AGROINSIGHT Vol 3 Origem Animal

Relatório AGRO INSIGHT: Oportunidades Globais para Produtos de Origem Animal Brasileiros

O Volume 3 do relatório AGRO INSIGHT, produzido pelos adidos agrícolas do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, apresenta uma abrangente análise de mercados internacionais para produtos de origem animal. Este documento estratégico mapeia oportunidades, tendências e desafios em diversos países, fornecendo informações valiosas para exportadores brasileiros que buscam diversificar seus mercados-alvo e compreender as particularidades regulatórias de cada região.

Panorama Global da Demanda por Proteína Animal

O mapeamento apresentado no relatório evidencia um cenário global de crescente demanda por proteína animal, especialmente em mercados emergentes e economistas em desenvolvimento. Este fenômeno é impulsionado principalmente pela urbanização acelerada, aumento da renda média da população e transformações nas preferências alimentares, que têm favorecido o consumo de carnes, laticínios e outros produtos de origem animal.

Na África do Sul, por exemplo, o mercado de alimentos para animais de companhia foi estimado em aproximadamente US$ 450 milhões anuais em 2022, com crescimento médio de 5% ao ano na última década. Este crescimento está diretamente relacionado à urbanização e ao desenvolvimento social, resultando em aumento na população de animais de companhia. As exportações brasileiras para este mercado cresceram 40% em 2024, atingindo US$ 3,7 milhões, demonstrando o potencial de expansão para produtos brasileiros.

Em Bangladesh, o setor de produção de proteína animal apresenta crescimento contínuo, impulsionado pelo desenvolvimento econômico e melhores condições de consumo para a população. A indústria de rações do país conta com mais de 200 empresas que produzem cerca de 8 milhões de toneladas anualmente, com forte dependência de importações, o que representa oportunidade significativa para exportadores brasileiros de farinhas e gorduras de origem animal.

Mercados Estratégicos e Oportunidades Regionais

Oriente Médio e Ásia

A Arábia Saudita configura-se como um dos principais mercados para carne de aves brasileira. Em 2023, o país importou US$ 1,3 bilhão em carne de aves, com o Brasil liderando as exportações com 67% de participação no mercado. Apesar da queda de 26% em relação a 2022, o Brasil manteve sua posição de destaque, seguido pela Ucrânia (12%), França (10%) e Rússia (9%). É importante observar que o Reino Saudita busca aumentar sua autossuficiência em produção de carne de frango para 80% até 2025, mas continuará dependendo de importações, especialmente de cortes de frango, representando oportunidade contínua para exportadores brasileiros.

Na China, o relatório destaca o comércio eletrônico como ferramenta estratégica para posicionamento de produtos brasileiros. O mercado chinês de e-commerce de alimentos foi avaliado em US$ 150 bilhões em 2023, com previsão de crescimento anual de 10-15% até 2025. Plataformas como JD.com, Tmall, Pinduoduo e Freshippo oferecem oportunidades únicas para alcançar o mercado consumidor chinês, possibilitando a construção de marcas e adaptação às preferências locais.

Europa e América do Norte

Na Alemanha, o mercado de ovos apresenta dinâmica interessante. O país é o quinto maior em receita no mercado de ovos global, com faturamento estimado em 4,7 bilhões de dólares em 2024. Apesar das mudanças regulatórias significativas, como a proibição de gaiolas convencionais e do abate de pintinhos, o consumo de ovos continua crescendo, atingindo 236 unidades per capita em 2023. Com uma taxa de autossuficiência de aproximadamente 70%, a Alemanha depende de importações para suprir sua demanda interna, criando oportunidades para fornecedores internacionais que atendam aos requisitos regulatórios da União Europeia.

No Canadá, a recente elevação de tarifas de importação nos EUA criou oportunidades para produtos brasileiros como carne de frango, mel e camarões. A imposição de tarifas de 25% sobre produtos canadenses por parte dos EUA, seguida de retaliação semelhante do Canadá, aumentou a competitividade de produtos brasileiros no mercado canadense, especialmente em setores como carne de aves e mel, onde o Brasil já possui presença estabelecida.

América Latina

Na América Latina, o Chile apresenta-se como um mercado promissor para exportação de tilápia brasileira. Desde 2017, o país tem adotado políticas para ampliar o consumo de pescado, como o programa “Del Mar a Mi Mesa”, que visa elevar o consumo per capita de 13 kg para 20 kg até 2027. O consumo per capita já aumentou para 16,8 kg em 2024, demonstrando crescimento contínuo. A competitividade da tilápia brasileira no mercado chileno é significativa, com preços aproximadamente quatro vezes inferiores aos de espécies mais acessíveis no mercado local, representando uma alternativa viável para diversificação da dieta chilena.

África e Oceania

Na África, Angola representa um mercado potencial para alimentos destinados a animais de companhia. Em 2024, o país importou US$ 19,3 milhões em alimentos preparados para animais, sendo US$ 7,6 milhões destinados a alimentos para cães ou gatos. Atualmente, Portugal domina este mercado com 85% de participação, enquanto o Brasil aparece em segundo lugar com apenas 4%. Esta baixa participação indica potencial significativo para ampliação das exportações brasileiras.

Na Austrália, o mercado de produtos de reciclagem animal oferece oportunidades para exportadores brasileiros, especialmente em farinhas de peixe, gorduras de origem animal e produtos não destinados ao consumo humano. A Austrália importou US$ 1,468 bilhão destes produtos em 2024, com o Brasil já figurando como principal fornecedor de produtos de origem animal não destinados ao consumo humano, com 25% do total importado pelo país.

Desafios Regulatórios e Exigências de Mercado

O relatório identifica diversos desafios regulatórios que exportadores brasileiros precisam superar para acessar mercados internacionais. Na União Europeia, por exemplo, produtos como ovos e ovoprodutos devem atender a rigorosos requisitos sanitários, incluindo planos de controle de resíduos aprovados e habilitação de estabelecimentos exportadores. A partir de setembro de 2026, será obrigatório o cumprimento do Regulamento (UE) 2023/905, que restringe o uso de antimicrobianos.

Na Argélia, o mercado de leite e derivados está aberto para o Brasil, com Certificado Sanitário Internacional acordado há mais de 15 anos. Contudo, exigências como análises de isótopos radioativos no leite exportado têm desencorajado a exploração deste mercado, levando o Ministério da Agricultura e Pecuária a negociar com autoridades argelinas a revisão destes parâmetros.

Em mercados islâmicos como Arábia Saudita e Argélia, produtos de origem animal devem atender às especificações Halal no quesito de certificação e rotulagem. Este requisito representa um desafio adicional, mas também uma oportunidade para exportadores brasileiros que já possuem sistemas de certificação Halal estabelecidos.

Tendências de Consumo e Inovação no Setor

O relatório identifica diversas tendências de consumo que estão moldando o mercado global de produtos de origem animal. Na Alemanha, por exemplo, há crescente valorização de ovos provenientes de sistemas alternativos de criação, como criação ao ar livre e orgânica. Esta tendência reflete preocupações com bem-estar animal e sustentabilidade, que estão influenciando os hábitos de consumo em diversos mercados desenvolvidos.

Na China, a digitalização do comércio de alimentos representa uma transformação significativa, com plataformas de e-commerce facilitando o acesso a produtos importados e oferecendo novas possibilidades de marketing e distribuição. O uso de tecnologias como blockchain para rastreabilidade e inteligência artificial para personalização de ofertas está redefinindo a experiência de compra e ampliando o alcance de produtos importados.

Em mercados emergentes como Bangladesh, o crescimento econômico está impulsionando a demanda por proteína animal, criando oportunidades para exportadores de insumos para produção animal, como farinhas e gorduras. Este cenário reflete uma tendência global de aumento no consumo de proteína animal em economias em desenvolvimento, à medida que a renda média da população cresce.

Conclusão

O Volume 3 do relatório AGRO INSIGHT fornece uma visão abrangente das oportunidades globais para produtos de origem animal brasileiros, destacando mercados estratégicos, tendências de consumo e desafios regulatórios. As análises apresentadas pelos adidos agrícolas brasileiros em diversos países confirmam o potencial significativo para expansão das exportações brasileiras, especialmente em mercados emergentes e em desenvolvimento.

Para aproveitar estas oportunidades, exportadores brasileiros precisarão desenvolver estratégias específicas para cada mercado, considerando particularidades culturais, regulatórias e logísticas. A adequação às exigências sanitárias, a certificação Halal para mercados islâmicos, e a utilização de plataformas digitais para mercados como a China serão elementos-chave para o sucesso nestes mercados.

A diversificação de destinos de exportação e a adaptação às tendências globais de consumo, como bem-estar animal, sustentabilidade e digitalização, serão essenciais para garantir a competitividade dos produtos brasileiros no cenário internacional cada vez mais complexo e exigente.

Referências

Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. AGRO INSIGHT – Volume 3: Origem Animal. 2025. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/relacoes-internacionais/adidos-agricolas/seja-um-exportador/agroinsight/AGROINSIGHTS03ANIMAL.pdf


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