.

O Panorama das Refeições Halal em Companhias Aéreas

A certificação Halal para refeições aéreas tornou-se um diferencial competitivo importante para as companhias, especialmente aquelas que operam em rotas com grande demanda de passageiros muçulmanos. A certificação Halal envolve um processo rigoroso que verifica se os alimentos estão em conformidade com os preceitos islâmicos, garantindo que não contenham substâncias proibidas como carne suína e álcool, além de assegurar que os métodos de processamento sigam as diretrizes da lei islâmica.

Em voos internacionais, as refeições Halal são frequentemente identificadas pelo código MOML (Muslim Meal). No entanto, é importante notar que nem todas as refeições rotuladas como MOML possuem certificação Halal oficial. Algumas companhias simplesmente oferecem refeições sem ingredientes proibidos, mas sem passar pelo processo formal de certificação, enquanto outras investem em certificação completa por organismos reconhecidos internacionalmente.

As Cinco Estrelas da Culinária Halal nos Céus

1. Emirates

A Emirates lidera o ranking como a companhia aérea que serve as melhores refeições a bordo, todas com certificação Halal. Desde o cordeiro biryani até o curry de frango com arroz e salmão defumado, cada prato é preparado com atenção meticulosa e é adequado para muçulmanos, utilizando ingredientes de alta qualidade. O compromisso com a alimentação Halal se aplica a todos os voos da Emirates em todas as classes, tornando-a uma escolha confiável para viajantes muçulmanos.

A demanda por refeições vegetarianas e veganas na Emirates também cresceu significativamente, com um aumento de 40% ano a ano no consumo de refeições à base de plantas em sua rede. Em 2023, a companhia serviu mais de 450.000 refeições veganas em seus voos, um aumento substancial em relação às 280.000 refeições veganas servidas em 2022.

2. Etihad

De acordo com o site oficial da Etihad, todas as refeições servidas a bordo são preparadas conforme rigorosas regulamentações Halal. Isso significa que passageiros muçulmanos não precisam fazer uma solicitação especial para refeições Halal com antecedência. A experiência gastronômica da Etihad é considerada cinco estrelas, com pratos inspirados nos destinos globais da companhia aérea, como o margooga de frango e frango ao molho curry japonês.

3. Turkish Airlines

Constantemente classificada entre as companhias aéreas com as melhores refeições, a Turkish Airlines está comprometida em servir alimentos preparados de acordo com as diretrizes islâmicas. Seu cardápio premiado apresenta uma variedade de pratos, desde a culinária tradicional turca até sabores globais. Passageiros da classe executiva podem saborear especialidades como o defumado kebab Adana, enquanto os viajantes da classe econômica desfrutam de sanduíches frescos feitos com diversos pães e condimentos.

4. Delta

Embora a Delta possa não ser o primeiro nome que vem à mente quando se pensa em refeições Halal, esta companhia aérea norte-americana oferece refeições Halal pré-encomendadas. Todas as refeições solicitadas desta forma são livres de carne suína, derivados de porco e álcool. Passageiros voando na Primeira Classe, Delta One e em todos os voos da Main Cabin podem solicitar refeições Halal com antecedência para uma experiência gastronômica mais inclusiva.

5. ANA

A All Nippon Airways (ANA) oferece refeições muçulmanas que aderem às regulamentações e costumes do Islam. As refeições são preparadas sem ingredientes proibidos como carne suína, derivados de porco, gelatina, álcool ou frutos do mar fora das diretrizes Halal. Alguns pratos incluem frango ao curry com manteiga, curry de espinafre com queijo cottage, salada de quatro feijões e muffins de abóbora.

O Que Diferencia as Líderes em Serviços Halal

As companhias aéreas líderes em ofertas Halal não apenas fornecem refeições certificadas, mas também incorporam uma compreensão mais ampla das necessidades dos viajantes muçulmanos. Isso inclui considerações sobre horários de oração, disponibilidade de opções de entretenimento apropriadas e atenção a requisitos culturais específicos.

A certificação Halal desempenha um papel crucial no mercado global, garantindo que produtos e serviços atendam às exigências da lei islâmica. Para produtos alimentícios, isso envolve verificar a origem dos ingredientes, os métodos de processamento e manipulação, além de garantir a ausência de substâncias não-Halal. Um sistema de certificação Halal confiável e credível é essencial para construir a confiança do consumidor e garantir acesso a mercados internacionais.

Desafios na Oferta de Refeições Halal em Voos

Apesar dos avanços, existem desafios significativos na oferta de refeições Halal em voos. Um incidente relatado em março de 2024 envolveu um casal de Glasgow que havia solicitado refeições veganas em um voo da Emirates de Dubai para Bangkok, mas recebeu refeições com carne Halal por engano. Este caso destaca a complexidade de gerenciar diferentes tipos de solicitações de refeições especiais e a importância de sistemas robustos para rastrear e atender a essas solicitações.

Outro desafio é a variação nas normas e certificações Halal entre diferentes países e regiões. O que é considerado Halal em um país pode não ser aceito em outro, criando desafios para companhias aéreas internacionais que servem passageiros de diversas origens.

O Crescimento do Mercado Halal Global e seu Impacto nas Políticas das Companhias Aéreas

O mercado Halal global está avaliado em trilhões de dólares americanos e projeta-se um crescimento robusto contínuo nos próximos anos. Estima-se que a economia Halal global esteja crescendo a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 7,5%, podendo atingir US$ 2,8 trilhões até 2025.

Este crescimento é impulsionado pelo aumento da população muçulmana global, maior consciência e demanda por produtos éticos e em conformidade com a Sharia, e o reconhecimento das normas Halal como marca de qualidade e segurança. O mercado Halal não está mais restrito apenas a produtos alimentícios, tendo evoluído para um ecossistema diversificado que abrange finanças Halal, turismo, moda, cosméticos, produtos farmacêuticos e entretenimento.

As companhias aéreas estão respondendo a esta tendência não apenas oferecendo refeições Halal, mas também considerando outros aspectos da experiência de viagem para atender às necessidades dos viajantes muçulmanos. Isso inclui a disponibilização de salas de oração em aeroportos, opções de entretenimento a bordo compatíveis com valores islâmicos e treinamento da tripulação para compreender e respeitar as necessidades culturais e religiosas dos passageiros muçulmanos.

Dicas para Viajantes Muçulmanos ao Escolher Companhias Aéreas

Para os viajantes muçulmanos que buscam garantir que suas necessidades sejam atendidas durante o voo, aqui estão algumas dicas práticas:

  1. Entenda o que envolve a comida Halal aérea: Alimentos Halal em companhias aéreas referem-se a refeições que seguem as leis dietéticas islâmicas prescritas no Alcorão e Sunnah (Tradição profética) . Estas refeições são preparadas de acordo com os padrões Halal, utilizando ingredientes certificados Halal e garantindo que não ocorra contaminação cruzada com alimentos não-Halal.
  2. Reserve sua refeição Halal com antecedência: Para garantir que você receba uma refeição Halal, é essencial solicitá-la com antecedência. A maioria das companhias aéreas exige que você faça essa solicitação pelo menos 24 a 48 horas antes do seu voo.
  3. Verifique diretamente com a companhia aérea: Confirme sua solicitação de refeição Halal diretamente com a companhia aérea alguns dias antes do seu voo, além de informar seu agente de viagens. Mantenha e-mails de confirmação ou números de referência relacionados ao seu pedido de refeição especial.
  4. Reconfirme a bordo: Reconfirme educadamente seu pedido de refeição Halal com a tripulação de cabine ao embarcar no voo. Verifique cuidadosamente o conteúdo da sua refeição antes de consumi-la para garantir que esteja de acordo com seus requisitos dietéticos.

Opção Kosher como Alternativa em Voos Internacionais

Além das refeições Halal, companhias aéreas brasileiras como LATAM, Azul e Avianca também oferecem a opção de refeição kosher (KSML) em voos internacionais de longa duração. A solicitação deve ser feita com antecedência, geralmente pelo site, aplicativo ou central de atendimento, logo após a reserva, para garantir o serviço no dia da viagem. A maioria das restrições alimentares presentes na tradição kosher, como a proibição da carne de porco, coincide com as normas Halal, tornando a refeição kosher uma alternativa viável na ausência de opções Halal. O próprio Alcorão, no versículo 5:5 da surata Al-Maida, permite aos muçulmanos consumir o alimento do “Povo do Livro”, ou seja, judeus e cristãos, desde que respeitadas as demais restrições islâmicas e o método de abate manual.

O Futuro das Ofertas Halal em Viagens Aéreas

O futuro das ofertas Halal em viagens aéreas parece promissor à medida que mais companhias reconhecem o valor de atender ao crescente segmento de viajantes muçulmanos. Espera-se que mais companhias aéreas busquem certificação Halal para suas refeições e desenvolvam programas abrangentes para atender às diversas necessidades dos passageiros muçulmanos.

A colaboração entre companhias aéreas e organismos de certificação Halal, como o JAKIM da Malásia, provavelmente se tornará mais comum. O JAKIM é amplamente reconhecido como uma referência global em certificação Halal, estabelecendo normas rigorosas que são aceitas em numerosos países ao redor do mundo. Sua expertise pode ajudar as companhias aéreas a implementar práticas Halal consistentes e de alta qualidade.

As inovações tecnológicas também desempenharão um papel importante no futuro das ofertas Halal em voos, permitindo melhor rastreabilidade dos ingredientes, sistemas de pedidos mais eficientes e maior transparência para os passageiros sobre o status Halal de suas refeições.

Conclusão

As cinco principais companhias aéreas que oferecem refeições de alta qualidade com certificação Halal – Emirates, Etihad, Turkish Airlines, Delta e ANA – estão liderando o caminho na criação de experiências de viagem mais inclusivas e acolhedoras para passageiros muçulmanos. Seu compromisso com a excelência culinária e com o atendimento das necessidades dietéticas religiosas demonstra uma resposta ao crescente mercado Halal global e uma compreensão mais profunda da diversidade de seus passageiros.

À medida que o mercado Halal continua a se expandir globalmente, podemos esperar que mais companhias aéreas sigam este exemplo, melhorando suas ofertas Halal e considerando abordagens mais holísticas para atender às necessidades dos viajantes muçulmanos. Para os passageiros, isso significa mais opções, maior confiança e uma experiência de viagem mais confortável e agradável.

A evolução das ofertas Halal em viagens aéreas não é apenas uma tendência de negócios, mas um reflexo de um mundo cada vez mais consciente e respeitoso com a diversidade cultural e religiosa. As companhias aéreas que reconhecem e atendem a essa diversidade não apenas ganham vantagem competitiva, mas também contribuem para uma indústria de viagens mais inclusiva e acolhedora para todos.

Referências

  1. Alternative Airlines. Guide to Airlines With Halal In-Flight Mealshttps://www.alternativeairlines.com/halal-airline-meals
  2. Centro Halal Da América Latina. Notícias: JAKIM planeja estabelecer certificação Halal nas Filipinashttps://www.centrohalal.com.br/jakim-certificacao-halal-filipinas/
  3. Halal Times. Top 5 Airlines Now Offer Top-Rated Food with Halal Certificationhttps://www.halaltimes.com/top-5-airlines-now-offer-top-rated-food-with-halal-certification/
  4. Halal Times. Emirates Serves Halal Instead of Vegan Meal to Passengershttps://www.halaltimes.com/emirates-serves-halal-instead-of-vegan-meal-to-passengers
  5. Tempo.co. Top 5 Airlines with the Best Food and Halal Certifiedhttps://en.tempo.co/read/1996607/top-5-airlines-with-the-best-food-and-halal-certified

Banner promocional do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica 2025, destacando data, local e organizador em Dubai, Emirados Árabes Unidos.

2º Fórum Global de FinTech Islâmica em Dubai: Inovação e Crescimento Ético no Setor Financeiro

O 2º Fórum Global de FinTech Islâmica, realizado em 15 de abril de 2025 no Dusit Thani Hotel em Dubai, consolidou-se como um dos eventos mais relevantes para o futuro das finanças éticas globais. Organizado pelo AlHuda Centre of Islamic Banking and Economics (CIBE), o encontro reuniu especialistas de mais de 30 países para debater como a tecnologia pode ampliar o acesso a serviços financeiros alinhados aos princípios da Sharia. Com projeções indicando que o mercado de FinTech Islâmica ultrapassará US$ 180 bilhões até 2026, o fórum destacou iniciativas pioneiras em blockchain, inteligência artificial e sustentabilidade, além de propor frameworks regulatórios para harmonizar padrões entre nações. A cerimônia de premiação reconheceu projetos inovadores em inclusão financeira, enquanto o anúncio de um fórum dedicado a créditos de carbono Halal sinalizou a integração entre ética islâmica e agendas ambientais globais.

Panorama do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica

Contexto e Objetivos do Evento

O evento, realizado anualmente desde 2024, surgiu como resposta à necessidade de um diálogo multissetorial sobre os desafios e oportunidades da digitalização no setor financeiro islâmico. Sob o tema “Inovação Ética para Inclusão Financeira”, a edição de 2025 focou em três pilares: desenvolvimento tecnológico inclusivo, governança regulatória ágil e integração de critérios ambientais. Participaram representantes de instituições como o Banco Islâmico de Desenvolvimento, startups de países do Sudeste Asiático e autoridades regulatórias do Golfo. Um dos objetivos centrais foi estabelecer diretrizes para que inovações como contratos inteligentes e moedas digitais sejam adaptadas aos princípios de transparência e justiça social inerentes à economia islâmica.

Cerimônia de Abertura e Autoridades Presentes

A sessão inaugural contou com a presença de figuras-chave do setor, incluindo embaixadores, CEOs de instituições financeiras e líderes de organizações internacionais. Muhammad Zubair, diretor do AlHuda CIBE, enfatizou em seu discurso que a FinTech Islâmica não se limita a comunidades muçulmanas, mas oferece soluções universais para problemas como exclusão bancária e especulação financeira. Nameer Khan, presidente da Associação MENA de FinTech, destacou casos de sucesso nos Emirados Árabes Unidos, onde plataformas digitais reduziram o custo de remessas internacionais para trabalhadores migrantes em até 40%.

Tecnologias Emergentes e Aplicações Práticas

Blockchain e Rastreabilidade de Ativos

A aplicação de blockchain em finanças islâmicas foi um dos tópicos mais explorados. Painéis técnicos demonstraram como a tecnologia permite a tokenização de sukuk (títulos de dívida islâmicos), garantindo transparência na distribuição de lucros e compliance com regras anti-riba (proibição de usura). Um caso emblemático apresentado envolveu a plataforma Ethis Crowdfunding, que utiliza smart contracts para conectar investidores a projetos de habitação social na Indonésia, assegurando que todos os fluxos financeiros obedeçam a critérios pré-aprovados por conselhos de Sharia.

No setor de alimentos Halal, startups do Catar exibiram sistemas baseados em blockchain para rastrear a origem de carnes e medicamentos, desde o abate até o ponto de venda. Essas soluções integram sensores IoT em frigoríficos e veículos de transporte, gerando registros imutáveis que verificam o cumprimento de normas sanitárias e éticas.

Inteligência Artificial e Personalização de Serviços

A integração de IA generativa em plataformas bancárias foi outro destaque. Bancos digitais como o Wahed investiram em algoritmos capazes de analisar o perfil de risco de usuários e sugerir carteiras de investimento alinhadas aos seus valores religiosos. Um avanço significativo foi a demonstração de um assistente virtual por voz, desenvolvido em parceria com a Microsoft, que orienta microempreendedores na Nigéria sobre gestão financeira conforme princípios islâmicos, utilizando linguagem natural em dialetos locais.

No campo de segurança de alimentos, sistemas de visão computacional estão sendo treinados para inspecionar linhas de produção em tempo real, identificando contaminantes ou desvios nos processos de certificação Halal. Essas tecnologias reduzem a dependência de auditorias presenciais, um gargalo histórico para exportadores de países como o Brasil.

Metaverso e Novos Modelos de Negócio

A iminente convergência entre finanças islâmicas e metaverso gerou debates intensos. Especialistas projetaram ecossistemas virtuais onde usuários podem adquirir terrenos digitais, participar de crowdfunding para obras de caridade ou contratar takaful (seguros cooperativos) para avatares. A empresa Wave apresentou um protótipo de mercado virtual para artigos de luxo Halal, onde cada item possui um NFT que certifica sua origem e conformidade com padrões éticos.

Críticos alertaram para riscos de especulação em ambientes imersivos, lembrando que princípios islâmicos proíbem transações envolvendo gharar (incerteza excessiva). Como contraponto, reguladores da Malásia compartilharam experiências com sandboxes regulatórios para testar modelos de negócio no metaverso antes de autorizá-los comercialmente.

Crescimento do Mercado e Projeções Estratégicas

Expansão Geográfica e Demográfica

Dados apresentados pelo Qatar Financial Centre revelaram que a região do Golfo responde por 45% do mercado global de FinTech Islâmica, seguida pelo Sudeste Asiático (30%) e África Subsaariana (15%). O crescimento acelerado na Nigéria e no Quênia está ligado à combinação de população jovem, alta penetração de smartphones e demanda por alternativas a sistemas bancários convencionais, muitas vezes percebidos como opressivos.

Um estudo de caso sobre o Paquistão mostrou como plataformas de microcrédito islâmicas estão usando dados alternativos (como histórico de pagamento de contas de celular) para avaliar a credibilidade de pequenos empresários excluídos do sistema tradicional. Essa abordagem aumentou a taxa de aprovação de empréstimos em 22% desde 2023.

Desafios Regulatórios e Harmonização

A falta de padronização entre jurisdições foi amplamente discutida. Enquanto a Arábia Saudita estabeleceu um marco legal para stablecoins lastreadas em ouro, outros países ainda tratam criptoativos sob regras genéricas, criando insegurança jurídica. Proposta pelo Conselho de Serviços Financeiros Islâmicos, a criação de um passaporte regulatório permitiria que startups certificadas em um país operassem em outros membros da Organização de Cooperação Islâmica sem burocracia redundante.

Outro obstáculo é a escassez de profissionais qualificados em dupla formação (tecnologia e jurisprudência islâmica). Para enfrentar isso, universidades dos Emirados Árabes e da Malásia anunciaram programas de doutorado conjunto em FinTech e Economia Islâmica, com bolsas patrocinadas por instituições financeiras.

Premiações e Iniciativas Futuras

Reconhecimento a Inovações Transformadoras

A edição 2025 do Global Islamic FinTech Awards destacou projetos com impacto social mensurável. O prêmio de Melhor Startup foi para a indonésia ZakatHub, cuja plataforma usa blockchain para distribuir doações com rastreamento em tempo real, garantindo que 98% dos recursos cheguem a beneficiários finais. Na categoria Governança, a Autoridade Monetária da Malásia foi reconhecida por seu framework para crowdfunding de waqf (fundos de caridade), que já financiou 120 centros de saúde comunitários.

Créditos de Carbono e Sustentabilidade

O anúncio mais comentado foi a criação do Fórum Global de Créditos de Carbono Halal, previsto para 2026. A iniciativa visa desenvolver um mercado para compensações ambientais auditadas por conselhos de Sharia, assegurando que projetos de reflorestamento ou energia renovável gerem benefícios tangíveis para comunidades locais. Um piloto em andamento na Amazônia envolve a venda de créditos vinculados à preservação de áreas habitadas por populações indígenas, com mecanismos de repartição de lucros inspirados no conceito de mudarabah (parceria comercial islâmica).

Conclusão: Rumo a um Sistema Financeiro Inclusivo

O legado do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica reside em sua capacidade de traduzir princípios éticos milenares em soluções para desafios contemporâneos. A convergência entre inovação tecnológica e filosofia econômica islâmica oferece um modelo viável para combater desigualdades e promover desenvolvimento sustentável.

Para consolidar esse movimento, é fundamental estabelecer parcerias entre hubs tecnológicos e instituições acadêmicas, capacitando uma nova geração de profissionais. Simultaneamente, mecanismos de governança colaborativa devem ser priorizados para evitar fragmentação regulatória. Por fim, a integração de métricas de impacto social e ambiental em produtos financeiros garantirá que o crescimento do setor esteja alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Com essas ações, a FinTech Islâmica tem o potencial de redefinir não apenas mercados muçulmanos, mas todo o ecossistema financeiro global, provando que ética e inovação podem coexistir como forças complementares.

Referências

  1. AlHuda CIBE (2025). Relatório Técnico do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica. Disponível em: https://www.alhudacibe.com/giftf2025/
  2. Autoridade Monetária da Malásia (2024). Framework para Crowdfunding de Waqf: Diretrizes e Casos de Estudo.
  3. Qatar Financial Centre (2023). Global Islamic Fintech Report: Tendências e Projeções 2026.
Parceria Estratégica entre Malásia e China para o Desenvolvimento de Parque Industrial Halal de Alta Tecnologia

Parceria Estratégica entre Malásia e China para o Desenvolvimento de Parque Industrial Halal de Alta Tecnologia

A indústria Halal da Malásia está prestes a expandir sua influência global com o desenvolvimento do Parque Industrial de Alimentos Halal China-Malásia em Perak. Esta iniciativa colaborativa entre o Grupo de Investimento China-Malásia e a Corporação de Desenvolvimento Econômico Islâmico de Perak visa criar um hub dinâmico para pesquisa, produção, certificação e comércio de produtos Halal. A parceria estratégica combinará as respeitadas normas de certificação Halal da Malásia com as capacidades avançadas de processamento alimentar e gerenciamento da cadeia de suprimentos da China, fortalecendo significativamente a posição da Malásia no mercado Halal global.

Estrutura e Objetivos do Novo Parque Industrial

O parque industrial Halal em Perak representa um marco significativo na expansão das capacidades da indústria Halal da Malásia. Com uma área de 60 hectares, o acordo de desenvolvimento foi formalizado recentemente através de uma cerimônia de assinatura entre Liang Jun, presidente do Grupo de Investimento China-Malásia, e Amirul Hakim Abdullah, diretor executivo da Corporação de Desenvolvimento Econômico Islâmico de Perak. A cerimônia contou com a presença de importantes figuras como o presidente da corporação, Prof. Datuk Dr. Ansary Ahmed, o diretor do Conselho de Negócios Malásia-China, Datuk Beh Hang Kong, e o vice-diretor do comitê de gestão do Parque Industrial Qinzhou China-Malásia, Zuo Kongtian.

O parque industrial tem como objetivo aproveitar o alcance global da certificação Halal malaia em conjunto com a experiência chinesa em processamento de alimentos e gerenciamento da cadeia de suprimentos. Esta sinergia visa estabelecer um centro de excelência para pesquisa, produção, certificação e comércio no setor Halal. Conforme destacado por Datuk Beh Hang Kong, diretor do Conselho de Negócios Malásia-China, o parque tem o potencial de aprofundar a cooperação bilateral em processamento de alimentos Halal, reconhecimento mútuo de normas e desenvolvimento de marcas.

Implementação e Vantagens Estratégicas

“O Grupo de Investimento China-Malásia planeja estabelecer este parque de alimentos Halal dentro do Parque Industrial Qinzhou, aderindo às normas estabelecidas pelo Jakim da Malásia”, afirmou Beh. Este projeto se beneficiará de várias vantagens estratégicas, incluindo acesso privilegiado ao mercado da Asean, eficiente transporte ferroviário China-Europa e infraestrutura logística abrangente.

O projeto atrairá empreendimentos de produção e processamento de alimentos Halal da Malásia e de países da Asean. Oferecerá serviços em comércio, logística, armazenamento e certificação Halal para apoiar fabricantes e exportadores. Adicionalmente, o parque contará com um centro de certificação Halal e uma base de treinamento de talentos para garantir suporte profissional aos processos de certificação e desenvolvimento da força de trabalho.

Importância da Certificação e Mercado Halal

A Malásia é reconhecida globalmente por seu sistema de certificação Halal de alto padrão, o que contribuiu para o estabelecimento de uma forte rede de diplomacia Halal, reforçando ainda mais a posição do país como um importante player global no setor Halal. Esta reputação ficou evidente quando a Malásia manteve o primeiro lugar no Indicador Global de Economia Islâmica (GIEI) por 10 anos consecutivos, refletindo a contínua liderança da nação neste importante setor econômico.

O mercado Halal chinês representa uma oportunidade significativa, considerando que a China, com sua população de 1,4 bilhão, abriga mais de 20 milhões de muçulmanos. A demanda chinesa por produtos e serviços Halal não pode ser ignorada, o que explica por que a Malásia está “avançando rapidamente no mercado (chinês)”, segundo Mohd Mustafa Abdul Aziz, CEO da Corporação de Desenvolvimento do Comércio Externo da Malásia (MATRADE).

Perspectivas Econômicas e Colaboração Futura

O Fórum de Negócios Halal Malásia-China, realizado em 10 de setembro em Xangai, desbloqueou um novo potencial de investimento no setor Halal da Malásia, com aproximadamente RM4 bilhões em investimentos de players da indústria Halal chinesa. O vice-primeiro-ministro Datuk Seri Ahmad Zahid Hamidi, que participou do fórum como parte de sua visita de trabalho de cinco dias à China, destacou que o investimento abrange vários setores, incluindo medicina herbal, alimentos e bebidas, vacinas, cosméticos e produtos farmacêuticos.

Durante o fórum, o vice-primeiro-ministro também propôs o estabelecimento de um Corredor Comercial Halal Malásia-China para impulsionar o comércio Halal no âmbito da iniciativa One Belt One Road. “Isso nos permitiria atender melhor às necessidades Halal das nações BRICS, ASEAN e Sul Global, ao mesmo tempo que agilizaria o comércio entre a China e a Malásia para uma cadeia de suprimentos mais eficiente”, disse ele.

O Contexto Mais Amplo da Indústria Halal Malaia

A Malásia está intensificando esforços para expandir seus parques industriais Halal, com o objetivo de aumentar as capacidades de produção local e atrair investimentos estrangeiros, particularmente de empresas multinacionais. Khairul Azwan Harun, presidente da Halal Development Corporation Bhd (HDC), explicou que órgãos governamentais como o Ministério de Investimento, Comércio e Indústria (Miti) e a Autoridade de Desenvolvimento de Investimentos da Malásia (Mida), juntamente com players da indústria, estão focados em fortalecer a cadeia de suprimentos da Malásia, particularmente em setores relacionados a alimentos, bebidas e produtos de consumo.

Um elemento-chave desta estratégia é garantir a disponibilidade de matérias-primas locais, que desempenha um papel crítico na atração de empresas estrangeiras. “Se empresas estrangeiras precisarem importar quantidades significativas de matérias-primas, isso cria custos duplos, que estamos buscando minimizar. Nosso objetivo é garantir que as empresas possam contar com materiais de origem local, reduzindo custos de produção e aumentando a competitividade da Malásia”, afirmou Khairul Azwan.

A Evolução da Colaboração Halal entre Malásia e China

Esta nova iniciativa não representa o primeiro esforço colaborativo entre a Malásia e a China no desenvolvimento da indústria Halal. Em janeiro de 2013, o Conselho de Desenvolvimento da Região Econômica da Costa Leste (ECERDC) da Malásia assinou um Memorando de Entendimento (MOU) com o Escritório Industrial Têxtil e Leve de Ningxia (NLTIB) da República Popular da China para explorar, colaborar e criar oportunidades de investimento na indústria Halal internacional.

A região autônoma de Ningxia, localizada no centro-norte da China, tem uma grande concentração de muçulmanos e foi designada pelo governo chinês como centro de produção de alimentos Halal. O escopo da cooperação ECERDC-NLTIB cobriu manufatura, matchmaking de negócios, certificação Halal, armazenamento e logística, políticas de compartilhamento de informações e pesquisa e desenvolvimento.

Conclusão

A iniciativa do Parque Industrial de Alimentos Halal China-Malásia em Perak sublinha o compromisso da Malásia em elevar sua indústria Halal e fomentar a colaboração internacional neste setor em rápido crescimento. Combinando a expertise da Malásia em certificação Halal com as capacidades avançadas da China em processamento e distribuição, esta parceria estratégica promete fortalecer a posição de ambos os países no mercado Halal global, criando novas oportunidades para fabricantes, exportadores e consumidores de produtos Halal.

Este desenvolvimento representa não apenas uma oportunidade econômica significativa, mas também um passo importante na evolução da indústria Halal global, demonstrando como a colaboração internacional pode impulsionar a inovação e o crescimento em um setor fundamentado em princípios religiosos e éticos rigorosos.

Referências

Muslim Network TV. Malaysia partners with China to launch cutting-edge halal food park. https://www.muslimnetwork.tv/malaysia-partners-with-china-to-launch-cutting-edge-halal-food-park/

The Star. From local halal hub to the world. https://www.thestar.com.my/news/nation/2025/04/13/from-local-halal-hub-to-the-world

Malay Mail. DPM Zahid says halal diplomacy in action as Malaysia secures RM4b investment from China industry players. https://www.malaymail.com/news/malaysia/2024/09/13/dpm-zahid-says-halal-diplomacy-in-action-as-malaysia-secures-rm4b-investment-from-china-industry-players/150253

China Daily HK. China vital to Malaysia’s halal hub dreams. https://www.chinadailyhk.com/hk/article/593239

HDC Global. Malaysia steps up efforts to expand halal industrial parks. https://hdcglobal.com/news/2024/09/18/malaysia-steps-up-efforts-to-expand-halal-industrial-parks/

ECERDC. China-Malaysia ties set to soar, the Halal way in ECER. https://www.ecerdc.com.my/media_releases/china-malaysia-ties-set-to-soar-the-halal-way-in-ecer/

Brasil reforça laços comerciais com Marrocos e Egito, ampliando exportações agrícolas, promovendo carne bovina e fortalecendo sua posição no mercado Halal.

Brasil Fortalece Laços Comerciais com Marrocos e Egito e Amplia Agenda Agropecuária no Norte da África

A recente missão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ao Marrocos e Egito representa um marco significativo na estratégia brasileira de consolidar alianças estratégicas com nações do mundo árabe. Durante os dias 7 a 10 de abril de 2025, a comitiva liderada pelo secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Marcel Moreira, avançou em discussões sanitárias, ampliou oportunidades de cooperação técnica e celebrou importantes conquistas comerciais, incluindo a abertura do mercado marroquino para miúdos bovinos brasileiros. O Egito reafirmou sua posição como principal destino africano para produtos do agronegócio brasileiro, com exportações que alcançaram US$ 3,3 bilhões em 2024, evidenciando o potencial crescente do Brasil em contribuir para a segurança alimentar regional enquanto fortalece relações comerciais duradouras.

Contexto Estratégico da Missão ao Norte da África

A missão brasileira ao Marrocos e Egito reflete uma abordagem coordenada do governo brasileiro para intensificar sua presença comercial e diplomática no continente africano, especialmente na região norte. Esta iniciativa se insere em um contexto mais amplo de política externa brasileira, que busca diversificar mercados e estabelecer parcerias estratégicas com países que compartilham interesses mútuos no setor agropecuário. A viagem contou com apoio direto dos adidos agrícolas brasileiros nos respectivos países – Ellen Laurindo no Marrocos e Rafael Mohana no Egito – demonstrando a infraestrutura diplomática especializada que o Brasil mantém para facilitar negociações comerciais e técnicas no setor agropecuário.

O timing desta missão é particularmente significativo, ocorrendo em um momento em que a segurança alimentar global enfrenta desafios crescentes e quando o Brasil busca consolidar sua posição como um fornecedor confiável de alimentos para o mundo. As nações do norte da África representam mercados estratégicos não apenas pelo volume de importações, mas também por servirem como porta de entrada para um mercado consumidor mais amplo que abrange o Oriente Médio e outras regiões africanas.

A continuidade das relações entre Brasil e países árabes tem se fortalecido consistentemente ao longo dos anos, com missões anteriores pavimentando o caminho para os avanços atuais. Esta abordagem persistente e estruturada tem rendido frutos tangíveis para o agronegócio brasileiro, com diversas aberturas de mercado e reconhecimento da qualidade dos produtos nacionais.

Avanços nas Relações com o Marrocos

No primeiro destino da missão, o Marrocos, o foco principal esteve na aproximação institucional com autoridades sanitárias e na promoção comercial dos produtos brasileiros. O secretário adjunto Marcel Moreira realizou uma reunião produtiva com o diretor-geral da autoridade sanitária marroquina (ONSSA), Abdellah Janati, onde foram discutidos temas cruciais para o avanço das relações comerciais bilaterais.

Um ponto alto da visita foi o agradecimento formal pela recente abertura do mercado marroquino para miúdos bovinos do Brasil, marcando a 346ª abertura de mercado desde o início da atual gestão do Ministério da Agricultura e Pecuária. Este avanço representa não apenas uma conquista comercial, mas também um reconhecimento da qualidade e segurança dos produtos brasileiros, especialmente relevante para o mercado Halal, onde produtos bovinos têm demanda significativa.

A visita ao Marrocos também incluiu a realização do “Brazilian Beef Dinner”, um evento estratégico organizado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) em colaboração com a Embaixada do Brasil em Rabat. Este evento proporcionou um ambiente de negócios propício para aproximação comercial, reunindo autoridades locais, empresários e representantes do setor agroalimentar marroquino. A escolha de promover especificamente a carne bovina brasileira demonstra a importância deste produto nas relações comerciais entre os dois países e seu potencial de crescimento no mercado norte-africano.

As discussões sobre cooperação técnica entre os governos brasileiro e marroquino abrem perspectivas promissoras para a transferência de conhecimento e tecnologias em áreas como defesa agropecuária, sanidade animal e sistemas de inspeção, fortalecendo não apenas as relações comerciais, mas também institucionais entre as duas nações.

Expansão da Cooperação com o Egito

A segunda etapa da missão ocorreu no Egito, onde o secretário-adjunto Marcel Moreira foi recebido pelo ministro substituto da Agricultura e Recuperação de Terras, Moustafa El Sayyad, acompanhado por outras autoridades egípcias. O encontro representou um momento significativo nas relações bilaterais, considerando o expressivo crescimento das exportações agrícolas brasileiras para o país nos últimos anos.

Os números apresentados durante a reunião são impressionantes: em 2024, o Brasil exportou para o Egito mais de 8,5 milhões de toneladas de produtos do agronegócio, totalizando US$ 3,3 bilhões em valor. Este desempenho notável recolocou o Egito na posição de principal destino do agronegócio brasileiro no continente africano, demonstrando a relevância estratégica deste mercado para o Brasil.

No âmbito sanitário, os representantes brasileiros trabalharam para reforçar a confiança mútua construída ao longo dos últimos anos, que tem resultado em diversas aberturas de mercado para produtos brasileiros. Um marco importante nesta relação foi o Acordo de Equivalência (pré-listing), que representa o reconhecimento formal pelo Egito da eficiência e confiabilidade do sistema de defesa agropecuária brasileiro.

Durante os encontros, as autoridades egípcias manifestaram interesse em aprofundar ainda mais essa parceria, com avanços concretos em duas frentes principais: a implementação da certificação eletrônica para produtos de origem animal e a abertura de mercado para novos itens do agronegócio brasileiro. Estas iniciativas prometem não apenas aumentar o volume comercial entre os países, mas também tornar os processos mais eficientes e seguros.

Promoção da Carne Brasileira nos Mercados Árabes

Um elemento estratégico que permeou toda a missão foi a promoção ativa da carne bovina brasileira. Em ambos os países visitados, foram realizados eventos específicos para destacar a qualidade deste produto. No Cairo, seguindo o modelo já implementado em Rabat, o “Brazilian Beef Dinner” reuniu autoridades e empresários egípcios em torno da carne brasileira.

Estes eventos promocionais evidenciam o entendimento brasileiro de que o mercado árabe valoriza três aspectos fundamentais: qualidade do produto, segurança sanitária e relações comerciais de longo prazo. A escolha por priorizar a carne bovina nas ações promocionais reflete sua importância estratégica na pauta exportadora brasileira para a região, bem como seu alinhamento com as demandas do mercado Halal.

A presença da ABIEC na organização destes eventos demonstra a articulação entre governo e setor privado na promoção internacional dos produtos brasileiros, criando sinergias que potencializam os resultados comerciais. Esta abordagem coordenada entre instituições públicas e privadas tem se mostrado eficaz para enfrentar os desafios de mercados competitivos e complexos como os do norte da África.

Os eventos de promoção também serviram como plataforma para apresentar os avanços brasileiros em matéria de sustentabilidade, rastreabilidade e segurança de alimentos, aspectos cada vez mais valorizados pelo mercado global, especialmente no segmento de carnes.

Implicações para o Mercado Halal

A intensificação das relações comerciais entre o Brasil e países de maioria muçulmana como Marrocos e Egito tem implicações diretas para o mercado Halal global. O Brasil tem se consolidado como um dos principais fornecedores mundiais de produtos Halal, especialmente no setor de proteína animal, graças a investimentos consistentes em sistemas de certificação e capacitação para atender às exigências religiosas e técnicas deste segmento.

A abertura de mercado para miúdos bovinos brasileiros no Marrocos é particularmente relevante para o mercado Halal, pois representa um reconhecimento adicional da capacidade brasileira de fornecer produtos que atendam às normas islâmicas de abate e processamento. Esta conquista pode servir como referência para outros países com população majoritariamente muçulmana, potencialmente abrindo novas oportunidades comerciais.

O fortalecimento da confiança nas relações com autoridades sanitárias de Marrocos e Egito também beneficia indiretamente todo o sistema de certificação Halal brasileiro, pois demonstra que os controles sanitários e os processos produtivos nacionais são reconhecidos e respeitados internacionalmente, incluindo por mercados exigentes.

A estratégia brasileira de promover não apenas a abertura de mercados, mas também o estabelecimento de relações comerciais duradouras, alinha-se perfeitamente com os valores do comércio Halal, onde a confiança e a transparência são elementos fundamentais nas transações comerciais.

Consolidação de Alianças Estratégicas no Mundo Árabe

A missão ao Marrocos e Egito transcende os objetivos comerciais imediatos, representando um componente crucial na estratégia brasileira de consolidar alianças duradouras com países-chave do mundo árabe. Esta abordagem de longo prazo combina três elementos essenciais: relações diplomáticas sólidas, cooperação técnica estruturada e presença comercial qualificada.

O Brasil demonstra compreender que sua contribuição para a segurança alimentar global, especialmente em regiões como o norte da África, não se limita ao fornecimento de produtos agropecuários, mas inclui também a transferência de conhecimentos e tecnologias que podem ajudar os países parceiros a desenvolverem suas próprias capacidades produtivas.

A continuidade das iniciativas diplomáticas e comerciais, evidenciada pela sequência de missões e acordos firmados ao longo dos anos, revela uma política de Estado consistente para o fortalecimento das relações com o mundo árabe, que transcende mandatos governamentais específicos e estabelece bases sólidas para o futuro.

O reconhecimento do sistema brasileiro de defesa agropecuária através de acordos como o de Equivalência com o Egito representa um capital diplomático e comercial valioso, construído ao longo de anos de trabalho técnico e negociações, que pode ser aproveitado para expandir ainda mais a presença brasileira na região.

Perspectivas Futuras das Relações Comerciais Brasil-Norte da África

Analisando os resultados da missão e o contexto mais amplo das relações entre Brasil e os países do norte da África, é possível identificar perspectivas promissoras para o futuro. As tratativas para implementação da certificação eletrônica com o Egito e para novas aberturas de mercado indicam que há um horizonte de oportunidades ainda inexploradas.

A consolidação do Egito como principal destino africano do agronegócio brasileiro sinaliza a possibilidade de utilizar esta posição como plataforma para expansão para outros mercados da região. Similarmente, os avanços com o Marrocos podem servir como referência para negociações com outros países do norte da África.

O aprofundamento da cooperação técnica, além de seu valor intrínseco para as relações bilaterais, tem o potencial de criar um ambiente mais favorável para as exportações brasileiras ao familiarizar os parceiros com os sistemas e métodos brasileiros de produção agropecuária e controle sanitário.

A crescente demanda por segurança alimentar em uma região que enfrenta desafios significativos nesta área, combinada com a capacidade produtiva brasileira, cria um cenário de complementaridade que tende a fortalecer ainda mais os laços comerciais nos próximos anos.

Conclusão

A missão brasileira ao Marrocos e Egito representa um marco significativo na estratégia de inserção internacional do agronegócio brasileiro, com foco especial nos mercados do norte da África. Os resultados obtidos – desde a abertura de mercado para miúdos bovinos no Marrocos até o reconhecimento do crescimento expressivo das exportações para o Egito – demonstram que esta estratégia está produzindo resultados tangíveis.

Para além dos ganhos comerciais imediatos, a missão reforça a posição brasileira como parceiro confiável para a segurança alimentar global, especialmente em regiões onde este tema é particularmente sensível. A abordagem que combina relacionamentos diplomáticos, cooperação técnica e promoção comercial estabelece bases sólidas para um relacionamento duradouro e mutuamente benéfico.

No contexto específico do mercado Halal, os avanços obtidos adicionam mais um capítulo importante na consolidação do Brasil como fornecedor global de referência, demonstrando capacidade não apenas de produzir em conformidade com as exigências religiosas, mas também de estabelecer os laços de confiança essenciais para este segmento.

A continuidade e o aprofundamento destas relações dependerão da manutenção dos esforços coordenados entre governo e setor privado, da capacidade brasileira de atender às demandas crescentes por sustentabilidade e rastreabilidade, e do entendimento estratégico de que os mercados do norte da África representam não apenas oportunidades comerciais, mas também alianças geopolíticas relevantes para o posicionamento global brasileiro.

Referências

  1. Brasil reforça laços comerciais com Marrocos e Egito e amplia agenda agropecuária no norte da África. Ministério da Agricultura e Pecuária
  2. Brasil reforça laços com Marrocos e Egito e amplia agenda agropecuária no norte da África. Agência Gov – EBC
  3. Marrocos amplia relações comerciais com o Brasil após missão do Mapa. Diplomacia Business
  4. Embratur reforça laços e busca mais turistas do mundo árabe durante fórum econômico Brasil e países árabes. Embratur

Secretária de Comércio filipina Cristina Roque reunida com representantes da JAKIM, com bandeiras das Filipinas e DTI ao fundo.

JAKIM da Malásia Planeja Estabelecer Certificadora Halal de Classe Mundial nas Filipinas

O Departamento de Desenvolvimento Islâmico da Malásia, conhecido como JAKIM, anunciou recentemente planos para estabelecer um organismo de certificação Halal – Halal Certification Body (HCB) – de classe mundial nas Filipinas. Esta iniciativa, confirmada pela Secretária de Comércio filipina Cristina Roque, representa um avanço significativo para a indústria Halal do país, com potencial para gerar benefícios econômicos substanciais. A colaboração pretende elevar os padrões de certificação nas Filipinas, facilitar o acesso a mercados internacionais para produtos filipinos e fortalecer os laços comerciais entre as duas nações. Com um valor projetado de 230 bilhões de pesos filipinos – R$ 23,57 Bilhões – em comércio e investimentos e a criação de 120.000 empregos até 2028, esta parceria estratégica promete transformar as Filipinas em um importante hub Halal na região Ásia-Pacífico.

Anúncio da Colaboração Estratégica entre JAKIM e Filipinas

A notícia sobre a potencial expansão da JAKIM para as Filipinas foi divulgada pela Secretária de Comércio Cristina Roque, que revelou ter se reunido com representantes da agência malaia para discutir esta promissora colaboração. Em uma publicação no Facebook, Roque destacou a importância desta parceria para o fortalecimento da presença filipina na economia Halal global. A JAKIM, reconhecida mundialmente como uma autoridade líder em certificação Halal, traria sua expertise para o mercado filipino, estabelecendo uma entidade certificadora que atenderia aos mais elevados padrões internacionais. O Departamento de Comércio e Indústria (DTI) das Filipinas confirmou que qualquer órgão certificador estabelecido com a participação da JAKIM seguiria normas globais reconhecidas, como parte do mandato de um HCB no país.

A colaboração ainda se encontra em fase exploratória, mas demonstra o interesse mútuo em desenvolver um sistema robusto de certificação Halal nas Filipinas. A iniciativa representa não apenas uma oportunidade para elevar os padrões de certificação do país, mas também para fortalecer as relações diplomáticas e comerciais entre as Filipinas e a Malásia. Embora as discussões estejam em estágio inicial, a secretária Roque estabeleceu metas ambiciosas, desafiando a agência malaia a concretizar sua aspiração de se tornar um órgão certificador Halal no país dentro deste ano. Esta urgência reflete o compromisso do governo filipino em capitalizar rapidamente as oportunidades apresentadas pelo mercado Halal global.

O Papel da JAKIM e a Importância da Certificação Halal Global

A JAKIM é amplamente reconhecida como uma referência global em certificação Halal, estabelecendo normas rigorosas que são aceitas em numerosos países ao redor do mundo. Estabelecida sob o Departamento do Primeiro Ministro da Malásia, a JAKIM desenvolveu um sistema de certificação abrangente e respeitado, fundamentado em princípios islâmicos sólidos e processos transparentes. Sua expertise vai além da simples emissão de certificados, abrangendo pesquisa, treinamento e desenvolvimento de normas Halal, fatores que moldaram significativamente o panorama Halal global e conferem grande valor à sua marca de certificação. O selo de aprovação da JAKIM é altamente valorizado tanto por consumidores quanto por empresas, servindo como garantia confiável de conformidade com os requisitos islâmicos.

A certificação Halal desempenha um papel crucial no mercado global, assegurando que produtos e serviços atendam às exigências da lei islâmica. Para produtos alimentícios, isso envolve verificar a origem dos ingredientes, os métodos de processamento e manipulação, além de garantir a ausência de substâncias não-Halal como carne suína e álcool. No caso de itens não alimentícios, como cosméticos e produtos farmacêuticos, a certificação examina os ingredientes e processos de fabricação para confirmar que estão livres de substâncias haram (proibidas). Um sistema de certificação Halal confiável e credível é essencial para construir a confiança do consumidor, garantir acesso a mercados internacionais, estabelecer padrões de qualidade consistentes e prevenir fraudes e rotulagem incorreta de produtos.

O mercado Halal global não está mais restrito apenas a produtos alimentícios, tendo evoluído para um ecossistema diversificado que abrange uma ampla gama de bens e serviços que aderem aos princípios islâmicos. Isto inclui finanças Halal, turismo, moda, cosméticos, produtos farmacêuticos e até mesmo mídia e entretenimento. O crescimento deste mercado é impulsionado por vários fatores, incluindo o aumento da população muçulmana global, a crescente conscientização e demanda por produtos éticos e compatíveis com a Sharia, e o reconhecimento das normas Halal como marca de qualidade e segurança, mesmo entre consumidores não-muçulmanos.

Benefícios Potenciais para Empresas Filipinas e a Economia Nacional

O estabelecimento de um órgão certificador Halal de classe mundial nas Filipinas, potencialmente com a orientação da JAKIM, traz uma multiplicidade de vantagens para as empresas locais. Setores como alimentos e bebidas, naturalmente adequados para conformidade Halal, têm muito a ganhar. Além dos alimentos, as indústrias farmacêutica e cosmética, que cada vez mais reconhecem a demanda por produtos certificados Halal, também poderiam experimentar um impulso significativo. Um sistema de certificação credível e internacionalmente reconhecido pode abrir portas para mercados de exportação lucrativos, permitindo que empresas filipinas aproveitem o crescente apetite global por bens Halal.

A secretária Roque enfatizou que o envolvimento de uma agência estrangeira como a JAKIM seria instrumental não apenas para fornecer certificação, mas também treinamento crucial e acesso vital ao mercado para empresas filipinas. Navegar pelas complexidades das normas Halal internacionais e compreender os requisitos dos diferentes países importadores pode ser um obstáculo significativo para produtores locais. A experiência e reputação global da JAKIM poderiam fornecer orientação inestimável, simplificando o processo e construindo confiança entre compradores internacionais. Este acesso aprimorado ao mercado, associado à certificação rigorosa, deve melhorar significativamente a competitividade geral das Filipinas na arena Halal global.

Além dos benefícios diretos para empresas individuais, a colaboração com a JAKIM pode ter impactos econômicos mais amplos para as Filipinas. O aumento das exportações de produtos Halal pode melhorar a balança comercial do país, enquanto o desenvolvimento de uma indústria Halal robusta pode criar empregos e oportunidades de empreendedorismo. A localização estratégica das Filipinas no Sudeste Asiático, combinada com sua base de recursos naturais abundantes, a posiciona bem para servir tanto mercados Halal regionais quanto internacionais. A crescente população muçulmana do país também fornece uma base de consumo incorporada e uma fonte de talentos para a indústria Halal.

O Cenário Atual da Certificação Halal nas Filipinas

As Filipinas possuem uma significativa população muçulmana, principalmente concentrada nas regiões sul de Mindanao, criando uma base natural para o desenvolvimento da indústria Halal no país. Atualmente, existem doze órgãos de certificação Halal acreditados nas Filipinas, de acordo com o site da Comissão Nacional de Filipinos Muçulmanos (NCMF). Estes órgãos desempenham um papel vital na análise de produtos alimentícios e não alimentícios para garantir sua conformidade com a Lei Sharia, tornando-os permissíveis para consumo ou uso por muçulmanos. Enquanto esses órgãos certificadores locais cumprem uma função importante, a colaboração com uma entidade globalmente reconhecida como a JAKIM poderia elevar todo o ecossistema de certificação Halal nas Filipinas, introduzindo melhores práticas internacionais e potencialmente simplificando processos.

O desenvolvimento de um sistema de certificação Halal robusto está alinhado com o crescente foco do governo filipino no desenvolvimento do setor Halal. A presença de múltiplos órgãos certificadores indica uma infraestrutura básica, mas há uma clara oportunidade para melhorar a padronização, o reconhecimento e a capacidade geral do sistema de certificação Halal filipino. A colaboração com a JAKIM poderia ajudar a resolver desafios comuns enfrentados por empresas locais que buscam certificação Halal, incluindo falta de familiaridade com requisitos internacionais, processos longos e burocráticos, e os custos associados à obtenção e manutenção da certificação.

A Comissão Nacional de Filipinos Muçulmanos (NCMF) é a agência governamental mandatada para promover e desenvolver a indústria Halal filipina, estabelecida pela República Act No. 9997. O NCMF trabalha para apoiar o crescimento do setor Halal e garantir que os processos de certificação atendam aos padrões internacionais. Uma parceria com a JAKIM poderia complementar esses esforços, trazendo expertise adicional e reforçando a credibilidade do sistema de certificação Halal filipino. Isso poderia beneficiar não apenas produtores, mas também consumidores, fornecendo maior garantia de autenticidade e qualidade dos produtos Halal disponíveis no mercado filipino.

O Plano Estratégico de Desenvolvimento da Indústria Halal Filipina 2023-2028

No ano passado, o Departamento de Comércio e Indústria (DTI) das Filipinas lançou o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Indústria Halal Filipina, abrangendo o período de 2023 a 2028. Este ambicioso plano delineia um roteiro claro para transformar as Filipinas em um hub Halal de destaque na região Ásia-Pacífico. As metas estabelecidas no plano são substanciais, visando um potencial de 230 bilhões de pesos filipinos em comércio e investimentos e a criação de 120.000 empregos até o final do mandato do presidente Marcos em 2028. A potencial parceria com a JAKIM e o estabelecimento de um órgão certificador Halal de classe mundial são componentes cruciais para alcançar esses objetivos ambiciosos.

A secretária Roque enfatizou a importância de aproveitar o forte apoio atual do governo à indústria Halal, encorajando investidores como a JAKIM a capitalizar o suporte fornecido pelo presidente Ferdinand “Bongbong” Marcos Jr. “Ele tem 3 anos restantes e devemos aproveitar o apoio que ele está dando”, acrescentou ela, referindo-se ao mandato de Marcos que terminará em 2028. Este senso de urgência ressalta o compromisso do governo em fazer avanços significativos no desenvolvimento do setor Halal nos próximos anos. Com parcerias públicas e privadas, a secretária expressou confiança de que o suporte necessário para o florescimento do setor Halal poderia ser assegurado.

O plano estratégico não aborda apenas a certificação, mas adota uma abordagem holística para desenvolver a indústria Halal nas Filipinas. Isto inclui fortalecer a infraestrutura para produção Halal, facilitar o acesso a financiamento para empresas do setor Halal, desenvolver recursos humanos com conhecimento e habilidades em práticas Halal, e promover produtos filipinos Halal em mercados internacionais. A secretária Roque está advogando pelo envolvimento potencial da JAKIM não apenas na certificação, mas também no auxílio ao marketing de produtos Halal locais. O objetivo é que a certificação Halal de um órgão respeitável tenha um “efeito multiplicador”, impulsionando não apenas exportações, mas também atraindo investimentos e criando oportunidades de emprego nas Filipinas.

Implicações para o Mercado Halal Global e Regional

A potencial colaboração entre as Filipinas e a JAKIM para estabelecer um órgão certificador Halal de classe mundial tem implicações significativas para o mercado Halal regional e global. O Sudeste Asiático, com suas grandes populações muçulmanas em países como Indonésia, Malásia e Brunei, representa um mercado-chave para produtos Halal. As Filipinas, com sua localização estratégica e recursos naturais abundantes, têm o potencial de se tornar um importante centro de produção e distribuição Halal na região. A adoção de normas de certificação de classe mundial, alinhadas com as práticas da JAKIM, pode facilitar o comércio intra-regional de produtos Halal e fortalecer a posição das Filipinas dentro da cadeia de suprimentos Halal regional.

O mercado Halal global é avaliado em trilhões de dólares americanos e está projetado para um crescimento robusto contínuo nos próximos anos. Estima-se que a economia Halal global esteja crescendo a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 7,5%, podendo atingir US$ 2,8 trilhões até 2025. Este crescimento é impulsionado pelo aumento da população muçulmana global, maior consciência e demanda por produtos éticos e em conformidade com a Sharia, e o reconhecimento das normas Halal como marca de qualidade e segurança. Para as Filipinas, este mercado em expansão representa uma oportunidade econômica significativa, que pode ser melhor aproveitada através de um sistema de certificação Halal credível e internacionalmente reconhecido.

A parceria com a JAKIM também poderia ter implicações políticas e diplomáticas mais amplas, fortalecendo os laços entre as Filipinas e a Malásia e potencialmente abrindo portas para maior cooperação em outras áreas econômicas. A Malásia tem sido um líder no desenvolvimento da economia Halal global, e sua disposição em compartilhar expertise com as Filipinas indica um espírito de colaboração regional. Esta parceria poderia servir como um modelo para futuras iniciativas de cooperação na região ASEAN, promovendo a integração econômica e o desenvolvimento mútuo. Em um nível mais amplo, poderia contribuir para o posicionamento da ASEAN como um centro global para produtos e serviços Halal.

Conclusão: Uma Nova Era para a Indústria Halal Filipina

A potencial colaboração entre as Filipinas e a JAKIM para estabelecer um órgão certificador Halal de classe mundial representa um passo significativo no desenvolvimento da indústria Halal do país. Esta parceria estratégica promete trazer múltiplos benefícios, incluindo maior acesso a mercados globais para produtos filipinos, processos de certificação aprimorados, transferência de conhecimento e expertise, e fortalecimento dos laços comerciais com a Malásia. Para empresas filipinas nos setores de alimentos, farmacêuticos e cosméticos, isto representa uma oportunidade de acessar o lucrativo mercado Halal global, que está projetado para crescimento contínuo nos próximos anos.

O compromisso do governo filipino com o desenvolvimento do setor Halal é evidente em seu Plano Estratégico de Desenvolvimento da Indústria Halal e no apoio ativo do presidente Marcos à indústria. A parceria com a JAKIM complementa estes esforços, trazendo credibilidade internacional e expertise para o sistema de certificação Halal do país. Embora a colaboração ainda esteja em fase exploratória, o senso de urgência expresso pela secretária Roque reflete a importância estratégica desta iniciativa e a determinação em fazer avanços significativos dentro do prazo relativamente curto do atual mandato presidencial.

À medida que a economia global Halal continua a expandir, as Filipinas estão bem posicionadas para capitalizar esta oportunidade, com sua localização estratégica, recursos naturais abundantes e significativa população muçulmana. O estabelecimento de um órgão certificador Halal de classe mundial, potencialmente com a orientação da JAKIM, pode ser um catalisador para transformar as Filipinas em um hub Halal de destaque na região Ásia-Pacífico. Se bem-sucedida, esta iniciativa não apenas gerará benefícios econômicos substanciais em termos de comércio, investimento e criação de empregos, mas também elevará o perfil das Filipinas no cenário Halal global, abrindo novas avenidas para crescimento e desenvolvimento.

Referências

  1. Malaysia-accredited Halal certifying body expected to start operating
  2. Malaysia’s JAKIM eyes setting up world-class Halal certifier in Philippines
  3. Halal compliance behaviors of food and accommodation businesses in the Zamboanga Peninsula, Philippines
  4. Transforming Halal Training Through Gamification and Immersive Technology to Empower Talents
  5. DTI urges Malaysia’s JAKIM to establish Halal certification in PH
  6. Halal industry roundup: Kumamoto firm expands exports to Muslim countries