O Papa Francisco recebendo Dr. Al-Issa no Vaticano.

Secretário-Geral da Liga Muçulmana Mundial encontra o Papa do Vaticano

O Secretário-Geral da Liga Muçulmana Mundial e Presidente do Conselho de Acadêmicos Muçulmanos, Sheikh Dr. Mohammed bin Abdulkarim Al-Issa, reuniu-se com o Papa Francisco, líder da Igreja Católica, para discutir uma série de temas de cooperação e interesse mútuo. O encontro ocorreu no escritório do Papa no Vaticano.

Título honorário concedido pela Universidade de Bolonha

Durante sua visita à Itália, a renomada Universidade de Bolonha, reconhecida por sua importância histórica e acadêmica, concedeu ao Sheikh Dr. Al-Issa o título de membro honorário de pós-doutorado em Direito. A cerimônia contou com a presença do reitor da universidade, do decano da Faculdade de Direito, de acadêmicos, líderes islâmicos italianos e representantes católicos. Essa honraria foi um reconhecimento pelos esforços do Dr. Al-Issa em promover os objetivos da Carta das Nações Unidas, incluindo a redução de tensões culturais e a construção de pontes entre comunidades humanas com base no entendimento das diferenças e na cooperação em áreas comuns. Essas iniciativas têm apoiado os esforços pela paz e amizade entre os povos por meio de múltiplas e eficazes ações.

O Sheikh destacou que “os fundamentos para a concessão do título de membro honorário de pós-doutorado em Direito por uma das universidades ocidentais mais antigas refletem os valores islâmicos que devemos esclarecer para todos”. Ele afirmou que isso faz parte da responsabilidade assumida pela Liga Muçulmana Mundial, pelo Conselho de Acadêmicos Muçulmanos e pela Liga das Universidades Islâmicas.

Lançamento do Prêmio na Universidade Católica de Milão

No contexto da visita, o Sheikh Al-Issa lançou o Prêmio de Estudos Islâmicos e Língua Árabe durante uma cerimônia na Universidade Católica em Milão, Itália. O evento contou com a presença de autoridades como o Primeiro-Ministro do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin (Secretário de Estado), a presidente da universidade (parceira no lançamento), além de membros do corpo docente, estudantes e líderes islâmicos italianos destacados.

Líderes islâmicos consideraram o prêmio um marco significativo há muito aguardado em uma plataforma global tão importante e influente nas comunidades cristãs. O prêmio abrange várias categorias nos campos dos estudos islâmicos e da língua árabe, com foco em esclarecer conceitos islâmicos em diversas questões científicas e promover o aprendizado da língua árabe, destacando suas características e beleza.

Dia da língua árabe

Dia Mundial da Língua Árabe: Celebrando sua História e Impacto

O Dia Mundial da Língua Árabe, celebrado em 18 de dezembro, é uma ocasião especial para homenagear um dos idiomas mais antigos, ricos e influentes do mundo. Instituído pela UNESCO em 2012, a data marca o reconhecimento do árabe como uma das línguas oficiais das Nações Unidas desde 1973. Com cerca de 360 milhões de falantes nativos e outros 130 milhões que a utilizam como segunda língua, o árabe é uma das línguas mais faladas no planeta. Neste artigo, exploraremos sua origem, evolução, impacto global e papel na cultura e identidade.

As Origens da Língua Árabe

A língua árabe tem raízes profundas na história da humanidade. Pertencente à família das línguas semíticas (como o hebraico e o aramaico), acredita-se que ela tenha surgido há milhares de anos na Península Arábica. De acordo com tradições religiosas e históricas, os árabes são descendentes de Ismael, filho do profeta Abraão. A língua árabe era falada muito antes de ser registrada por escrito, sendo transmitida oralmente entre as tribos nômades da região.

As primeiras evidências escritas do árabe datam do século IV d.C., em inscrições encontradas no deserto da Síria. No entanto, isso não significa que a língua tenha “surgido” nesse período; ela já existia como idioma falado muito antes disso. Essas inscrições apenas marcam o início do registro escrito do árabe.

A Evolução da Língua Árabe

A língua árabe passou por várias fases ao longo de sua história:

  • Árabe Antigo: Refere-se aos dialetos semíticos falados na Península Arábica antes do século VII d.C. Esses dialetos variavam entre as tribos e formaram a base do árabe clássico.
  • Árabe Clássico: Consolidou-se no século VII d.C. com a revelação do Alcorão ao profeta Muhammad (SAAS)*. Tornou-se a língua sagrada do Islã e foi amplamente usada na literatura, ciência e administração durante os séculos seguintes.
  • Árabe Moderno Padrão (AMP): Evoluiu a partir do árabe clássico para atender às necessidades contemporâneas. Incorporou neologismos e influências linguísticas externas (como inglês, francês e turco), mas manteve sua estrutura gramatical básica. É usado em contextos formais, como educação, mídia e documentos oficiais.
  • Árabe Coloquial e Dialetos Modernos: Além das formas formais citadas acima, existem os dialetos regionais modernos falados no cotidiano por comunidades em diferentes países árabes. Esses dialetos variam significativamente entre si — como o egípcio, marroquino ou sírio — e muitas vezes diferem bastante tanto do árabe clássico quanto do moderno padrão. O árabe coloquial é amplamente utilizado em conversas informais, música popular e produções culturais locais.

Essas categorias refletem a riqueza e diversidade da língua árabe, que continua a evoluir enquanto mantém sua base histórica sólida.

Países Falantes de Árabe: Uma Diversidade Cultural

A língua árabe é oficial em 26 países e é amplamente falada em muitos outros. Esses países podem ser divididos em três categorias:

1. Países de Origem Étnica Árabe

Os países de origem étnica árabe são aqueles localizados na região conhecida como Golfo Árabe (Khaleej). Esses países incluem Arábia SauditaIêmenOmãEmirados Árabes UnidosKuwaitCatar e Bahrein. Eles são considerados o berço da cultura árabe devido à sua localização histórica na Península Arábica.

Esses países têm populações majoritariamente descendentes das tribos beduínas que habitavam os desertos da região por milhares de anos. Os beduínos eram nômades que viviam em clãs organizados e mantinham uma forte tradição oral que ajudou a preservar o idioma árabe em sua forma mais pura. Por isso, os dialetos falados nesses países são considerados os mais próximos ao árabe clássico original. Eles preservam sons específicos (como ث /θ/ e ذ /ð/) que foram alterados ou perdidos em outros dialetos modernos.

2. Países Falantes de Árabe como Primeira Língua

Além dos sete países do Golfo mencionados acima, há outras nações onde o árabe é amplamente falado como primeira língua devido à sua adoção histórica após a expansão islâmica. Esses países incluem EgitoSíriaLíbanoJordâniaIraqueMarrocosArgélia e Tunísia.

Embora esses países façam parte da Liga Árabe e usem o árabe como idioma oficial, suas populações não são originalmente de etnia árabe. Antes da chegada dos muçulmanos no século VII d.C., essas regiões tinham suas próprias línguas nativas (como o copta no Egito ou o berbere no Norte da África). O processo de arabização ocorreu ao longo dos séculos com a disseminação cultural e religiosa promovida pelo Islã.

3. Países Não Árabes onde o Árabe é Comum

Em muitos países membros da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC), o árabe não é a primeira língua nem a população é etnicamente árabe, mas o idioma desempenha um papel importante devido à religião islâmica ou à educação religiosa. Exemplos notáveis incluem Turquia (onde comunidades próximas à fronteira com países árabes falam árabe), Irã (comunidades no sul falam árabe), Paquistão (onde o urdu é a língua nacional mas o árabe é ensinado nas escolas islâmicas), Indonésia (onde o indonésio é oficial mas o árabe é amplamente estudado por razões religiosas), Malásia (onde o malaio predomina mas o árabe é usado em contextos religiosos) e Nigéria (onde algumas comunidades muçulmanas utilizam o árabe como segunda língua).

A Influência Global do Árabe

O impacto global da língua árabe vai além dos países onde ela é falada. Como idioma sagrado do Islã, ela conecta mais de 1,9 bilhão de muçulmanos ao redor do mundo. Além disso, durante a Idade Média, o árabe foi uma língua internacional de ciência e filosofia. Termos científicos como “álgebra” (al-jabr) e “algoritmo” derivam diretamente do árabe.

A influência cultural também se reflete na caligrafia artística (khat), uma forma reverenciada de expressão visual que combina estética com espiritualidade.

Além disso, a influência da língua árabe se estendeu às línguas latinas durante os séculos em que os muçulmanos governaram a Península Ibérica (711–1492). O espanhol moderno contém milhares de palavras derivadas do árabe devido ao longo domínio islâmico na Andaluzia; exemplos incluem aceituna (azeitona), almohada (travesseiro) e algebra. O português também herdou palavras como algodãoalfazema e alface, enquanto no italiano encontramos termos como zucchero (açúcar) com raízes no vocabulário árabe. Essa influência linguística reflete a troca cultural intensa entre as civilizações islâmica e europeia durante esse período.

Por Que Celebrar o Dia Mundial da Língua Árabe?

Este dia nos lembra que o árabe não é apenas uma ferramenta de comunicação; ele carrega séculos de história cultural e religiosa. É um idioma que une povos diversos através de suas tradições literárias ricas e seu papel central no Islã.

Com previsão de atingir cerca de 647 milhões de falantes nativos até 2050, a língua continua sendo um pilar essencial da diversidade cultural global.

Conclusão

Neste Dia Mundial da Língua Árabe, celebramos não apenas um idioma antigo e resiliente, mas também uma herança cultural que conecta milhões de pessoas ao redor do mundo. Seja como língua materna ou sagrada, o árabe continua sendo um símbolo poderoso de identidade cultural e unidade global.

Que esta data inspire todos nós a valorizar sua beleza única e seu impacto duradouro na história humana!

*SAAS: Salla Allah Alaihi wa Sallam, A Paz e bençãos de Deus estejam com ele.

Emirados Árabes Unidos Criam Ministério da Família para Fortalecer Laços e Promover Bem-Estar Social

Emirados Árabes Unidos Criam Ministério da Família para Fortalecer Laços e Promover Bem-Estar Social

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) anunciaram uma ampla reestruturação governamental que inclui a criação do Ministério da Família e a transformação do antigo Ministério do Desenvolvimento Comunitário no Ministério do Empoderamento Comunitário. A iniciativa, liderada por Sua Alteza Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, Vice-Presidente e Primeiro-Ministro dos EAU, sob as diretrizes do Presidente Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, reflete o compromisso nacional em fortalecer as famílias como base para o progresso social e econômico.

A Importância da Família como Pilar Nacional

Durante o anúncio, Sheikh Mohammed destacou que “a família é uma prioridade nacional, o alicerce do progresso e o futuro da nação”. Ele enfatizou que a criação do Ministério da Família é uma resposta direta à necessidade de programas abrangentes que promovam a formação familiar, aumentem as taxas de fertilidade e fortaleçam os laços familiares. Segundo ele, “as famílias formam o núcleo sólido da nossa sociedade, e sua força garante a coesão das comunidades”.

O novo ministério será liderado por Sua Excelência Sana bint Mohammad Suhail, uma especialista em desenvolvimento infantil e bem-estar familiar com vasta experiência em cargos governamentais. Sua nomeação reflete a prioridade dada à implementação de políticas eficazes para abordar os desafios enfrentados pelas famílias nos EAU.

Sheikh Mohamed Bin Zayed e Sheikh Mohammed Bin Rashid com Sana Bint Suhail durante sua cerimônia de posse no Qasr Al Watan na última quarta-feira dia 11 de dezembro.
Sheikh Mohamed Bin Zayed e Sheikh Mohammed Bin Rashid com Sana Bint Suhail durante sua cerimônia de posse no Qasr Al Watan na última quarta-feira dia 11 de dezembro.

Funções e Objetivos do Ministério da Família

O Ministério da Família terá um papel central na formulação de políticas públicas voltadas para o fortalecimento das famílias emiradenses. Entre suas principais responsabilidades estão:

  • Promoção da Coesão Familiar: Desenvolvimento de programas que incentivem valores positivos e fortaleçam os laços familiares.
  • Apoio ao Casamento: Implementação de iniciativas para preparar casais, oferecer subsídios matrimoniais e gerenciar serviços de apoio ao casamento.
  • Bem-Estar Infantil: Proposição de políticas para garantir os direitos sociais, psicológicos, educacionais e de saúde das crianças, com foco no desenvolvimento infantil.
  • Incentivo à Fertilidade: Criação de estratégias para aumentar as taxas de fertilidade entre famílias locais.
  • Proteção Contra Violência Doméstica: Implementação de medidas legislativas para proteger indivíduos e famílias contra abusos.
  • Apoio a Grupos Vulneráveis: Programas voltados para idosos, pessoas com deficiência (chamadas “Pessoas de Determinação”), órfãos e vítimas de abuso.

Além disso, o ministério será responsável por gerenciar programas de cuidado familiar para crianças em situação vulnerável e pela emissão de documentos oficiais para crianças nascidas sem filiação parental conhecida. Também será responsável por estabelecer padrões para licenciamento de instituições que oferecem serviços sociais.

Transformação do Ministério do Empoderamento Comunitário

Como parte da reestruturação, o antigo Ministério do Desenvolvimento Comunitário foi elevado ao status de Ministério do Empoderamento Comunitário, agora liderado por Sua Excelência Shamma bint Suhail Al Mazrui. Este ministério adotará um modelo integrado voltado para:

  • Promover a participação comunitária e o voluntariado.
  • Regular organizações sem fins lucrativos e alinhar suas contribuições às prioridades nacionais.
  • Oferecer suporte social a famílias de baixa renda, criando caminhos para sua independência financeira.
  • Gerenciar casas de culto para não-muçulmanos e promover coesão social.

O ministério também será responsável por implementar programas destinados a capacitar beneficiários de apoio social por meio de treinamento profissional e oportunidades de emprego. Essa abordagem visa transformar beneficiários em membros autossuficientes da sociedade.

Supervisão Estratégica Integrada

Ambos os ministérios estarão sob supervisão do recém-criado Conselho de Educação, Desenvolvimento Humano e Desenvolvimento Comunitário, liderado por Abdullah bin Zayed Al Nahyan e Mariam bint Mohamed bin Zayed. Este conselho garantirá que as iniciativas familiares estejam alinhadas às estratégias nacionais de desenvolvimento humano e educação.

Sheikh Mohammed destacou que “a jornada humana nos EAU é integrada desde o nascimento até a conclusão da educação, passando pelas trajetórias profissionais, crescimento das famílias e contribuição à comunidade”. Essa visão holística reflete o compromisso dos EAU com um modelo sustentável de progresso social.

Impacto Esperado

A criação do Ministério da Família representa um marco nos esforços dos EAU para fortalecer sua estrutura social. Ao abordar questões como estabilidade conjugal, proteção infantil e apoio a grupos vulneráveis, o governo busca construir uma sociedade mais resiliente e coesa. O novo ministério também desempenhará um papel crucial na promoção do bem-estar geral das famílias emiradenses, contribuindo diretamente para o desenvolvimento sustentável do país.

Com essas mudanças estratégicas, os Emirados Árabes Unidos reafirmam seu compromisso com a construção de uma sociedade inclusiva onde cada indivíduo tenha oportunidades iguais para prosperar. Sheikh Mohammed concluiu destacando que “essas reformas são apenas o começo”, sinalizando um futuro promissor para as famílias nos EAU.

Avanços Globais na Indústria Halal: Destaques de Novembro de 2024

Avanços Globais na Indústria Halal: Destaques de Novembro de 2024

O mês de novembro trouxe importantes avanços na indústria halal global, com destaque para mudanças em políticas, lançamentos de produtos, investimentos estratégicos e melhorias regulatórias. Confira os detalhes aprofundados sobre cada notícia:

Notícias Corporativas

Índia: Air India interrompe refeições halal-certificadas

A Air India anunciou que, a partir de 17 de novembro, não oferecerá mais refeições não vegetarianas certificadas como halal em seus voos regulares. A decisão faz parte de um esforço para simplificar as operações de serviço de bordo após a fusão com a Vistara, outra companhia aérea do grupo Tata. No entanto, passageiros que solicitarem refeições halal ainda poderão optar pelo “Muslim Meal” (MOML), disponível mediante pré-reserva.

Essa mudança reflete o compromisso da companhia em respeitar a diversidade religiosa, oferecendo opções como refeições vegetarianas, veganas, kosher e específicas para diabéticos. Para voos com destino à Arábia Saudita e durante o Hajj, todas as refeições continuarão sendo halal-certificadas. A medida também busca equilibrar as preferências alimentares dos passageiros não muçulmanos, que antes recebiam automaticamente carne halal sem escolha explícita.

Arábia Saudita/Japão: Kobe beef halal chega ao mercado saudita

O renomado Kobe beef certificado como halal foi introduzido na Arábia Saudita em um evento exclusivo realizado na residência do embaixador japonês Morino Yasunari. Organizado pela Fam Foods, distribuidora exclusiva no Reino, e pela Kobe Beef Association, o evento celebrou a crescente conexão cultural e culinária entre os dois países.

A noite contou com demonstrações de teppanyaki e cortes precisos realizados pelo “Kimono Butcher”, simbolizando a excelência da gastronomia japonesa. A princesa Muneera Al Rasheed destacou o lançamento como um marco na parceria entre Japão e Arábia Saudita. Além disso, foi anunciado o lançamento do restaurante Hocho em Via Riyadh, que oferecerá experiências premium baseadas na tradição japonesa.

Indonésia: Lançamento da plataforma digital HalalWave

Na Indonésia, o Instituto Teknologi Sepuluh Nopember lançou o HalalWave, uma plataforma digital inovadora que facilita a localização de opções alimentares halal no país. Desenvolvido inicialmente como um projeto acadêmico, o HalalWave visa modernizar o sistema existente da Agência de Garantia de Produtos Halal da Indonésia.

A plataforma é vista como um passo importante para fortalecer a economia shariah local e promover o turismo halal no país. Com uma interface amigável e acessível, ela busca atender tanto residentes quanto turistas interessados em opções alimentares certificadas.

Malásia: Simpósio eleva padrões farmacêuticos halal

A Duopharma Biotech Berhad organizou o Halal Pharmaceutical Symposium 2024 em parceria com a Universiti Kebangsaan Malaysia. O evento reuniu 300 delegados para discutir inovações no setor farmacêutico halal sob o tema “Bridging Halal to Health”.

Desde 2019, a Duopharma colabora com a universidade para promover pesquisas e desenvolvimento no setor farmacêutico halal. A empresa foi pioneira na certificação halal para medicamentos oncológicos e suplementos alimentares na Malásia. Durante o simpósio, foram apresentados estudos sobre sustentabilidade no setor e estratégias para expandir sua presença global.

Investimentos Estratégicos

Arábia Saudita: BRF e HPDC impulsionam o setor avícola halal

A BRF S.A., em parceria com a Halal Products Development Company (HPDC), anunciou um investimento estratégico na Addoha Poultry Company na Arábia Saudita. A operação inclui a aquisição de 26% da empresa por US$ 84 milhões e visa dobrar a capacidade produtiva até 2030.

Esse investimento é parte do plano Vision 2030 da Arábia Saudita para se tornar líder global no mercado halal. A BRF destacou que essa parceria fortalecerá sua posição no setor de proteínas animais no Oriente Médio e contribuirá para a segurança de alimentos do Reino.

Desenvolvimentos Comerciais

Filipinas/Arábia Saudita: Missão comercial fortalece laços no setor halal

Uma delegação filipina visitou Riade e Jidá entre 27 de outubro e 5 de novembro para explorar oportunidades comerciais no setor halal saudita. Organizada pelo Departamento de Comércio e Indústria das Filipinas, a missão buscou promover produtos filipinos certificados como halal e fortalecer as relações econômicas bilaterais.

Com planos ambiciosos de dobrar seus produtos certificados até 2028, as Filipinas esperam gerar US$ 4 bilhões em investimentos e criar mais de 120 mil empregos no setor.

Aprimoramentos Operacionais

Malásia: Jakim acelera certificação halal

O Departamento de Desenvolvimento Islâmico da Malásia (Jakim) reduziu o tempo necessário para aprovar certificações halal para apenas 30 dias. Em 2023, isso resultou em uma receita recorde de mais de RM12 milhões provenientes das taxas de certificação.

Além disso, Jakim está desenvolvendo o sistema MYeHALAL 2.0 para acelerar ainda mais os processos por meio da tecnologia. Os recursos arrecadados são reinvestidos em programas educacionais e suporte técnico para empresas locais que buscam certificação.

Regulamentações

Marrocos: Regras mais rígidas para importação de carnes vermelhas

O Marrocos implementou controles rigorosos sobre carnes vermelhas importadas por meio do Escritório Nacional de Segurança Alimentar (ONSSA). As novas diretrizes exigem avaliações sanitárias dos países exportadores e garantias de conformidade com normas sanitárias.

Além disso, os embarques devem incluir certificados religiosos reconhecidos e passar por testes laboratoriais detalhados para verificar contaminações. Essa medida visa garantir aos consumidores marroquinos carne segura e devidamente certificada como halal. Esses avanços refletem o dinamismo da indústria halal global e seu impacto crescente em setores como alimentos, saúde e comércio internacional. A expansão contínua demonstra seu papel estratégico na economia global.

Resíduos Sólidos no Brasil

Gestão de Resíduos no Brasil: Desafios, Impactos e Caminhos para a Sustentabilidade

O Panorama da Gestão de Resíduos no Brasil: Um Desafio Ambiental e Social

A gestão de resíduos sólidos no Brasil é um tema que vem ganhando cada vez mais relevância diante do aumento da geração de lixo e dos impactos ambientais associados ao descarte inadequado. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) revelam que, em 2023, o país produziu impressionantes 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos, o que equivale a uma média de 382 quilos descartados por habitante ao longo do ano. Esse número representa um aumento em relação ao ano anterior, evidenciando uma tendência preocupante. A Região Sudeste lidera como a maior geradora de resíduos, tanto em volume total quanto em produção per capita, enquanto a Região Sul apresenta os menores índices.

Apesar do aumento na geração de resíduos, a reciclagem ainda desempenha um papel tímido na destinação final no Brasil. Apenas 8% do total produzido foi reciclado em 2023, e grande parte desse volume chegou à reciclagem graças ao trabalho de catadores informais. De fato, apenas um terço dos materiais reciclados passou pelos serviços oficiais de coleta seletiva. Além disso, cerca de 41,5% dos resíduos sólidos urbanos tiveram destinação inadequada, com 35,5% sendo descartados em lixões. Este cenário é alarmante e reflete não apenas falhas estruturais na gestão pública, mas também a ausência de uma cultura consolidada de sustentabilidade entre a população e as empresas.

Impactos Ambientais e Sociais da Má Gestão dos Resíduos

As consequências da gestão inadequada de resíduos sólidos são amplas e afetam diretamente o meio ambiente, a saúde pública e a economia. A contaminação do solo e das águas subterrâneas é um dos principais problemas decorrentes do descarte irregular. O chorume gerado pela decomposição dos resíduos orgânicos infiltra-se no solo e atinge os lençóis freáticos, carregando substâncias tóxicas como metais pesados. Essa poluição compromete a qualidade da água utilizada para consumo humano e atividades agrícolas.

Outro impacto significativo é a emissão de gases de efeito estufa (GEE). A decomposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários ou lixões libera metano (CH₄), um gás com potencial de aquecimento global muito superior ao dióxido de carbono (CO₂). Além disso, a queima inadequada de resíduos em lixões a céu aberto gera poluentes atmosféricos tóxicos que afetam diretamente a qualidade do ar e contribuem para problemas respiratórios na população.

No âmbito social, o descarte inadequado também está ligado à proliferação de vetores como mosquitos, ratos e moscas, que transmitem doenças como dengue, leptospirose e febre tifoide. Além disso, os lixões frequentemente se tornam locais de trabalho informal para populações vulneráveis, expondo essas pessoas a condições insalubres e perigosas. A falta de infraestrutura adequada para o manejo dos resíduos também contribui para alagamentos urbanos causados pelo entupimento das redes pluviais com lixo descartado irregularmente.

Soluções Necessárias para Melhorar a Gestão

Diante desse panorama preocupante, é essencial que o Brasil adote medidas estruturantes para melhorar sua gestão de resíduos sólidos. Uma das prioridades deve ser a erradicação dos lixões, substituindo-os por aterros sanitários que atendam às normas ambientais e garantam o tratamento adequado do chorume e dos gases emitidos. Essa meta está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), mas seu cumprimento tem enfrentado atrasos significativos devido à falta de investimentos e vontade política.

A ampliação da coleta seletiva é outra medida fundamental. Atualmente, grande parte dos municípios brasileiros não possui infraestrutura suficiente para separar os resíduos recicláveis dos orgânicos e rejeitos. Investir em campanhas educativas para conscientizar a população sobre a importância da separação correta do lixo é essencial para aumentar as taxas de reciclagem. Além disso, o fortalecimento das cooperativas de catadores pode integrar esses trabalhadores ao sistema formal, garantindo melhores condições laborais e aumentando a eficiência da reciclagem.

A promoção da economia circular também deve ser uma prioridade. Esse modelo busca reduzir o desperdício ao máximo por meio da reutilização e reciclagem dos materiais descartados. Para isso, é necessário fomentar parcerias público-privadas (PPPs) que atraiam investimentos em tecnologias modernas para tratamento de resíduos, como compostagem industrial, biodigestão anaeróbica e recuperação energética.

Sustentabilidade como Pilar Central

A adoção dessas medidas está intrinsecamente ligada ao conceito mais amplo de sustentabilidade. A gestão eficiente dos resíduos sólidos não apenas reduz os impactos ambientais negativos como também gera benefícios econômicos e sociais significativos. Por exemplo, o fortalecimento da reciclagem pode criar milhares de empregos verdes em setores como coleta seletiva, triagem e processamento industrial dos materiais recicláveis. Esses empregos não apenas promovem inclusão social ao formalizar trabalhadores informais como também impulsionam economias locais por meio do desenvolvimento de novas cadeias produtivas.

Além disso, uma gestão sustentável reduz os custos públicos associados ao transporte e disposição inadequada dos resíduos em lixões ou aterros superlotados. Os recursos economizados podem ser reinvestidos em outras áreas prioritárias, como educação ambiental ou saneamento básico. No longo prazo, práticas sustentáveis ajudam a mitigar os impactos das mudanças climáticas ao reduzir emissões de gases poluentes provenientes do manejo inadequado dos resíduos.

A Conexão entre Sustentabilidade e Halal

Nesse contexto amplo sobre sustentabilidade surge uma importante conexão com os princípios halal – um conceito que vai além das práticas alimentares permitidas pelo Islamismo para abranger valores éticos, sociais e ambientais. O termo halal significa “permitido” ou “puro”, mas carrega consigo uma filosofia que promove o equilíbrio entre as necessidades humanas e o respeito à criação divina.

Os princípios halal estão alinhados com práticas sustentáveis porque enfatizam o uso responsável dos recursos naturais, o bem-estar animal e a justiça social nas cadeias produtivas. Além disso, empresas que seguem padrões halal frequentemente adotam práticas sustentáveis alinhadas aos pilares ESG (ambiental, social e governança), promovendo transparência nas negociações comerciais e garantindo condições dignas aos trabalhadores.

Sustentabilidade como Dever Espiritual

No Islamismo – assim como em muitas outras tradições religiosas – cuidar do meio ambiente é considerado um dever espiritual. Os seres humanos são vistos como khalifa (guardadores ou administradores) da terra, responsáveis por preservar os recursos naturais para as gerações futuras. Essa visão espiritual promove uma abordagem holística onde sustentabilidade não é apenas uma obrigação ética ou econômica; é também uma expressão da fé.

Essa conexão entre sustentabilidade e halal oferece um modelo poderoso para enfrentar desafios globais como mudanças climáticas, desigualdade social e degradação ambiental. Ao alinhar espiritualidade com práticas sustentáveis – seja na gestão eficiente dos resíduos sólidos ou nas cadeias produtivas – podemos construir um futuro mais justo, equilibrado e harmonioso tanto para as pessoas quanto para o planeta.

Em suma, o panorama atual da gestão de resíduos no Brasil evidencia uma crise ambiental urgente que exige respostas rápidas e coordenadas. No entanto, essa crise também oferece uma oportunidade única para repensarmos nossas práticas econômicas e sociais à luz da sustentabilidade – um princípio que transcende fronteiras culturais ou religiosas para se tornar um valor universal indispensável no século XXI.


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Acordo Mercosul-União Europeia - Foto: Eitan Abramovich/AFP

Brasil e o Mercado Halal: Impactos do Acordo Mercosul-UE

Após 25 anos de negociações, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia marca uma nova era para o comércio internacional. Este tratado promete integrar mercados, fortalecer relações econômicas e abrir novas oportunidades para setores estratégicos como o agronegócio, especialmente o mercado halal. Contudo, a implementação exigirá adaptações significativas para atender a novas regulamentações ambientais europeias.

Um dos Maiores Blocos Comerciais do Mundo

O acordo cria uma área de livre comércio abrangendo aproximadamente 780 milhões de pessoas. Ele eliminará tarifas sobre 92% das exportações do Mercosul para a UE e 95% no sentido inverso. Produtos industriais brasileiros ganharão competitividade no mercado europeu, enquanto bens agrícolas, incluindo carnes, frutas e café, se beneficiarão de acesso preferencial a um mercado de alto poder aquisitivo.

Para o Brasil, o impacto econômico é promissor. Estima-se um crescimento adicional de 0,46% no PIB até 2040 e um aumento de US$ 11,6 bilhões nas exportações agrícolas. A redução de tarifas representa uma economia significativa para os exportadores, promovendo competitividade global e atraindo investimentos estrangeiros.

Mercado Halal: Uma Oportunidade Estratégica

O mercado de alimentos halal europeu, estimado em US$ 20 bilhões até 2029, é uma oportunidade ímpar para o Brasil, o maior exportador mundial de carne halal. A crescente população muçulmana da Europa, liderada por países como França e Alemanha, alimenta a demanda por produtos certificados.

Além disso, as restrições ao abate halal em diversos países europeus, como Bélgica e Suécia, geraram uma lacuna no mercado que o Brasil está bem posicionado para preencher. Sistemas robustos de certificação e uma estrutura consolidada para atender aos padrões religiosos islâmicos tornam o país um fornecedor confiável e competitivo para o mercado europeu.

Desafios das Novas Regulamentações Ambientais

A partir de dezembro de 2024, o Regulamento Europeu de Desmatamento (EUDR) entrará em vigor, exigindo que produtos importados para a UE sejam livres de desmatamento desde 2020. As exportações brasileiras, especialmente do agronegócio, enfrentarão maior escrutínio quanto à rastreabilidade e sustentabilidade. Produtos como carne bovina, soja, café e cacau serão especialmente impactados.

Empresas brasileiras precisarão implementar sistemas avançados de georreferenciamento e due diligence para garantir a conformidade. A não adaptação poderá resultar em barreiras comerciais severas, incluindo multas de até 4% do faturamento anual e suspensão de exportações.

Adaptação como Diferencial Competitivo

O setor produtivo brasileiro tem 18 meses para se adequar a essas exigências ambientais. Empresas que se anteciparem a essas mudanças, investindo em tecnologia e transparência, estarão melhor posicionadas para competir no mercado europeu e global. Isso inclui a modernização de práticas de rastreamento e a adesão a certificações reconhecidas internacionalmente.

No mercado halal, o Brasil tem uma vantagem competitiva única, podendo atender à demanda de consumidores muçulmanos por carne processada de acordo com métodos tradicionais. Esta é uma oportunidade para fortalecer a reputação do país como líder sustentável e ético em mercados emergentes.

Conclusão

O acordo Mercosul-União Europeia é um marco para o comércio global, trazendo oportunidades significativas para o Brasil, especialmente nos mercados de alimentos e proteínas animais. Contudo, o sucesso dependerá da capacidade de adaptação às rigorosas regulamentações ambientais europeias e da estratégia para explorar novos nichos, como o halal.

O momento exige planejamento, investimento e inovação para transformar desafios em alavancas de crescimento, consolidando o Brasil como um parceiro estratégico para a União Europeia e uma referência no mercado global.


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A Economia Islâmica: Princípios, Práticas e Impacto no Mundo dos Negócios

A Economia Islâmica: Princípios, Práticas e Impacto no Mundo dos Negócios

A economia islâmica, conhecida em árabe como al-iqtisad al-islami, representa um sistema econômico fundamentado nos princípios e diretrizes estabelecidos pelo Islam. Este modelo econômico vai além das transações financeiras convencionais, incorporando um conjunto de normas e valores morais que regem o comportamento econômico individual e coletivo dos muçulmanos. A economia islâmica busca criar um equilíbrio entre as necessidades materiais e espirituais, promovendo justiça social e bem-estar comunitário.

Fundamentos Teológicos e Éticos

Os alicerces da economia islâmica estão enraizados nas sagradas escrituras do Islam: o Alcorão e a Sunnah (tradição profética). Estas fontes primárias fornecem orientações abrangentes sobre condutas éticas em transações comerciais, distribuição de riqueza e responsabilidade social. O conceito de tawhid (unicidade de Deus) é central, enfatizando que todas as atividades econômicas devem estar alinhadas com a vontade divina. Por exemplo, o Alcorão condena práticas exploratórias como o riba (2:275) e enfatiza contratos justos e transparentes (4:29).

A economia islâmica é regida por princípios éticos rigorosos, incluindo: justiça e equidade nas transações; proibição de práticas exploratórias; responsabilidade social e filantropia; transparência e honestidade nos negócios; moderação no consumo e na acumulação de riqueza.

A Dinâmica da Riqueza e Circulação de Capital no Islam

A questão do acúmulo de riqueza no Islam apresenta uma perspectiva única e equilibrada. Diferentemente do que alguns podem pensar, o Islam não proíbe a geração de riqueza ou a posse de bens materiais. Na verdade, o sucesso financeiro é considerado uma bênção divina, desde que seja obtido por meios lícitos (halal) e gerenciado de forma responsável e ética.

O princípio fundamental reside na circulação dinâmica do capital na sociedade. O Islam desencoraja fortemente a estagnação de recursos financeiros, considerando que o dinheiro parado não cumpre sua função social e econômica. Em vez de manter grandes somas em contas bancárias rendendo juros — prática proibida no Islam por ser considerada usura (riba) —, os recursos devem ser direcionados para investimentos produtivos que beneficiem a comunidade como um todo.

Existem diversas formas recomendadas para a utilização produtiva do capital, como o investimento em negócios que gerem empregos, a construção de imóveis para locação, ou o estabelecimento de parcerias comerciais baseadas no sistema de compartilhamento de lucros e perdas. Estas atividades não apenas geram retorno financeiro para o investidor, mas também contribuem para o desenvolvimento econômico da sociedade, criando oportunidades de trabalho e fomentando o crescimento sustentável.

Quando, por algum motivo, o capital permanece acumulado sem uso produtivo, o sistema islâmico estabelece o zakat como mecanismo de redistribuição. Esta contribuição anual de 2,5% sobre a riqueza acumulada assegura que mesmo os recursos não investidos ativamente contribuam para o bem-estar social, auxiliando aqueles em necessidade e promovendo uma distribuição mais equitativa dos recursos na sociedade.

Esta abordagem holística demonstra como o Islam equilibra o direito à propriedade privada e à prosperidade individual com a responsabilidade social e o bem-estar coletivo. O verdadeiro sucesso financeiro, portanto, não é medido apenas pela quantidade de riqueza acumulada, mas pela forma como essa riqueza é utilizada para beneficiar tanto seu proprietário quanto a sociedade em geral.

Comparação do Zakat Islâmico com o Dízimo Tradicional

A comparação entre o zakat islâmico e outros sistemas de dízimo revela diferenças fundamentais em sua estrutura, aplicação e propósito. O zakat, como pilar fundamental do Islam, representa um sistema obrigatório e meticulosamente estruturado de contribuição financeira, onde os muçulmanos devem doar 2,5% de sua riqueza excedente anual, desde que esta ultrapasse um limite mínimo estabelecido (nisab).

Em contraste, o dízimo tradicional, praticado principalmente nas religiões cristãs, geralmente segue a regra do décimo (10%) da renda, sem considerar um limite mínimo de riqueza. Sua natureza é predominantemente voluntária, embora algumas denominações religiosas o considerem uma obrigação moral.

A destinação dos recursos também apresenta distinções significativas. O zakat possui uma estrutura rigorosa de distribuição, direcionando os recursos especificamente para oito categorias de beneficiários estabelecidas no Islam: os pobres (Al-Fuqara), os necessitados (Al-Masakin), os coletores de zakat (Al-Amilin), aqueles cujos corações precisam ser reconciliados (Al-Mu’allaf), a libertação de escravos (Al-Riqab), os endividados (Al-Gharimin), aqueles que lutam na causa de Deus (Fi Sabilillah), e os viajantes necessitados (Ibn Al-Sabil). O dízimo, por sua vez, concentra-se principalmente na manutenção das instituições religiosas, sustento do clero e financiamento de obras sociais da igreja.

No aspecto espiritual, enquanto ambos os sistemas são considerados atos de devoção, o zakat é visto como um meio de purificação tanto da riqueza quanto da alma do doador, sendo intrinsecamente ligado à salvação no Islam. O dízimo, embora também seja uma expressão de fé e gratidão a Deus, não possui essa conexão direta com a salvação na maioria das tradições cristãs.

Impacto no Mundo dos Negócios

A economia islâmica promove uma abordagem ética aos negócios que vai além da mera conformidade legal. Empresas operando sob princípios islâmicos são incentivadas a considerar o impacto social e ambiental de suas atividades, além dos resultados financeiros. Isso inclui práticas como: tratamento justo de funcionários e parceiros de negócios; engajamento em atividades comerciais socialmente benéficas; evitar indústrias consideradas prejudiciais ou antiéticas (como álcool, jogos de azar, etc.); promoção de práticas sustentáveis e ambientalmente responsáveis.

Nas últimas décadas, o setor financeiro islâmico tem experimentado um crescimento significativo, expandindo-se para além das fronteiras dos países predominantemente muçulmanos. Instituições financeiras islâmicas agora operam em diversos países ocidentais, oferecendo produtos e serviços compatíveis com a Sharia para uma clientela global crescente.

Apesar de seu crescimento, a economia islâmica enfrenta desafios, incluindo harmonização de padrões entre diferentes jurisdições, integração com o sistema financeiro global e desenvolvimento de novos produtos que atendam às necessidades modernas mantendo a conformidade com a Sharia. No entanto, estes desafios também apresentam oportunidades para inovação e crescimento contínuo no setor.

Conclusão

A economia islâmica oferece uma perspectiva única sobre finanças e negócios, integrando princípios éticos e religiosos com práticas econômicas modernas. Ao enfatizar a justiça social, a responsabilidade ética e o bem-estar comunitário, este sistema econômico apresenta um modelo alternativo que pode contribuir para discussões globais sobre sustentabilidade econômica e equidade social. À medida que o mundo busca soluções para desafios econômicos e sociais complexos, os princípios da economia islâmica podem oferecer insights valiosos para a criação de sistemas financeiros mais éticos e inclusivos.

Arábia Saudita Assume Vice-Presidência do Codex Alimentarius

Arábia Saudita Assume Vice-Presidência do Codex Alimentarius

Em um marco significativo para a indústria alimentar global, a Arábia Saudita conquistou a vice-presidência da Comissão do Codex Alimentarius, reforçando seu papel na definição de normas internacionais de segurança alimentar. A eleição ocorreu durante a 47ª sessão anual da Comissão, realizada em Genebra, Suíça, na quarta-feira, 28 de novembro de 2024.

Khalid Al-Zahrani, representante saudita e atual presidente do Codex para a região do Oriente Próximo, foi eleito para o cargo de vice-presidente. Sua nomeação destaca o crescente reconhecimento internacional da Arábia Saudita no cenário da segurança alimentar global.

“Esta eleição reflete o compromisso contínuo da Arábia Saudita com a promoção de práticas alimentares seguras e sustentáveis em todo o mundo”, declarou Al-Zahrani após o anúncio. “Estamos ansiosos para colaborar com parceiros internacionais para fortalecer as normas alimentares globais.”

A ascensão de Al-Zahrani à vice-presidência do Codex Alimentarius está alinhada com os objetivos da Visão 2030 da Arábia Saudita, que busca aumentar a liderança do país em diversos setores, incluindo a segurança alimentar. Essa conquista também ressalta o papel da Autoridade Saudita de Alimentos e Medicamentos (SFDA) na promoção de normas rigorosas de segurança alimentar.

O Dr. Mohammed Al-Jawahiri, diretor da SFDA, comentou sobre o significado desta nomeação: “A eleição de Al-Zahrani não apenas demonstra a qualidade excepcional de nossos profissionais, mas também reforça nossa posição como líderes globais em segurança alimentar. Recentemente, a OMS reconheceu a Arábia Saudita como um dos primeiros cinco países do mundo a eliminar o uso de gorduras trans produzidas industrialmente em alimentos.”

O Codex Alimentarius, estabelecido pela FAO e OMS, é responsável por desenvolver normas alimentares internacionalmente reconhecidas. A participação da Arábia Saudita na liderança deste organismo promete trazer novas perspectivas e fortalecer a colaboração internacional no setor alimentício.

Para o setor Halal, esta nomeação representa uma oportunidade significativa. Espera-se que a influência da Arábia Saudita possa contribuir para uma maior harmonização das normas Halal em nível global, potencialmente facilitando o comércio internacional de produtos Halal e elevando os padrões de qualidade e segurança desses produtos.

A eleição de Al-Zahrani como vice-presidente do Codex Alimentarius marca um novo capítulo na história da segurança alimentar global, com potenciais impactos positivos para a indústria Halal e para consumidores em todo o mundo.

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Portaria SDA/MAPA nº 1181

Nova Portaria MAPA/SDA Moderniza Inspeção de Aves com Base Científica

Em setembro de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) introduziu a Portaria SDA/MAPA nº 1181, trazendo mudanças significativas para o sistema de inspeção sanitária de carne de aves no Brasil. A nova regulamentação altera o Anexo II da Portaria SDA nº 210/1998, que estabelece os padrões técnicos para a inspeção higiênico-sanitária e tecnológica da carne de aves, e reflete um avanço importante na modernização dos processos industriais e de controle sanitário, agora com foco em análise de risco.

A Nova Regra: Lavagem Precoce das Carcaças

A principal novidade da portaria é a exigência de que a lavagem das carcaças ocorra logo após a evisceração e antes da inspeção post-mortem, com o uso de um equipamento de aspersão. O objetivo é remover resíduos visíveis do trato gastrointestinal, especialmente aqueles que podem conter bactérias como Salmonella. Esse procedimento é um esforço para reduzir as chances de contaminação bacteriana que, se não controlada rapidamente, pode aderir à carcaça e representar um risco à saúde pública.

Estudos conduzidos pela Embrapa, publicados em 2024, fundamentaram essa mudança, demonstrando que a remoção precoce do conteúdo gastrointestinal das aves minimiza a adesão de bactérias patogênicas. Em especial, foi observado que a Salmonella, um dos principais agentes causadores de doenças transmitidas por alimentos, tem menor probabilidade de proliferar se a contaminação for removida logo após a evisceração.

Contexto Científico e Modernização

A nova portaria é resultado de mais de uma década de pesquisas e estudos realizados em colaboração com instituições científicas e acadêmicas, incluindo a Embrapa e universidades como a USP e a UFRGS. O objetivo é alinhar o Brasil com as práticas globais de inspeção baseadas em risco, conforme recomendado pelo Codex Alimentarius, que promove uma abordagem científica para a segurança alimentar. Essa norma internacional estabelece que as práticas de inspeção e higienização devem ser guiadas por dados de risco e evidências científicas, em vez de métodos tradicionais e generalistas.

O professor Humberto Cunha, especialista em Segurança de Alimentos e BPP – Boas Práticas de Produção, comentou em suas redes sociais que a portaria reflete uma modernização necessária. Segundo Cunha, ao antecipar a lavagem das carcaças para antes da inspeção post-mortem, o Brasil avança para um modelo de inspeção que está mais próximo dos padrões globais, com base científica e foco em prevenir contaminações de alto risco, como Salmonella e Campylobacter.

Debate no Setor e Repercussão

Apesar de ser um passo importante para a modernização da inspeção, a nova regra gerou questionamentos no setor. Profissionais da indústria de abate de aves levantaram dúvidas sobre a necessidade de uma lavagem adicional das carcaças, visto que sistemas de spray de alta pressão, conhecidos como HPS, já são usados em fases posteriores do processo de abate. Alguns sugeriram que o novo procedimento poderia ser redundante.

No entanto, especialistas como o professor Cunha ressaltam que o novo ponto de controle reforça a segurança alimentar. A lavagem adicional, em conjunto com outras etapas de higienização, garante uma proteção mais eficaz contra contaminações, somando-se aos outros sistemas de controle. “Essa é uma prática validada cientificamente que busca não apenas atender às demandas internas, mas também fortalecer a competitividade do Brasil no mercado internacional,” afirmou Cunha.

Relevância no Mercado Internacional

A adoção de normas sanitárias mais rígidas é crucial para manter o Brasil competitivo no mercado global de carne de aves. O país é o segundo maior produtor e o maior exportador de carne de frango do mundo, com uma produção de 14,5 milhões de toneladas em 2022, sendo que 4,8 milhões de toneladas foram destinadas ao mercado externo. Manter altos padrões de segurança alimentar é essencial para atender a exigências de países importadores, que cada vez mais buscam garantias sobre a qualidade e segurança dos alimentos que consomem.

O Papel da Embrapa e a Análise de Riscos

O documento da Embrapa sobre a modernização da inspeção sanitária em abatedouros de frango de corte reforça a importância de um sistema de inspeção baseado em risco. Os dados coletados ao longo dos anos mostraram que patógenos como Salmonella, Escherichia coli e Campylobacter representam ameaças contínuas à saúde pública, sendo responsáveis por surtos alimentares significativos. A nova abordagem visa concentrar os esforços da inspeção nos pontos mais críticos da cadeia produtiva, mitigando riscos e aumentando a eficiência do processo.

Conclusão

A Portaria SDA/MAPA nº 1181/2024 representa um avanço significativo na modernização da inspeção sanitária no Brasil. Baseada em uma análise rigorosa de risco e evidências científicas, a nova norma visa garantir a segurança alimentar tanto para os consumidores domésticos quanto para os mercados internacionais. Com a implementação dessa portaria, o Brasil dá mais um passo para consolidar sua posição como um dos maiores exportadores de carne de aves, assegurando a qualidade e segurança do seu produto perante as exigências globais.

Essa medida reflete não apenas uma evolução nas práticas de inspeção, mas também um compromisso contínuo com a inovação e a ciência, com o objetivo de proteger a saúde pública e fortalecer a economia nacional no setor de carnes.


Referências:

Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Dados de Produção e Exportação de Carne de Frango, 2023.

Embrapa, Modernização da inspeção sanitária em abatedouros de frango de corte – inspeção baseada em risco. Concórdia, SC, 2024.

Humberto Cunha (אומברטו) , Explicação sobre a Portaria MAPA/SDA nº 1181/2024, publicada nas redes sociais.

Codex Alimentarius, Código de Práticas Higiênicas para Carne (CAC/RCP 58-2005).

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